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04/02/2021 às 19h25min - Atualizada em 04/02/2021 às 19h25min

Setor produtivo critica restrições ao comércio anunciadas pelo Comitê em Uberlândia

Medidas preveem o fechamento do comércio, incluindo bares, restaurantes, clubes, shoppings e academias, após as 18h a partir desta sexta-feira (5)

FERNANDO NATÁLIO
As novas restrições para a abertura do comércio e estabelecimentos em Uberlândia, anunciadas pelo Comitê Municipal de Enfrentamento à covid-19 nesta quarta-feira (3), e válidas a partir de sexta-feira (5), geraram questionamentos, críticas e discordâncias do setor produtivo.

As medidas, que preveem o fechamento do comércio, incluindo bares, restaurantes, clubes e shoppings, além de atividades, como as que são oferecidas pelas academias nos fins de semana e após às 18h, de segunda a sexta, visam conter o aumento dos números de casos de coronavírus, internações e mortes em decorrência da doença, verificado na cidade nas últimas semanas.
 
ENTIDADES DE CLASSE
Após a divulgação das restrições, as entidades de classe em Uberlândia se manifestaram. A Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub) demonstrou preocupação com as consequências da medida. Em nota oficial, assinada pelo presidente da entidade, Paulo Romes Junqueira, a Aciub afirmou que “não concordamos com restrições de funcionamento, pois esta atitude não se comprovou eficiente em nenhum lugar do mundo e cidades brasileiras que foram por este caminho, nos últimos dias, estão revendo as medidas tomadas”.

No mesmo posicionamento oficial, a entidade destacou a importância da preservação da saúde e da vida, mas discorda “desta medida de restringir o trabalho das pessoas, que precisam dele para seu sustento e das famílias” e completa afirmando que “a certeza que temos é que esta medida irá agravar a situação das empresas e que muitas não suportarão esta restrição, tendo que fechar suas portas”.

Também por meio de nota, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL) informou que “foi surpreendida com as novas restrições impostas pela Prefeitura e seu comitê de enfrentamento à covid-19, que cerceou as atividades do comércio e principalmente as dos restaurantes”. Ainda em nota, a CDL questionou sobre as perdas que os comerciantes e empresários terão com a medida.

“A grande questão que fica é: quem vai ressarcir as empresas do enorme prejuízo que lhes foi imputado”, menciona a nota. “O argumento usado foi o do aumento dos casos da doença e a falta de leitos nas UTIs da cidade. O problema é que mais uma vez a culpa recai sobre as atividades econômicas, que desde o início da pandemia têm cumprido com todas as normas de saúde. Fica claro que os verdadeiros responsáveis por esta situação são as aglomerações e festas clandestinas, pouco fiscalizadas e sem punição adequada”, completou a CDL.
 
BARES E RESTAURANTES
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) - Regional Triângulo Mineiro - repudiou, em nota, as deliberações do Comitê de Enfrentamento. “Considerando que a mesma foi unilateral, sem dar voz aos representantes do segmento de alimentação fora do lar, é fato que seus efeitos trarão impactos altamente negativos sobre o setor, como desemprego e fechamento definitivo de diversas empresas”, destacou.

A Abrasel também disse que “não foram informados dados consistentes de que os últimos índices de contaminação da doença estejam diretamente relacionados com o nosso segmento, ignorando as aglomerações clandestinas dos últimos meses”. A associação finaliza o posicionamento afirmando que “mais uma vez, quem paga a conta são os empresários e comerciantes que, desde o início da pandemia, em março de 2020, esforçam-se ao máximo para cumprir com os protocolos de segurança e as exigências sanitárias contra a pandemia”.
 
ACADEMIAS
As restrições deliberadas pelo Comitê de Enfrentamento à covid-19 também foram criticadas pelos membros do Núcleo de Academias de Uberlândia (Naud). Segundo um dos integrantes do grupo, Elder Ferreira Nunes, essas medidas não têm dado resultado. “Tanto que o estado de São Paulo está voltando atrás nas decisões de fechamento. Onde ocorreu essa determinação restritiva não houve controle da pandemia e a economia degringolou”, afirmou.

