Cidade está à frente de grandes capitais da região sudeste do Brasil | Foto: Dmae/Divulgação
Uberlândia está em 5º lugar no ranking das 100 maiores cidades brasileiras que mais investem na redução de perda de água nos sistemas de distribuição. A informação foi levantada através de um levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil neste ano.
Segundo Sandro Moretti, que é diretor comercial da Itron, empresa mundial de tecnologia e serviços dedicada ao uso eficiente de energia e água, a perda d'água acontece no processo de distribuição do recurso tratado até as casas dos moradores de uma cidade. Conforme a pesquisa, 38,5% da água distribuída em todo o país é desperdiçada no caminho, ou seja, a cada 10 litros de água tratada, três são perdidos.
Os principais motivos para um índice tão alto de perdas de água são: vazamentos nas tubulações e conexões, erros de leitura de hidrômetros, aparelhos desgastados e mal dimensionados, além de roubos e fraudes. Todos esses transtornos também geram outros tipos de perdas ambientais, sociais e econômicas.
“A água é um recurso barato, mas escasso, então quando se perde é necessário tirar mais da natura para cobrir o desperdício. Além disso, com a perda a pressão da rede diminuiu e quem fica primeiro sem água são as pessoas que moram mais distantes. Por fim, a perda econômica significa a receita que deixou de entrar na empresa. É onde se tem custo de funcionário, produtos e estrutura, mas não há retorno pela água que foi distribuída.”
Das 100 cidades analisadas no ranking do Instituto, apenas três possuem níveis de perda de distribuição menores que 15%, um valor considerado ótimo. Mais de 70% das cidades têm perdas superiores a 30%, o que, segundo o estudo, aponta um grande potencial para melhorias nas redes. De acordo com o diretor comercial da Itron, Uberlândia tem perdas de 25,8% durante o processo de distribuição.
“O município de Uberlândia está em uma posição do ranking muito boa e ficou atrás de Santos (1º), Franca (2º), Maringá (3º) e São José do Rio Preto (4º) com pouca variação de resultados. Em relação ao índice de perda de água, a cidade está na média, mas muitas estratégias que podem ser traçadas para melhorar esse percentual”, disse Sandro Moretti.
O representante da Itron explica que hoje em dia existem muitas tecnologias avançadas que podem ajudar no controle do desperdício. Segundo ele, o mais comum adotado pelas companhias de distribuição é o rastreamento dos pontos onde há vazamentos e, em seguida, a realização de manutenção como troca de tubulação e outras obras. Mas, para Sandro essa não é a alternativa mais viável.
“Quando levamos essa realidade para grandes cidades acaba gerando transtornos e investimentos muito maiores. As tubulações foram instaladas embaixo de avenidas, ruas que geralmente são muito movimentadas, sendo assim, não é viável realizar uma operação de troca que irá interromper todo o trânsito e a vida da população”, detalhou.
Sistemas inteligentes que diminuem a pressão da distribuição da água para que haja menores ou nulos vazamentos em fissuras das tubulações já estão sendo investidos pelas empresas. “Se a pressão estiver controlada, não haverá desperdício por esses rompimentos”, continuou Moretti.
Sandro garante que a redução da pressão não impacta na quantidade de água que chegará aos imóveis, principalmente, aqueles mais afastados. De acordo com o diretor, todo o sistema é controlado automaticamente conforme a demanda pelo recurso em cada região.
“A tecnologia controla a demanda pelos horários de maior consumo e os pontos que precisam de água, sendo assim, nenhum imóvel ficará sem o recurso”, concluiu.
INVESTIMENTO PARA MELHORIAS
Diretor técnico do Dmae, Leocádio Alves Pereira | Foto: Divulgação
Em 2019, Uberlândia ficou em 3º lugar no ranking de saneamento do Instituto Trata Brasil, mas mesmo caindo duas colocações neste ano, a cidade continua à frente de grandes capitais da região sudeste como Belo Horizonte (34º), São Paulo (19º), Rio de Janeiro (52º) e Vitória (37º).
O diretor técnico do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Leocádio Alves Pereira acredita que a queda no levantamento não significa que os trabalhos e investimentos diminuíram. Segundo ele, novas medidas e estratégias são traçadas todos os anos para melhorar o serviço de saneamento e índice de desperdício na distribuição de água.
“Recentemente realizamos uma pesquisa que indicou os pontos mais críticos de vazamento na cidade e os principais estavam localizados em regiões e bairros mais antigos. Montamos uma força-tarefa para fazer os reparos, a troca de redes, ramais e tubulações”, explicou.
Ainda de acordo com Leocádio, melhorias nos hidrômetros também foram realizadas para oferecer com mais precisão e eficácia a quantidade de água consumida pela população. Além disso, a autarquia trabalha para intensificar a comunicação com a população sobre os vazamentos causados por terceiros que, durante uma obra, acabam perfurando as tubulações localizadas embaixo de calçadas.
“Nossos trabalhos também persistem na busca por regularização das ocupações e assentamentos da cidade que acabam desviando o recurso de forma ilegal. Estamos em constante inovação de estratégias e aplicação de investimentos para que esse índice de perda caia cada vez mais”, concluiu o diretor técnico do Dmae.