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23/06/2021 às 17h00min - Atualizada em 23/06/2021 às 17h00min

Micro e pequenas empresas recorrem a empréstimos para manter atividades

PUBLIEDITORIAL

A Pandemia de Covid-19 foi responsável pelo encerramento das atividades de 4 a cada empresas que fecharam as portas até julho de 2020.

Além disso, 70% das empresas consultadas em pesquisa feita até o período citado informaram que sentiram impacto negativo proveniente das medidas restritivas impostas na intenção de conter a epidemia, de acordo com dados da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo Milton Santos, responsável por uma fintech que oferece empréstimo e crédito para micro e pequenos empresários, para conseguir sobreviver a esse cenário, a concessão de linhas de crédito para pequenos empreendedores tem sido essencial, mas, até o momento, incapaz de atender todas as necessidades deste público.

A lacuna entre a oferta e demanda das micro e pequenas empresas ultrapassa R$ 200 bilhões, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas.

 “O capital de giro é a linha de crédito mais procurada nesse momento. Normalmente, é utilizada para pagar uma dívida mais cara, pagar os empregados, fornecedores, impostos e até mesmo a matéria-prima do seu produto”, revela.

Micro Empreendedores adiam pagamento de Impostos e Multas

Os empreendedores aproveitaram que órgãos públicos como o Detran São Paulo e diversas prefeituras concederam maiores prazos para pagamento de multas e outras dívidas, para se concentrar em organizar e manter a folha de pagamento e o pagamento aos fornecedores em dia.

Sobre isso, pesquisas apontam que 44,5% das empresas afirmaram ter adiado o pagamento de impostos, desde o início da pandemia, e que mais da metade destas, receberam apoio do próprio Governo, para adoção dessa medida.

Importa salientar que, grande parte dos empréstimos concedidos para micro e pequenos empresários foi oferecida pelos bancos em parceria com o Governo, e 67,7% dos empreendedores que declararam ter recebido uma transferência eletrônica de valores proveniente de linha de crédito alegaram que isso só foi possível através de algum programa governamental desenvolvido para apoiar o microempreendedor.

Pronampe se torna Bote Salva-Vidas para microempresas

A Pesquisa “O Impacto da pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios” realizada pelo Sebrae informou que, entre os empréstimos concedidos aos pequenos negócios no decorrer de 2020, 55% foram realizados através do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), lançado pelo Governo Federal para auxiliar os empreendedores a enfrentarem os impactos da crise e que injetou 7 bilhões em créditos na economia, a serem pagos em até 36 meses e divididos entre 112 mil empresas.

A linha de crédito oferece empréstimos para empresas que faturam até R$ 4,8 milhões anualmente e oferece juros abaixo dos praticados em linhas tradicionais de crédito, pois conta com garantia do Tesouro sobre 85% do valor emprestado.

O PEAC Maquininhas, programa do BNDES, também teve uma participação considerável, atendendo 76 mil empresas, com de R$ 2,2 bilhões em créditos.

Esforço para manutenção de empregos

Até julho de 2020, 60% dos micro e pequenos empresários que mantiveram suas atividades informaram que estavam realizando esforço considerável para manter seu quadro de funcionários.

A informação é confirmada por Flávio Magheli, coordenador de pesquisas estruturais e especiais em empresas. Segundo ele: "Não ocorreu alteração significativa no quadro de funcionários em relação ao início da pandemia, na construção, no comércio, na indústria e no atacado. Mesmo as pequenas empresas sinalizaram que mantiveram o quadro de funcionários, o que pode estar relacionado ao fato de terem colocado as pessoas em trabalho remoto ou terem obtido alguma linha de financiamento. O fato é que não houve uma queda acentuada na ocupação como num primeiro momento se esperaria".

Apesar disso, a dificuldade da obtenção de crédito é considerável e até junho de 2020, apenas 34% das empresas que tentaram obter um empréstimo haviam conseguido.


O percentual aumentou para 39% em abril de 2021, segundo matéria publicada no Diário do Comércio, um jornal online que também oferece conteúdos que auxiliam o empreendedor na sua busca por informações sobre como consultar Mei e como conseguir uma linha de crédito que atenda a necessidade do microempreendimento.

Microempreendedores encontram dificuldades na obtenção de crédito

O fato de que apenas 39% dos solicitantes conseguiram a aprovação de um empréstimo está, na maioria dos casos, relacionado a problemas cadastrais e dívidas já contraídas e não pagas anteriormente.

Pesquisa do Sebrae informou que, dentro dos 61% que não tiveram as solicitações aprovadas, 30,6% tiveram o crédito negado por irregularidades no CPF ou por negativação no Serasa.

Augusto Martinenco, analista senior do Sebrae-RS, sugere: “Se a empresa tem condição ruim, primeiro deve solucionar a situação para depois fazer a solicitação. É importante que tente resolver isso de forma rápida para [...] acessar estes recursos.”
A aplicação dos valores emprestados também deve seguir uma linha de prioridades, que inicia com a quitação de dívidas e segue com investimento em ações que potencializem vendas. "É importante acabar com os problemas de hoje, mas com um olhar para a retomada." – complementa Martinenco.

Anderson Faria, também analista do Sebrae, confirma o esforço que tem sido feito para auxiliar os empreendedores na obtenção do crédito: “Nós tentamos passar nossas orientações desde o atendimento presencial até uma consultoria mais especializada, para que as empresas avaliem, tenham o controle financeiro em dia, para apensar organizar a finança das empresas, [que às vezes] já é o suficiente [para obter a aprovação]”.

Participação dos bancos na concessão de crédito para micro e pequenas empresas

Entre os bancos que mais foram procurados pelos micro e pequenos empresários estão a Caixa Econômica (que, sozinha, recebeu 39% do número total de solicitações de empréstimos por parte de empreendedores), o Banco do Brasil (que concentrou 25% das solicitações) e o Itaú, sendo que os que mais concederam empréstimos através de linhas de crédito para empreendedores foram a Caixa, o Banpará e o Banco do Nordeste (dados calculados de forma proporcional ao número de solicitações).

Considerações finais

Para micro e pequenos empreendedores que não possuíam capital de giro para manter o funcionamento de suas empresas com a redução considerável do número de vendas, atendimento e prestação de serviços causada pelas limitações impostas pela pandemia de Covid-19, a possibilidade de obter crédito a baixo custo tem sido uma das poucas modalidades de apoio capazes de gerar efeito de sobrevivência das suas atividades.

Manter empregos e continuar pagando alugueis sem que possam exercer suas atividades por período integral, e ainda quando podem, ter que fazer isso mediante ameaça de contágio da população que se expõe às ruas, tem sido uma dificuldade que não estava prevista em nenhum “business plan”.

Com o início da vacinação e a abertura gradual do comércio, acreditasse que a economia deve iniciar uma retomada gradual, e que os negócios que solicitaram empréstimos consigam manter suas obrigações de pagamento em dia, o que possibilitará que novas rodadas de crédito sejam fornecidas caso haja uma terceira onda, prevista por alguns especialistas.

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Essa publicação é de responsabilidade do autor e não representa necessariamente a opinião do Diário de Uberlândia

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