Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
10/04/2021 às 11h30min - Atualizada em 10/04/2021 às 11h30min

Pandemia faz venda de antidepressivos crescer até 50% nas farmácias de Uberlândia

Número de atendimentos psicológicos e psiquiátricos também aumentou na cidade

BRUNA MERLIN
Segundo o Conselho Federal de Farmácia, em 2020, houve um aumento de 17% na venda de antidepressivos em Minas I Foto: Agência Brasil
A pandemia do novo coronavírus trouxe diversos reflexos para a vida das pessoas. Em meio a problemas, incertezas e perdas, os distúrbios psicológicos se tornaram comuns. Com isso, a quantidade de atendimentos e o número de consumo de antidepressivos aumentaram exponencialmente no último ano.

Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia, em 2020, foram vendidos mais de 96 milhões de remédios antidepressivos e estabilizadores de humor em farmácias de todo o estado de Minas Gerais. Esse quantitativo representa um aumento de 17%, se comparado com o ano de 2019, em que foram vendidos cerca de 82 milhões de medicamentos da categoria.

Em Uberlândia, o cenário também foi notado pelas drogarias. A reportagem do Diário conversou com três farmácias, que confirmaram um aumento significativo na procura pelos remédios. As farmácias DrogaCity e Farmatem Drogaria e Farmácia Uberlândia, localizadas nos bairros Santa Mônica e Cidade Jardim, informaram que registraram uma elevação de 50% e 40%, respectivamente, nas vendas de antidepressivos desde o ano passado, principalmente a partir do mês de junho.

A Farmácia dos Trabalhadores de Minas, situada no bairro Luizote de Freitas, também percebeu um aumento de 50% na procura pelos antidepressivos. Além dos remédios de tarja preta, que devem ser prescritos por um médico, o estabelecimento registrou aumento nas vendas de medicamentos naturais, conhecidos como fitoterápicos.

Conforme o conselheiro federal de Farmácia pelo estado de Minas Gerais, Gerson Antônio Pianetti, os diversos acontecimentos causados pela pandemia são os principais motivos para o acréscimo no consumo dos medicamentos de tratamento psicológicos e psiquiátricos.
“Estamos passando por um momento em que as pessoas estão mais vulneráveis por vários motivos. O aparecimento e o agravamento de problemas psicológicos é algo que se tornou real na nossa sociedade nos últimos meses”, ressaltou.

ATENDIMENTOS
Junto ao aumento do consumo de remédios controlados, a procura por atendimentos e auxílio psicológico ou psiquiátrico também cresceu nos últimos meses. A psiquiatra Gabriela Scalia revelou que notou um aumento na quantidade de atendimentos, tanto de pacientes novos quanto de pessoas que já faziam acompanhamento.

“Com a pandemia, recebi muitos pacientes que tiveram transtornos mentais pela primeira vez e também recebi muito pacientes que já tinham um histórico, mas acabaram piorando com situações que foram acontecendo ao longo do ano”, disse.

De acordo com a profissional, os principais atendimentos estão relacionados à depressão, crises de ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático devido a alguma perda. “Com isso, aumentaram os casos que necessitam de tratamento como, por exemplo, a psicoterapia e também a recomendação de medicamentos que controlam esses transtornos”, destacou.

CVV
O Centro de Valorização à Vida (CVV), que oferece atendimento e auxílio gratuito para toda a população brasileira, também registrou aumento na quantidade de pessoas que procuraram o centro para conversar e desabafar sobre conflitos e problemas. Em março deste ano, foram realizados 3.033 atendimentos em Uberlândia, enquanto no mesmo período de 2020 foram 1.430.

Conforme explicou o coordenador de comunicação do Posto CVV Uberlândia, Marco Lara, os principais atendimentos feitos pelo centro estão relacionados à perda de entes queridos, financeira ou de algum relacionamento, a conflitos internos e também a solidão.

“São problemas rotineiros ou angústias que causam um sofrimento muito grande aos atendidos, principalmente durante a essa situação em que estamos vivendo”, complementou.

O atendimento do CVV é totalmente gratuito e feito de forma anônima. Os interessados, que precisam conversar sobre alguma situação, são atendidos por voluntários que estão dispostos a escutar sem julgamentos e conselhos.

Caso esteja passando por algum momento difícil e precise de auxílio e apoio, a pessoa pode procurar o CVV através do número 188 ou pelo e-mail e chat que estão disponibilizados no site do Centro de Valorização à Vida (www.cvv.org.br).



 

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90