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04/08/2021 às 08h54min - Atualizada em 04/08/2021 às 08h54min

Com aumento de casos e leitos 100% lotados, Comitê pode implantar novas medidas restritivas em Uberlândia

Infectologista acredita que cidade esteja vivenciando terceira onda; membros do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 devem se reunir nesta quarta-feira (4)

LORENA BARBOSA
Leitos lotados preocupam membros do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 | Divulgação/PMU
O sinal de alerta já foi ativado. O boletim epidemiológico emitido nesta terça-feira (3), com os números da Covid-19 em Uberlândia, mostrou que os leitos destinados ao tratamento da doença estavam 100% ocupados. Outro problema que a cidade enfrenta é a falta de vacinas. Sem a perspectiva de chegada de um volume alto de imunizantes, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 se reúne nesta quarta-feira (4) e a expectativa é que medidas restritivas possam ser tomadas.
 
O infectologista, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e integrante do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, Marcelo Simão explicou que a volta à normalidade da cidade com a realização de festas, aglomerações e a circulação de um grande número de pessoas contribuíram com o aumento do contágio nos últimos dias. Outro motivo para a elevação do número de casos, mortes e internações pode estar relacionado à hipótese de que a tão temida variante Delta esteja presente na cidade, mas isso só pode ser confirmado após um estudo genético mais aprofundado.
 
“A gente sabe que a variante Delta é de cinco a oito vezes mais transmissível do que a cepa original, onde uma pessoa contaminada transmitia a duas, no máximo três pessoas em média. Mas ainda não temos comprovação dessa hipótese”, explicou o infectologista.
 
FALTA VACINA
Ainda no boletim divulgado nesta terça-feira (3), a cidade contabilizou mais 382 casos positivos da doença. 2.787 pessoas perderam a vida por complicações com a enfermidade. Para o infectologista, o aumento do contágio pode significar que Uberlândia esteja vivenciando uma terceira onda do coronavírus. Um dos fatores que contribui para essa nova onda, é a lentidão na chegada de novas doses de vacinas.
 
“Proporcionalmente Belo Horizonte e Juiz de Fora receberam muito mais vacinas por parte do Governo Estadual. É um déficit de cerca de 100 mil doses e quem é prejudicado é a população”, disse Simão.
 
Na última semana, a Prefeitura de Uberlândia solicitou ao Governo de Minas esclarecimentos sobre a quantidade de doses da vacina contra a Covid-19 destinadas a Uberlândia. O Município solicitou ao governador Romeu Zema e ao secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, explicações sobre as quantidades enviadas com base na comparação com as cidades de Juiz de Fora e Belo Horizonte.
 
Também na última semana, o prefeito Odelmo Leão Odelmo fez um comunicado falando sobre a elevação dos números referentes à doença na cidade, pedindo o apoio e colaboração da população com as medidas sanitárias.
 
“Uma coisa que muito me preocupa é que a incidência da contaminação da Covid está aumentando na nossa cidade. Saiu da média diária de 200 pessoas para 400 pessoas”, disse o prefeito.
 
Com a falta de apoio da sociedade em seguir as orientações e o distanciamento social, medidas mais drásticas serão discutidas pelo comitê de enfrentamento à doença. O infectologista Marcelo Simão acredita que caso a vacinação não ande, restrições podem voltar a acontecer.
 
“A única maneira de conseguirmos baixar esse aumento de casos, sem restringir as atividades da cidade, é acelerar o mais rápido possível a vacinação. Como não temos perspectivas de chegadas de um grande número de vacinas e a vacinação está lenta, eu acho que a providência a ser tomada é aumentar as medidas restritivas até que os números baixem."
 
RESPOSTAS
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) respondeu que, em relação aos critérios de distribuição de vacinas contra a Covid-19 em Minas Gerais, a definição dos grupos elencados para o atendimento atende o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde (MS).
 
A SES-MG informou ainda que o estado disponibiliza as doses das vacinas para os municípios conforme o quantitativo recebido pelo MS para o atendimento dos grupos prioritários elencados em cada remessa da vacina contra a doença
 
Ainda de acordo com a SES-MG, o percentual de atendimento é o mesmo para todos os municípios do estado. A Secretaria de Saúde de Minas Gerais destacou também que o referido percentual é aplicado para cada grupo prioritário elencado para o atendimento e não para a população total do município.
 
A SES-MG esclareceu ainda que em cada remessa de vacinas recebida por Minas Gerais o MS envia um Informe Técnico com a quantidade de imunizantes disponibilizados para o estado, as estimativas populacionais das cidades e o percentual do grupo prioritário que será atendido.
 
Paralelo a isso, a secretaria envia aos municípios os formulários para que adequem as estimativas de cada grupo prioritário na etapa de vacinação, com o objetivo de obter dados que se aproximem ao máximo possível da realidade de cada município.
 
Por fim, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou que, na manhã desta terça-feira (3), deu continuidade à entrega de 641.200 doses de vacinas contra a Covid-19 às Unidades Regionais de Saúde, inclusive a de Uberlândia, que por sua vez, farão a distribuição aos municípios. São 351 mil doses do imunizante da Pfizer e 290.200 doses da CoronaVac.

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