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04/03/2021 às 14h27min - Atualizada em 04/03/2021 às 14h27min

Novo aumento do gás de cozinha prejudica mercado em Uberlândia

Comerciante critica novo reajuste do GLP pela Petrobrás; economista aponta influência do mercado internacional e do dólar na alta

IGOR MARTINS COM AGÊNCIA BRASIL
Gás de cozinha teve mais um aumento anunciado pela Petrobras | Foto: Agência Brasil
No início desta semana, a Petrobrás anunciou um novo aumento da gasolina, do óleo diesel e do gás de botijão. O Gás Liquefeito do Petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, ficou 5,2% mais caro após o anúncio da estatal. Com a decisão, o preço para as distribuidoras passou a ser de R$ 3,05 por quilo (R$ 0,15 mais caro), ou seja, R$ 36,69 por 13kg (R$ 1,90 mais caro). Para o consumidor final, no ano passado, o gás de cozinha mais vendido pelas distribuidoras, de 13kg, custava cerca de R$ 70. Hoje, após três aumentos em 2021, o preço praticado, em média, é de R$ 85. A elevação dos preços já é sentida pelas distribuidoras e consumidores finais.

Segundo a Petrobrás, os preços são baseados no valor do produto no mercado internacional e na taxa de câmbio. Em nota divulgada à imprensa, a estatal afirmou que os valores praticados nas refinarias são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no varejo. “Até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras”, menciona a nota.

De acordo com o economista Leonardo Baltez, o principal fator que contribui para os aumentos consecutivos dos derivados de petróleo é o fato de o produto ser uma commodity. Sendo assim, o preço do petróleo é determinado pela oferta e procura internacional da mercadoria.

“O GLP, a gasolina e o diesel dependem muito do mercado internacional, uma vez que é ele quem controla o preço. O petróleo subiu muito em todo o mundo recentemente. A questão dos aumentos consecutivos desses produtos também está diretamente atrelada ao dólar. Se o dólar e o câmbio sobem, o aumento sentido consequentemente é muito mais alto”, explicou.

O economista uberlandense também comentou a medida tomada pelo presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira (1). O político assinou um decreto que zera as alíquotas da contribuição do Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), incidentes sobre a comercialização e a importação do óleo diesel e do GLP de uso residencial.

Para o economista, a diferença sentida no preço final para o consumidor não será tão diferente da vista atualmente em Uberlândia. Levando em consideração os recentes aumentos, o especialista considera que o consumo das famílias continuará sendo afetado pelo alto preço das commodities. “Teremos um cenário melhor quando o preço do petróleo cair”, disse.

REFLEXOS EM UBERLÂNDIA
“Tem muito depósito quebrando e muito depósito que vai fechar as portas. Está difícil segurar a onda. Acredito que vai haver uma onda de demissões”. Foi isso o que disse Kátia Morais, dona de uma distribuidora de gás em Uberlândia.

Em entrevista ao Diário, a empresária afirmou que os aumentos consecutivos nos derivados de petróleo nos últimos tempos têm sido extremamente prejudiciais aos comerciantes e consumidores do gás de cozinha. Segundo ela, sua empresa precisou absorver uma quantia do crescimento do preço, com o objetivo de não perder ainda mais clientes.

“Só em 2021 já foram três aumentos, e na quinta-feira (4) vai ter outro aumento. Para nós, comerciantes, passar por isso é muito complicado e prejudica demais o comércio. O mercado está muito devagar. Já estamos vendendo abaixo da tabela, mas precisamos pagar dívidas. Eu não posso perder a minha venda, então a gente acaba absorvendo esse preço e não repassamos tudo para o consumidor”, explicou a comerciante.

A empresária também repercutiu a medida tomada por Jair Bolsonaro no início da semana. Ela acredita que a decisão do presidente não afetará consideravelmente no preço final do gás de cozinha, levando em conta os aumentos consecutivos dos derivados do petróleo no Brasil em 2021.

“O percentual do PIS e Cofins, em relação ao que já aumentou, ainda é muito pouco. A Petrobrás paga imposto, a companhia paga imposto e eu pago imposto. A porcentagem tirada das duas taxas quase não vai refletir no fim. No ano passado, o gás de cozinha estava R$ 70. Hoje, ele está R$ 95, mas a gente acaba vendendo por R$ 85 para não perdermos os clientes”, contou Kátia Morais.

RESPONSABILIDADE FISCAL
De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, a redução do preço do gás anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro se aplica ao GLP destinado ao uso doméstico e embalado em recipientes de até 13kg.

Para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, como forma de compensação tributária, também foi editada uma medida provisória aumentando a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras, alterando as regras de Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) para a compra de veículos por pessoas com deficiência e encerrando o Regime Especial da Indústria Química (Reiq). 

“Para que o final do Reiq não impacte as medidas de combate à Covid-19, foi previsto um crédito presumido para as empresas fabricantes de produtos destinados ao uso em hospitais, clínicas, consultórios médicos e campanhas de vacinação que utilizem na fabricação desses produtos insumos derivados da indústria petroquímica, o que deve neutralizar o efeito do fim do regime para essas indústrias, que vigorará até o final de 2025”, informou a Secretaria-Geral.

As novas regras do IPI entram em vigor imediatamente. O aumento da CSLL e o final do Reiq entrarão em vigor em 1º de julho. As medidas de redução do PIS e da COFINS no diesel e no GLP resultarão em uma redução da carga tributária de R$ 3,67 bilhões em 2021 neste setor. Para 2022 e 2023, a diminuição da tributação no gás de cozinha implicará em uma queda de arrecadação de R$ 922,06 milhões e R$ 945,11 milhões, respectivamente.




 

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