Mesmo com toque de recolher desde o fim de fevereiro, cidade segue com UTIs lotadas e ainda não reduziu óbitos I Foto: Marlúcio Ferreira
Uberlândia já teve mais de 1 mil mortes em decorrência da Covid-19 nos três primeiros meses deste ano. Com os 21 óbitos confirmados nesta terça-feira (31), a cidade chegou à marca de 1 mil mortes provocadas pela doença e com os 24 óbitos desta quarta-feira (31), já são 1.024 neste ano. Foram 283 óbitos a mais que os 741 registrados em todo o ano de 2020, o que representa 34% a mais que a quantidade verificada no ano passado.
"Nesse ultimo mês (março), Uberlândia apresentou taxas de mortalidade superiores a de muitos estados Brasileiros”, apontou o epidemiologista Stefan Vilges de Oliveira, que também é docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Entre os dias 1º e 10 de março, a cidade teve 242 mortes provocadas pela doença, número maior que os apresentados pelos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal.
Impulsionada pelas festas clandestinas reunindo jovens, encontros familiares de fim de ano e pelas variantes de Manaus e do Reino Unido, já identificadas na cidade, além das aglomerações no transporte público, a pandemia provocou o colapso do sistema de saúde de Uberlândia. Nestes três primeiros meses de 2021, além de fazer disparar o número de mortes na cidade, chegando ao recorde de 36 óbitos por Covid em 24 horas, no dia 10 de março, a chamada segunda onda da doença lotou as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e hospitais do segundo maior município de Minas Gerais.
No início de março, a cidade chegou a ter cerca de 200 pacientes com coronavírus à espera por uma vaga em UTI. “É uma avalanche de pessoas que chegam às unidades”, disse o secretário municipal de Saúde, Gladstone Rodrigues, à época. O quadro fez o município montar um Hospital de Campanha no Hospital Municipal para atender pacientes com outras doenças para aliviar as Unidades de Atendimento Integrado (UAIs), que, segundo relatos de médicos, estavam com pacientes sendo atendidos nos corredores e até em cadeiras.
Até hospitais particulares chegaram a restringir atendimentos de pronto-socorro e de várias especialidades durante dias, pois estavam com enfermarias e UTIs totalmente ocupadas. Ainda nesta semana, o Diário apurou que a pandemia tem causado problemas aos hospitais particulares. Em reportagem veiculada nesta quarta, a reportagem mostrou que quatro hospitais têm enfrentado dificuldades para comprar medicamentos usados na intubação de pacientes com Covid.
Hoje, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 713 pacientes estão hospitalizados, com sintomas do coronavírus, nas redes pública e privada de Uberlândia. Destes, 297 estão internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 416 em leitos de enfermaria. Também de acordo com o informe, a ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados à Covid-19 na rede municipal continua em 100%, assim como a ocupação geral dos leitos de UTI na rede municipal.
Mesmo estando há cerca de um mês e meio com toque de recolher, das 20h às 5h, lei seca e a maioria das atividades econômicas fechadas, como comércio de centro e de bairros, shoppings, clubes e academias, as UTIs da rede municipal de saúde estão 100% ocupadas há mais de 30 dias. E os números de pacientes com Covid internados em UTIs e enfermarias, nas redes pública e privada, giram em torno de 300 e mais de 400, respectivamente, há mais de um mês também.