Ainda de acordo com Elder Nunes, que é proprietário de uma academia na cidade, o impedimento de funcionamento após às 18h dos estabelecimentos do segmento prejudica drasticamente os empresários da área. “Como a pessoa que trabalha em horário comercial, ou seja, até as 18h, irá na academia? Essa limitação é absurda, pois vai gerar aglomeração. Já pagamos um preço muito alto no ano passado, ficando fechados por cinco meses e, agora, seremos prejudicados novamente”, disse.

Elder Nunes lembrou ainda que todas as determinações para evitar a disseminação do vírus já são seguidas pelas academias de Uberlândia e pediu bom senso ao Comitê para que reveja a restrição aplicada ao segmento. “Nas academias, respeitamos todas as medidas de controle, com o uso de máscaras, álcool em gel, tapetes sanitizantes, mantemos distanciamento e limitamos a quantidade de alunos por horário”, afirmou. 
 
SHOPPINGS
O Diário também procurou os dois principais shoppings de Uberlândia para comentar o assunto. O Center Shopping informou, por meio de nota, que “seguirá os horários estabelecidos pela deliberação”.

O Uberlândia Shopping, também por meio de nota, mencionou que “em cumprimento à nova deliberação a partir de amanhã (5), lojas e quiosques passam a funcionar de segunda à sexta, de 10h às 18h, e restaurantes e praça de alimentação de 11h às 18h. Após este horário, seguem apenas com serviço de delivery e drive-thru. Sábados, domingos e feriados o empreendimento estará fechado, sendo que serviços essenciais continuam funcionando sem alteração”.
 
UFU
 
Após o prefeito Odelmo Leão pedir, durante a entrevista coletiva dos integrantes do Comitê de Enfrentamento à Covid, na quarta-feira (3), ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) para que abra mais leitos para tratar pacientes com coronavírus na cidade, a UFU emitiu uma nota oficial, nesta quinta-feira (4), esclarecendo que “o HC-UFU é um dos diversos serviços públicos de saúde de uma ampla Rede Regional de Atenção à Saúde, gerenciada por 27 Secretarias Municipais de Saúde. Ou seja, os responsáveis pela gestão do SUS municipal são as prefeituras, que devem atender as necessidades de saúde de seus munícipes por meio da contratação de serviços públicos ou privados (por exemplo, ampliando novos leitos), respeitando a Constituição Federal de 1.988 e as Leis 8080/90 e 8142/90”.

Ainda segundo a nota, “apesar de dificuldades históricas de financiamento de seus serviços, da carência histórica de leitos e serviços hospitalares de Uberlândia e da região, agravados pelo aumento da demanda durante a pandemia da covid-19, o HC-UFU vem cumprindo o Contrato de Metas firmado com o Município de Uberlândia, conforme atestado pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, desde a assinatura do primeiro contrato, em 2004”.

O posicionamento da UFU ainda cita que “o atendimento no Pronto-Socorro não foi interrompido, as atividades ambulatoriais consideradas essenciais foram mantidas e 90% dos leitos do HC-UFU estão operacionais e que a Justiça Federal de Uberlândia já julgou improcedente a informação do fechamento de 100 leitos no HC-UFU”.
 

Confira as principais alterações anunciadas:
 
BARES, RESTAURANTES, LANCHONETES E PIZZARIAS
De acordo com as novas deliberações, os bares, restaurantes e pizzarias não poderão mais funcionar nos fins de semana e feriados. A abertura será permitida de segunda a sexta, de 11h às 18h. As vendas por meio do delivery estão autorizadas, mas sem retiradas no balcão.
 
SHOPPINGS
Em nova decisão, os shoppings centers de Uberlândia poderão funcionar apenas de segunda a sexta, de 10h às 18h. Os centros de compras estarão fechados nos fins de semana e feriados.
 
COMÉRCIO
Em relação ao comércio no hipercentro, o funcionamento será de segunda a sexta, de 9h30 às 18h. Nos finais de semana e feriados, os estabelecimentos não poderão abrir. O comércio nos bairros terá funcionamento de segunda a sexta, das 9h às 18h. Nos finais de semana, os estabelecimentos estarão fechados.
 
CLUBES
Para os clubes, também foram anunciadas restrições. O funcionamento será de segunda a sexta, até 18h, com fechamento aos fins de semana e feriados.
 
EVENTOS
Ainda segundo o Comitê, os eventos seguem proibidos na cidade.
 
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