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12/10/2020 às 12h48min - Atualizada em 12/10/2020 às 12h48min

Crianças despertam interesse e aptidão pela ciência desde cedo

Diário de Uberlândia conversou com pais e educadora que destacam importância do incentivo científico e da criatividade aos pequenos

DHIEGO BORGES
Professora Luciana Muniz incentiva a criatividade de alunos na Eseba | Foto: Arquivo pessoal
“Quando a gente for para o céu, vamos conseguir ouvir as outras pessoas?” A pergunta é digna de um pensamento adulto, mas, acredite, a autora tem apenas oito anos de idade. Questionamentos como esse, que chamam a atenção pela complexidade e o nível de dificuldade exigido na resposta, têm sido cada vez mais comuns nas novas gerações. Nesta reportagem especial do Dia das Crianças, o Diário de Uberlândia mostra exemplos de crianças que desde cedo revelam aptidões científicas e uma criatividade que pode contribuir para a transformação social.  

Apaixonada por leitura, a pequena Nina Alvim, 8 anos, autora da pergunta que abre essa reportagem, é um bom exemplo. “Eu gosto de ler de tudo”, conta a estudante do terceiro ano da Escola de Educação Básica (Eseba/UFU), que também diz amar a escola, os colegas e os professores. O hábito foi incentivado desde cedo pela mãe, a arquiteta Cristiane dos Guimarães Alvim Nunes, 47 anos. 

“Ela é sempre muito interessada com tudo. Temos lido um livro por semana, depois conversamos sobre o assunto e ela sempre entende. Ela não fica sem a leitura”, diz a mãe, orgulhosa. 

Além da curiosidade, a inquietude e a perspicácia também são características de Nina. Enquanto a mãe concedia a entrevista, por telefone, ela mal podia esperar a sua vez. Já na primeira pergunta, não hesitou em dizer: “eu estava prestando atenção em tudo que vocês conversavam”. 

Por falar em conversar, ela não economiza e conta tudo que gosta de fazer. Na quarentena, diz que intensificou ainda mais a leitura e que as atividades em casa, junto com a mãe, são temperadas com muita criatividade. “Ela gosta muito de fazer vídeo das atividades, tanto que acabei montando ‘vidiário’ para ir registrando esses momentos, inspirado em um projeto da escola dela”, conta a mãe. 


Ana Júlia e a mãe desenvolvem atividades criativas em casa | Foto: Arquivo pessoal

Para a famosa pergunta: ‘o que você quer ser quando crescer’, Nina tem muitas respostas. Cientista, arquiteta, professora, veterinária, doutora e/ou apresentadora de TV estão na lista da sonhadora, que ainda não se decidiu. Mas, o que ela já tem certeza é que quer viajar o mundo. “Adoro a Espanha. Vi em um livro e quando o coronavírus acabar, estamos planejando uma viagem para lá”, revelou. Mas, não fica por aí. África, China, Egito, Grécia e cidade inca, Machu Picchu, também já estão no mapa. 

Enquanto a Nina embala o sonho de viajar o mundo, a pequena Ana Júlia, também com oito anos, quer mesmo é cuidar das pessoas. Nas palavras dela: “eu quero fazer parto, por que eu gosto muito de bebês”. A certeza de ser médica é, por enquanto, uma das poucas que ela tem. Isso porque, segundo a mãe, a professora Adenilce Oliveira Souza, 41 anos, Ana Júlia tem a curiosidade à flor da pele e não é raro surgir questionamentos como “mas, mãe desde quando começou o mundo?”

“Ela sempre foi muito curiosa e observadora, gosta de saber o porquê das coisas. E às vezes você fala algo que não convence e ela responde: mas, eu vi na internet que não é assim”, conta a mãe sorrindo. 

Ao Diário, a mãe diz que Ana Júlia gosta de desenhar, escrever e inventar os próprios brinquedos e que é uma criança corajosa. “Ela gosta muito de cuidar e não tem medos que eu tenho. Outro dia o pai fez uma cirurgia na gengiva e ela olhava aquilo com detalhes, coisa que eu não tenho coragem de fazer”, destacou Adenilce. 

Nina é apaixonada por leitura e diz que quer viajar o mundo | Foto: Arquivo pessoal


CRIANÇAS CIENTISTAS
Nina e Ana Júlia, que têm em comum características consideradas semelhantes às crianças cientistas, são colegas de sala na turma da professora Luciana Soares Muniz, que é doutora em educação na área de criatividade e ministra aulas na ESEBA para crianças do terceiro ano. 

A professora conta que, nas aulas, incentiva a criatividade e a curiosidade dos alunos por meio de projetos como o “Diário de Ideias”, um jornal mensal que dá espaço para que elas contem as suas experiências e descobertas. Para Luciana, as crianças da última década estão mais voltadas para o conhecimento e a investigação.

 
“Elas têm essa curiosidade para conhecer o mundo e algo que para nós é natural, para elas é algo que precisa ser estudado. Por isso, são comuns tantas perguntas interessantes do universo científico”, destacou. 

A especialista revela também que os professores e os pais têm um desafio em comum para conseguir educar as novas gerações. Para a educadora, é preciso saber ouvir com atenção e incentivar a curiosidade delas. “Muitas vezes, não entendemos as perguntas, mas o que precisamos é tentar responder com atenção sem deixar que essas respostas as desestimulem de formular mais perguntas”, afirmou.   

Na era da informação, o cuidado dos pais, segundo a especialista, precisa ser ainda mais reforçado para auxiliar no conteúdo que elas acessam na internet. “Cada criança aprende de uma forma diferente e o nosso grande desafio é a escuta interessada. A internet precisa estar a favor e precisamos humanizar esse espaço. O futuro da educação passa pela personalização do ensino e do aprendizado”.  


 
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