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21/10/2020 às 13h24min - Atualizada em 21/10/2020 às 13h24min

Em meio à pandemia, estudantes adaptam ritmo de estudos para o Enem

Ensino remoto modificou preparação de candidatos que participam de preparatórios em Uberlândia e região

DHIEGO BORGES
Gabriela Freitas sonha com Jornalismo e buscou apoio em preparatório | Foto: Arquivo Pessoal
Mais de 5,7 milhões de estudantes devem participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que por conta da pandemia teve as provas remarcadas para o início de 2021. Mas, não foi somente a data da avaliação que a crise causada pelo novo coronavírus afetou. A preparação e a rotina de estudos também precisaram ser readaptadas diante de um novo cenário. 

Em Uberlândia, dois cursos gratuitos que tradicionalmente são oferecidos de forma presencial tiveram que aderir ao ensino remoto para continuar ajudando os candidatos. Um deles é oferecido pelo Futuro Pré-Vestibular, que abriu dois editais nos últimos meses. De acordo Maria Eduarda, responsável pela comunicação do Futuro, a escola precisou fazer adequações. 

“Tivemos que mudar tudo, preparar os professores, adaptar as plataformas que seriam utilizadas e gravar as aulas para os alunos que não conseguiam acessar o conteúdo ao vivo. Também tivemos que atender a menos alunos, geralmente, no ensino presencial, são abertas cerca de 200 vagas. Hoje, estamos com aproximadamente 100 estudantes no ensino remoto”, contou. 

A responsável revela ainda que a procura pelo curso foi alta no início, mas houve bastante desistência. O índice de evasão no ensino remoto até o momento chega a 45%. As aulas começaram em agosto e vão até a semana que antecede a prova do Enem. O curso é composto por 37 professores voluntários. Os estudantes classificados em um exame de seleção pagam uma taxa única de R$25 e têm acesso às aulas online, que são realizadas de segunda a sexta, no período noturno. 

Uma das estudantes que participa do curso do Futuro é Camila Ferreira Franco, de 19 anos. A aluna, que está no grupo de estudo desde 2019, disse que a pandemia alterou o ritmo da preparação. “Eu precisava me adaptar à situação de estudar em casa o dia todo. Tive ajuda dos professores e monitores do Futuro, mas de qualquer forma, não podia mais ir estudar na biblioteca da UFU, que era onde eu conseguia me concentrar melhor, então foi um pouco difícil pra mim”, conta. 

Em busca da aprovação em um dos cursos mais concorridos, a Medicina, Camila revelou ao Diário que a principal dificuldade para ela e os colegas é manter a motivação e a concentração. Apesar disso, a estudante diz que o grupo de estudos tem ajudado a reduzir a ansiedade “Temos aulas ao vivo, contato direto com professores e monitores pelo WhatsApp e e-mail e continuamos tendo monitoria, com acompanhamento da pedagogia e da psicologia pelo grupo de orientação profissional  e as intervenções psicológicas que a instituição fornece”, afirmou. 

Outro curso que também sofreu com os impactos da pandemia foi o projeto Ações Formativas Integradas (Afin), o preparatório oferecido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que também passou a realizar aulas online. O coordenador do projeto, professor Tulio Alves Santana, revelou algumas das dificuldades.

 
“Como o programa é voltado para estudantes com situação de vulnerabilidade econômica, esse é um público que tem condições muito específicas e que muitas vezes não tem o melhor equipamento para conseguir acompanhar as aulas, então o grande desafio é esse”, destacou. 

O curso gratuito, que teve início em agosto, é direcionado a estudantes de baixa renda, que se inscrevem por meio de edital disponibilizado pela UFU. O projeto atende alunos aproximadamente 200 alunos de Uberlândia e também da região, por meio dos campi da Universidade, em Ituiutaba, Monte Carmelo e Patos de Minas. A assistência aos candidatos é feita por estudantes da própria Universidade. Em média, 35 professores ministram as aulas, que seguem até o fim de dezembro. 

Conciliação dos estudos remotos
Michele Coelho quer Medicina e concilia os estudos à noite com o trabalho durante o dia | Foto: Arquivo Pessoal


A estudante Michele Duarte Coelho, de 18 anos, é de Carmo do Paranaíba (MG) e participa do curso oferecido pela UFU. Também candidata ao curso de Medicina, a aluna concilia os estudos à noite com o trabalho durante o dia e conta como tem se adaptado. “A pandemia mudou tudo. Tive que criar outro ritmo e uma nova forma de estudos. Com o ensino à distância, ainda tenho um pouco de dificuldade, não estou aprendendo como no presencial, mas estou me adaptando com esse novo meio de ensino” destacou. 

Em busca do sonho de cursar Sistema de Informação, Rodrigo Vieira, de 25 anos, também apostou na ajuda oferecida pelo curso da UFU. Em entrevista ao Diário, o estudante disse que o ensino a distância tem sido um desafio. “Às vezes, as dificuldades giram em torno da própria tecnologia, oscilação de internet, aplicativo com bugs e falta de contado afetivo com o professor. Sinto falta de um contato mais próximo, de um conselho particular e saudades de conviver com os colegas de classe, nada substitui um abraço ou carinho afetivo”, revelou.


Segundo o estudante, a pandemia acelerou o ritmo de estudos, que foram intensificados pelo fato de ficar mais em casa. “O ensino a distância para mim quebrou paradigmas. Para que tem a condição necessária de estudar remotamente, houve um ganho de produtividade e responsabilidade, pois vejo que o sucesso depende mais de mim do que propriamente o professor”.

Rodrigo Vieira apostou na ajuda oferecida por curso gratuito da UFU | Foto: Arquivo Pessoal

Quem tem se dado bem com a tela do computador é a estudante Gabriela Freitas, de 17 anos, que mora em Coromandel (MG) e faz parte do grupo de estudos da UFU. A candidata, que quer cursar Jornalismo, revela que apesar da dificuldade de concentração nos estudos, o ensino à distância tem sido positivo. 

“Tem sido útil, porque mesmo com a pandemia limitando as aulas presenciais, a gente tem recebido uma orientação boa à distância. Não estou tendo muita dificuldade porque tenho facilidade em tecnologia. O curso que escolhi exige muito a comunicação, que não é a mesma em ensino remoto, mas estou levando muito bem já que não tenho muito escolha em meio à pandemia, conta. 

As provas do Enem estão marcadas para 17 e 24 de janeiro de 2021, no formato impresso, e digitais nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.


 

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