Coordenação motora, capacidade de memória, habilidade de leitura, compreensão textual, matemática, raciocínio lógico, trabalho em equipe, relacionamento social, organização pessoal e de tempo e concentração. Estas são algumas das habilidades e competências que podem ser aprimoradas por meio do estudo da música.
Uma pesquisa da Universidade de Toronto, no Canadá, aponta que até mesmo a inteligência aumenta devido à atividade. O trabalho realizado examinou o efeito de atividades extracurriculares no desenvolvimento intelectual e social de crianças com seis anos, através de um estudo realizado com um grupo de 144 pequenos.
As crianças foram designadas aleatoriamente para escolher entre quatro atividades que durariam aproximadamente um ano. As opções eram aulas de piano, de canto, de artes cênicas ou nenhuma aula. Os resultados obtidos com a pesquisa mostraram que o QI dos alunos que tiveram aulas de piano e canto aumentou mais do que a dos demais.
Sobre o assunto, o maestro Afonso Quianzala, graduado em violino pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) falou sobre o estudo da música e quais impactos ela tem na vida de quem a pratica e estuda.
Quando você começou a estudar música?
Com 10 anos de idade. Ainda na Angola me envolvi com a música por influência dos meus pais. No Brasil, estudei música em São Paulo, e depois em Uberlândia estudei violino no Conservatório Estadual. Nesse percurso, já trabalhava com música e aprendi de forma autodidata diversos instrumentos. Formei-me em violino pela Universidade Federal de Uberlândia e durante esse período dei aulas no projeto cultural “Orquestra Jovem de Uberlândia”, para centenas de crianças e adolescentes. Então, não só por meio da minha própria experiência, mas também desse projeto e agora do “Projeto Maestro Quianzala Convida”, que coordeno atualmente, vivencio diariamente todos os benefícios que a música pode proporcionar na vida de quem a estuda.
Como a música influencia na coordenação motora?
O estudo da música exige muito da coordenação dos olhos, mãos, dedos, pulsos, braços, pernas. É preciso executar diversos movimentos ao mesmo tempo e com isso essa habilidade é bastante desenvolvida com o exercício periódico.
É verdade que estudar música melhora a memória?
Sim. Pesquisas mostram que tanto tocar um instrumento musical, quanto simplesmente ouvir música, estimula o cérebro e pode aumentar a nossa capacidade de memorização.
E a concentração?
Reprodução de música requer a concentração em muitas coisas ao mesmo tempo, como ritmo, altura, tom, melodia, duração da nota e qualidade do som. Em grupo ou banda então envolve ainda mais a concentração, pois deve se ouvir não só a si mesmo como todos os instrumentos.
Leitura e compreensão de textos. O que isso tem a ver com música?
A música é um idioma. Para tocá-la é preciso ler e compreender imagens, reconhecer notas musicais, definir o ritmo e a tonalidade indicados numa partitura, por exemplo. Tudo isso é lido de forma dinâmica.
Matemática e raciocínio lógico também são favorecidos?
Sim, a música é uma constante contagem de tempo e trabalha o raciocínio lógico, habilidade muito utilizada no ensino de matemática. Um dos principais exercícios é o aprendizado das escalas, em que o aluno precisa saber diferenciar um tom de um semitom, uma oitava de uma corda solta, além da leitura de notas, contagem, compasso e ritmo.
Trabalho em equipe e relacionamento social melhoram também?
A música incentiva e ensina a trabalhar em equipe. Aprender um instrumento musical ou aprender uma música exige que você trabalhe com outras pessoas. Para que um grupo consiga executar uma música de maneira perfeita, cada músico precisa aprender a ouvir o outro e tocar junto. Inclusive, tocar um instrumento pode ser uma ótima maneira de melhorar suas habilidades sociais. É normal as pessoas ganharam amizades para a vida toda por meio de atividades musicais.
Como é a vivência de tudo isso no Projeto Maestro Quianzala Convida?
Estamos oferecendo durante 10 meses de forma gratuita e online aulas de música para iniciação e profissionalização, na área de Orquestra Sinfônica. Há a formação artística inicial para 60 crianças e adolescentes alunos da Instituição Bem Estar, no bairro São Jorge. E também um processo de formação continuada para 25 alunos, visando a sua profissionalização e a criação de uma orquestra sinfônica, o que proporciona rotina de estudos e ensaios. Então, faz parte da minha rotina ver todos os dias esses benefícios acontecendo. O aluno chega de um modo, e depois de algum tempo o desenvolvimento é nítido.
O PROJETO
O Projeto “Maestro Quianzala Convida” é patrocinado pelo Instituto Algar por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. A iniciativa prevê ainda um “Festival Pedagógico”, com workshops, masterclasses, palestras e recitais, além de cinco apresentações artísticas, sendo quatro concertos virtuais (lives) e um espetáculo final no Teatro Municipal, aberto à comunidade, quando for possível sua realização. Acompanhe o projeto musical nas redes sociais no Instagram.
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