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04/03/2021 às 11h48min - Atualizada em 04/03/2021 às 11h48min

65% dos comerciantes em Uberlândia veem piora econômica em 2020, diz pesquisa

Levantamento feito pela CDL na cidade indica que entrevistados tiveram dificuldades para quitar contas básicas mensais no ano passado

BRUNA MERLIN
65% dos entrevistados disseram que situação financeira pessoal piorou no último ano I Foto: Arquivo Diário
Uma pesquisa feita pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia com 360 associados apontou que 65% dos entrevistados acreditam que em 2020 a situação financeira pessoal foi pior do que no ano de 2019. A pandemia do novo coronavírus, o desemprego e a falta de organização financeira são os principais motivos que proporcionaram um ano caótico na economia.

Segundo o presidente da CDL, Cícero Heraldo Novaes, já era esperado que muitas pessoas fossem impactadas pela crise econômica que assombra o país desde o primeiro semestre de 2020. Para ele, o comércio fechando, as empresas decretando falência e o nível de desemprego aumentando só poderia resultar em uma situação: crescimento do número de endividados.

“Não restavam dúvidas de que esse efeito dominó resultaria em uma grande quantidade de pessoas que passaram por apertos financeiros e que ficaram inadimplentes com diversas contas”, ressaltou.

Ainda de acordo com a pesquisa, o principal atraso de pagamento e endividamento se refere às despesas básicas e mensais como água, luz, aluguel, telefone e internet (35%). Na sequência, vêm as contas de consumo pessoal, seguidas por cartão de crédito e impostos. Depois, aparecem itens para o lar, financiamentos e empréstimos, nesta ordem. Veja a tabela abaixo.
 
 
Despesas mensais (água, luz, aluguel, internet e telefone) 35%
Consumo pessoal 16%
Cartão de crédito 13%
Impostos 13%
Itens para o lar 11%
Financiamentos 8%
Empréstimos 4%
 
 
Também foi questionado aos entrevistados quais eram os motivos para os atrasos de pagamentos. Conforme apontou o levantamento, 50% disseram que foi por causa do aumento dos preços de produtos e serviços, 33% falaram que foi em razão da redução da renda familiar e os outros 17% disseram que foi em decorrência do desemprego.

Com relação a expectativa para a vida financeira em 2021, 39% das pessoas informaram que pode ser pior do que o ano passado. Outros 39% esperam que seja melhor e 22% acreditam que a situação pode permanecer igual a 2020.

“Infelizmente, esse cenário está longe de mudar. Muitas famílias e empresários ainda irão sofrer com esse déficit na economia. São muitos fatores, além da pandemia, que afetam o setor e que impactam diretamente a população”, complementou Cícero Novaes.

Por fim, o levantamento da CDL questionou quais medidas os associados pretendem tomar para se adequar à nova situação. Como resposta, 51% dos entrevistados pretendem fazer cortes no orçamento, 38% querem priorizar as contas básicas do dia a dia e 11% planejam realizar o pagamento das contas em atraso.
 
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
O despreparo e falta de organização financeira, principalmente por parte da população de média renda, faz parte da pilha de motivos que proporcionam a inadimplência, conforme explicou o economista Cesar Piorski. “Não podemos ignorar o fato de que a pandemia afetou demais a economia, deixando diversas pessoas negativadas, principalmente as de baixa renda, que precisam de uma assistência maior. Contudo, a ausência da educação financeira faz muita falta quando falamos sobre esse gerenciamento de crise”, explicou.

Para Cesar Piorski, houve um despreparo de boa parte da população em lidar com a situação e muitos acharam que a crise iria acabar logo, assim como a pandemia. “Não teve preparo para lidar com todos esses impactos, como o fechamento do comércio e o desemprego. Agora, estão sendo forçadas a cortar gastos e tomando outras medidas que deveriam ter sido tomadas desde o início para não sofrer tanto agora”, disse.

O economista ressalta que esse é um momento importante para que as pessoas busquem a educação financeira. Segundo ele, a população acredita que para ter esse conhecimento é necessário estudar contabilidade ou economia, mas é muito mais simples do que se imagina.
“Não é preciso saber de juros, inflação ou impostos. A educação financeira é essencial para saber qual é o momento de investir e de conter gastos, relacionando a tudo o que está acontecendo no país e no mundo. E isso é feito de forma simples”, complementou.

Ainda de acordo com Piorski, o primeiro passo para ter controle sobre a vida financeira é começar a ter um orçamento, que deve ser feito por meio de uma tabela que conste a renda e os gastos mensais. “É importante também traçar o compromisso de gastos. Por exemplo, eu ganho tanto e eu estou disposto a gastar no máximo X reais com internet ou X reais com gasolina. É colocar uma expectativa de gastos para ter controle e não ser pego de surpresa em situação como essa que estamos vivendo”, disse.

O economista também indicou que muitos profissionais podem ajudar nessa hora, caso o processo seja difícil ou o interessado não tenha recursos para fazê-lo. “Hoje, temos diversas consultorias financeiras, tanto online quanto presencial e tanto pagas quanto gratuitas. São muitas opções para ajudar nessas horas”, concluiu.
 
 
 
 



 

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