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22/11/2020 às 08h00min - Atualizada em 22/11/2020 às 08h00min

Especialistas avaliam impacto das eleições americanas na economia de Uberlândia

Apesar de seguir tendência nacional de alinhamento com política dos EUA, a cidade tem a China como seu principal consumidor

DHIEGO BORGES
Especialistas ouvidos pelo Diário de Uberlândia fizeram uma análise do atual cenário e projeções sobre os impactos que podem ser gerados | Foto: Arquivo/Diário de Uberlândia
Com 53% do volume total de exportações, Uberlândia foi a cidade da região que mais negociou com mercados internacionais em 2020. Segundo um estudo do Centro de Pesquisas Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), somente de janeiro a agosto foram US$ 569,83 milhões de dólares gerados com a exportação de produtos. Apesar de um alinhamento com o governo americano, o mercado brasileiro e a Região Intermediária de Uberlândia (RIU) têm a China como o seu principal consumidor. 

A partir de 2021, com a eleição de Joe Biden nos Estados Unidos (EUA), cresce a expectativa de como a política econômica brasileira irá se posicionar diante de um conflito comercial entre americanos e chineses. O levantamento feito pelo CEPES-UFU, divulgado no Boletim de Comércio Exterior, mostra que neste ano, dentre os 281 diferentes países de destino das exportações da RIU, que engloba 24 municípios, a China continuou sendo a maior compradora da Região. 

Os chineses movimentaram um valor de US$ 649,15 milhões, o que representa 53,71% das exportações totais, entre janeiro e agosto. Por outro lado, os Estados Unidos aparecem na quinta posição do ranking, com um volume de US$ 28,27 milhões, o que equivale a 2,34% das negociações. 

Especialistas ouvidos pelo Diário de Uberlândia fizeram uma análise do atual cenário e projeções sobre os impactos que podem ser gerados com o resultado das eleições americanas. De acordo com a professora do Instituto de Economia e Relações Internacionais e pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU), Marrielle Maia, o resultado das urnas americanas pode ser desfavorável à atual política do presidente Bolsonaro. 

“Ainda temos um caminho até Biden assumir o poder, mas a expectativa com relação a sua vitória pelos progressistas é de que ele consiga reverter políticas de Trump contrárias ao multilateralismo, com retrocessos para o campo da saúde global, mudanças climáticas e meio ambiente e direitos humanos. Biden, por exemplo, criticou abertamente o Brasil no que se refere às queimadas e a preservação da Floresta Amazônica. É necessário lembrar que o alinhamento subserviente da política externa do Brasil aos Estados Unidos não se converteu em vantagens econômicas reais para o país. As relações comerciais entre os dois países são estáveis e nesse campo a tendência é uma política pragmática dos Estados Unidos”, destacou Marriele.

Uma dicotomia, que se conflita entre uma parceira comercial com a China e um alinhamento ideológico do governo brasileiro com os ideais do ex-presidente Donald Trump, é para o professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Filipe Mendonça, a grande questão chave que vai acabar exigindo que o Brasil se posicione. De acordo com o especialista, em Uberlândia, o cenário não é muito diferente e segue uma tendência nacional.

“Teremos um paradoxo entre o discurso ideológico e uma dependência comercial, já que a China tem uma relevância muito maior em termos econômicos. Uberlândia é um reflexo do Brasil e a nossa classe política, que é conservadora e bebe da fonte da extrema direita, entende a China como um problema e os EUA como um país que deve ser copiado e admirado. Em uma entrevista recente, o Odelmo disse que o coronavírus é chinês, flertando com a ideia de uma conspiração, então é um discurso que faz coro com o bolsonarismo e o fundamentalismo religioso em Uberlândia, mas é um tipo de fala que não tem embasamento”, afirmou. 

OUTROS NÚMEROS
Com uma participação majoritária de 64,14%, Uberlândia exportou entre janeiro e agosto deste ano aproximadamente 1,5 bilhão de toneladas de produtos. A soja ocupa o primeiro lugar do ranking, com US$ 479,24 milhões em volume de exportações. Em seguida aparecem o farelo de soja (US$ 28,41 mi); couros preparados (US$ 14,84 mi); óleo de soja (US$ 12,71); charutos, cigarrilhas e cigarros (US$ 7,64 mi) e milho (US$ 5,68 mi). 

Além da China, os países que mais compraram da Região Intermediária de Uberlândia foram a Tailândia (US$ 61,39 mi); Rússia (US$ 83,15 mi); Alemanha (US$ 48,52 mi) e Estados Unidos (US$ 28,27 mi). 



 

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