03/06/2021 às 10h00min - Atualizada em 03/06/2021 às 10h00min
Mercado de orgânicos e agroecológicos ganha espaço em Uberlândia
Produtores acreditam que preocupação das pessoas com a saúde é o principal motivo para consumir produtos mais naturais
NILSON BRAZ
Biólogo inspirou nos próprios hábitos de consumo para produzir alimentos mais saudáveis | Reprodução/Instagram Tem sido cada vez mais comum ouvir as palavras ‘agroecológico’ ou ‘orgânico’. Isso porque um movimento de pessoas que defendem o cultivo e o consumo desse tipo de alimento tem crescido nos últimos anos. A valorização da origem segura do alimento, a produção sem agrotóxico, sem “veneno”, o cultivo feito por famílias e por moradores locais são os principais fatores dessa procura.
De acordo com a agrônoma e empresária de Uberlândia, Michele Galvão Machado, as pessoas estão preocupadas com a própria saúde e dos mais próximos. Por esse motivo, elas têm procurado maneiras de garantir que estão consumindo algo de qualidade. “Além de não ter veneno, é um produto diferente.Tem uma duração muito maior na geladeira, mais nutritivos, é perceptível. E a pandemia também trouxe uma preocupação maior quando se trata de imunidade, alimentos de alto valor biológico”, explicou.
Michele tem a própria produção e comercializa produtos agroecológicos. Ela começou a plantar e a vender de maneira informal, para os vizinhos e conhecidos, e acabou tornando a atividade em um negócio. Ela acredita que é um mercado que tem procura, mas não tem tanta oferta.
“Como as pessoas começaram a me procurar, percebi que estava desocupado, que estava tendo muita procura. A produção desse tipo de produto é um caminho sem volta, é um setor que cresceu 30% em todo Brasil no ano passado. O aumento na procura tem muita relação com a onda vegana, do ‘slowfood’, da preocupação com a origem, por onde o alimento passou”, disse a agrônoma.
O biólogo Rafael Martins Franco também trabalha neste tipo de produção. Ele conta que se inspirou nos próprios hábitos de consumir e produzir alimentos mais saudáveis e, com alguns parceiros, vende os produtos produzidos de forma mais natural e saudável.
“Eu sempre fui adepto a uma alimentação mais saudável, evitar coisas que sabemos que tem veneno. Ao longo do tempo, com a informação, a gente foi descobrindo os tipos de veneno, o quanto faz mal pra nossa saúde. Quando voltei para Uberlândia, retornando de um projeto fora, eu já vim com o objetivo de trabalhar com orgânico e agroecológico”, disse Rafael.
Ele conta que a procura pelos produtos naturais e orgânicos vinha crescendo nos últimos anos. Não de uma forma acelerada, mas ainda assim aumentando. Porém, com a chegada da pandemia e as limitações causadas pelas medidas de contenção da covid, esse processo acabou sendo interrompido por um tempo.
“A gente teve um baque no início da pandemia, por causa do modelo que a gente trabalhava, que era de loja, então teve uma diminuição bem grande. Com o tempo, nos adaptamos com o modelo de entrega em cesta, mudamos horários. Agora a tendência é melhorar. Sempre tem gente procurando”, explicou o biólogo.
AGROECOLÓGICO x ORGÂNICO
Para produzir produtos orgânicos e agroecológicos é necessário ter certificação de órgãos que regulam esses tipos de cultivo. Apesar de serem muito parecidos no que diz respeito a qualidade e oferta de alimentos saudáveis, as duas práticas têm diferenças.
A agroecologia tem o foco principal na diversidade do cultivo, respeitando o tempo de crescimento e a sazonalidade de cada espécie. Além da mão de obra manual e a não utilização de agrotóxicos ou qualquer tipo de insumos químicos. Alguns especialistas afirmam que a agroecologia é uma tentativa de “imitar a natureza”. Já o orgânico não tem a preocupação com a variedade, podendo ser, inclusive, uma monocultura.
NUTRIÇÃO
Os benefícios do consumo desse tipo de alimento não ficam apenas na superficialidade. De acordo com a nutricionista Érika Tassi, alguns estudos mostram que os alimentos cultivados sem defensivos agrícolas têm maior quantidade de antioxidantes, e uma dieta rica em antioxidantes colabora para a proteção do corpo, evitando o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
“Além disso, os produtos químicos que são utilizados para controle de pragas e ervas daninhas, quando ingeridos, podem acumular no organismo e causar doenças como Alzheimer, autismo, infertilidade, câncer, problemas na tireoide, no fígado, nos fins e alergias”, explicou a nutricionista.