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25/02/2020 às 10h20min - Atualizada em 25/02/2020 às 10h20min

Em busca de emprego, jovem usa cartaz em semáforo de Uberlândia

Rapaz de 25 anos fez currículo à mão para chamar a atenção e conseguir uma oportunidade profissional

SÍLVIO AZEVEDO
Paulo Roberto exibiu cartaz no semáforo do cruzamento das avenidas Nicomedes Alves dos Santos e Vinhedos | Foto: Arquivo Pessoal
A dificuldade de conseguir uma oportunidade de trabalho fez o engenheiro civil e estudante de Psicologia, Paulo Roberto de Oliveira Filho, de 25 anos, adotar uma nova estratégia. Depois de tentar, sem sucesso, entrevistas de forma tradicional, o jovem decidiu então confeccionar um currículo diferente. Para chamar a atenção das pessoas, criou um cartaz chamativo que destaca suas principais habilidades e decidiu ir até uma esquina movimentada da cidade para tentar a sorte.

A ideia do engenheiro, formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), surgiu quando ele decidiu mudar de área. “Formei em 2017, procurei emprego e não consegui. Não tinha alguém para me indicar e fui de porta a porta entregando currículo. Entrei em sites de emprego e, mesmo assim, não consegui nenhuma entrevista”, afirma.

Depois disso, ele resolveu buscar a realização profissional na área da Psicologia. “É uma coisa que eu já queria desde o segundo período de engenharia, mas não tive coragem. Fiz o ENEM e passei na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa”, destaca.

Mas, a distância e a vontade de estar perto dos amigos fizeram com que ele voltasse para Uberlândia e tentasse uma bolsa de estudos em alguma faculdade particular. “João Pessoa é muito longe, não tinha dinheiro para ficar viajando para cá. Na época eu namorava, meus amigos são daqui. Não tinha maturidade para lidar com isso. Quando voltei, comecei a buscar exames de bolsas em faculdades particulares e consegui uma integral. O curso é noturno, então eu posso trabalhar durante o dia”, disse.

Com o retorno, Paulo começou a buscar novamente oportunidades na área da engenharia civil. Enquanto elas não apareciam, ganhava dinheiro tocando em bares até conseguir um emprego no setor administrativo de uma rede de supermercados.

“Voltei procurando emprego de engenheiro, não consegui de novo. Aí comecei a trabalhar como músico, tocando cajon em bares e ganhando dinheiro. Mesmo assim, continuei em busca de uma oportunidade e acabei conseguindo em uma empresa, onde fiquei dois anos como assistente administrativo e analista comercial. Sai de lá em setembro do ano passado”.

Mesmo recebendo seguro-desemprego, Paulo Roberto, que também é técnico em informática pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro, decidiu não esperar o fim do benefício para procurar outra oportunidade de trabalho. Foi quando decidiu fazer o cartaz e ir para a o semáforo do cruzamento das avenidas Nicomedes Alves dos Santos e Vinhedos, no bairro Jardim das Acácias.

“Peguei um caderno, fiz um monte de análises sobre o que colocar no cartaz, projetei com as palavras, mandei as ideias para os amigos, até chegar naquele formato. Era 15h de terça-feira da semana passada, estava cansado, mas eu fui”.

Para conseguir atenção dos motoristas, Paulo pedia para que eles ajudassem tirando uma foto dele e compartilhando em suas redes sociais, fazendo com que o alcance fosse ainda maior. 

“Cerca de 95% das pessoas me acolheram e achando bom. Eu fiquei lá 50 minutos. Pedi para uma mulher que panfletava tirar uma foto e postei nas minhas redes sociais, distribui para grupos e amigos. Sempre que os motoristas tiravam a foto e postavam, já aparecia para mim na hora e o negócio começou a ganhar corpo. Várias pessoas me marcaram, mas não tenho noção de alcance”.

Somente na publicação de seu perfil pessoal, Paulo Roberto tem quase duas mil curtidas e uma centena de comentários, com pessoas parabenizando e marcando outras pessoas para verem o post. O resultado, claro, foram convites e propostas de entrevistas de emprego.

“Eu recebi proposta de tudo quanto é natureza. Assistente de cabelereiro, umas três vagas de prospecção de clientes, vaga de técnico em informática em Catalão (GO). Teve empresas que me ligaram apenas para me conhecer, sem ter vaga disponível”.

Sobre a área de atuação, Paulo afirma que procura uma oportunidade de aprendizado na área de psicologia, principalmente dentro de empresas. “Tenho interesse em trabalhar com saúde mental, bem-estar, clima organizacional, vontade de aprender sobre isso, pois ainda estou na faculdade. Gostaria de conciliar minha necessidade de trabalhar com a área que tenho vontade de atuar”, afirma o candidato.








 

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