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17/03/2021 às 19h30min - Atualizada em 17/03/2021 às 19h30min

Manutenção de restrições evita piora da pandemia, apontam especialistas

Atualmente, Uberlândia está na Fase Rígida do Plano Municipal de Funcionamento das Atividades Econômicas

FERNANDO NATÁLIO
Toque de recolher das 20h às 5h e lei seca foram anunciados no dia 20 de fevereiro I Foto: Valter de Paula/Secom/PMU
Com sucessivos registros de recordes de mortes nas últimas semanas por Covid-19, 100% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e cerca de 800 pacientes internados nas redes pública e particular de saúde de Uberlândia, sendo mais de 300 em UTIs, o cenário ideal para a pandemia e o colapso do sistema de saúde da cidade não piorarem ainda mais é a manutenção das restrições em vigor no município. A avaliação é de um infectologista e de um virologista.

Atualmente, Uberlândia está na Fase Rígida do Plano Municipal de Funcionamento das Atividades Econômicas (PFAE) e continuará na chamada Fase Vermelha até a próxima sexta-feira (19). Na última quarta-feira (12), a prorrogação das restrições foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM). A medida, adotada em 20 de fevereiro, visa conter o aumento da pandemia do coronavírus em Uberlândia ocorrido nas últimas semanas. E também foi mantido o toque de recolher das 20h às 5h e a lei seca, que começaram a valer no dia 23 de fevereiro.

Para o infectologista Henrique de Villa Alves, enquanto não houver reduções da taxa de contágio - que tem oscilado nos últimos dias -, do número de casos graves, que levam às internações e de mortes na cidade, não será possível retomar as atividades. “Nesse momento, a perspectiva de abrir o mercado e permitir maior movimentação vai depender destes fatores. A intensidades das medidas é proporcional aos casos e óbitos. Não tem como fazer as liberações com pacientes em estado grave aguardando leitos de UTI, já que a ocupação delas está em 100% há vários dias”, explicou.

O infectologista lembrou que a estrutura da rede de saúde de Uberlândia já foi ampliada, mas, nem assim, conseguiu atender toda a demanda provocada pelo agravamento da pandemia e a confirmação da presença, na cidade, das variantes do coronavírus de Manaus e do Reino Unido. “Existem limites físicos para expansão de leitos nos hospitais e do quadro de profissionais da saúde para trabalhar nos atendimentos. Os hospitais estão contratando, mas não é o suficiente. Então, nessa situação, não é possível retomar as atividades neste momento”, afirmou.

Ainda de acordo com Henrique de Villa Alves, neste momento, a melhor saída, para Uberlândia e para o país, que vivem a pior fase da pandemia, é intensificar a vacinação contra a Covid-19. “A imunização tem que chegar não só aos grupos de risco“, disse.

Quem também aponta a vacinação como a grande solução é o biólogo, mestre em microbiologia e doutor em genética e biologia molecular e virologista, Paulo Vitor Marques Simas. “Se imunizasse a população em massa, poderia ter retorno mais gradativo e rápido à normalidade”, pontuou. “Por erros estratégicos, não tivemos as vacinas aplicados em larga escala”, completou.

Para o doutor em genética e biologia molecular, o ideal, neste momento, devido ao recrudescimento da pandemia no município, seria o lockdown, inclusive com os serviços essenciais seguindo regras extremas, mas este cenário é muito distante do real. Ainda de acordo com Paulo Simas, é preciso buscar equilíbrio entre o mundo ideal e o real. “Para isso, é preciso que haja um plano estratégico conjunto”, defende o especialista, lembrando que precisariam participar das discussões e soluções os diferentes setores da sociedade.

Mas, ainda conforme o doutor em genética e biologia molecular e virologista, estes representantes não poderiam esquecer que “estamos falando de vidas” e que o tema da pandemia é complexo. “Não pode fechar os olhos para o cenário socioeconômico, mas, também, é preciso lembrar que o sistema de saúde está colapsado e que daqui a alguns dias pode ter até um colapso funerário. Estamos vivendo o pior momento da pandemia, inclusive com variantes do vírus e, consequentemente, efeito na taxa de contágio e mudança no perfil epidemiológico da doença, com muitos jovens sendo contaminados e tendo casos graves e morrendo”, observou.

Paulo Simas afirmou, ainda, que, por tudo isso, é preciso parar a polarização no país e traçar um plano estratégico conjunto que resolva a situação. “No Brasil, os órgãos técnicos acabam sendo políticos. Isso afeta a vida das pessoas, que estão morrendo asfixiadas, sem a mínima dignidade. Isso é um genocídio. Não pode continuar”, finalizou.



 

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