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02/02/2020 às 08h45min - Atualizada em 02/02/2020 às 12h57min

Aumenta a procura por métodos para emagrecimento

Doença afeta 20% dos brasileiros; profissionais de Uberlândia falam sobre tratamentos

BRUNA MERLIN
Cirurgião Luis Augusto Mattar diz que para cada paciente há um tipo de procedimento adequado | Foto: Arquivo pessoal
A obesidade afeta um quinto da população no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre 2006 e 2018, o índice da doença no país subiu 67,8%, passando de 11,8% para 19,8%. Em razão disso, procedimentos que auxiliam na perda de peso e reeducação alimentar estão conquistando cada vez mais essa classe de pessoas. Hoje, o país é o segundo no mundo que mais realiza cirurgias e métodos bariátricos, atrás apenas dos Estados Unidos. 
 
A luta para vencer a doença não é fácil. Muitas pessoas passam anos e anos tentando focar na dieta e nos exercícios físicos, mas acabam desistindo pela demora e também pelo cansaço psicológico. Devido a isso, a procura pela medicina avançada e por profissionais que trabalham com os métodos bariátricos cresceu nos últimos anos. De acordo com um balanço feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (SBCBM), em 2018 foram realizados quase 64 mil procedimentos desse tipo, um número que aumentou 84,73% desde 2011.
 
Os fatores que levam à obesidade são diversos. Genética, desequilíbrio hormonal, hábitos alimentares errados, correria do dia a dia, vida sedentária, problemas familiares e distúrbios psicológicos são alguns deles.
 
O cirurgião do aparelho digestivo Luis Augusto Mattar explica que os procedimentos bariátricos evoluíram muito com o passar do tempo e hoje oferecem mais segurança e eficácia ao paciente. Além disso, as informações sobre esses métodos estão cada vez mais claras, deixando as pessoas mais tranquilas e informadas.
 
Mattar tem uma clínica especializada nos métodos instalada na região central de Uberlândia. O espaço oferece apoio ao paciente que procura ter uma vida mais saudável. De acordo com o médico, a unidade pratica cinco técnicas que funcionam como degraus de uma escada.
 
No primeiro degrau está a mudança de hábitos de vida. O paciente é orientado por um nutricionista, um psicólogo e um educador físico para tentar emagrecer sem a interferência de cirurgias. Caso não haja eficiência em um período de tempo, os profissionais entram com o uso de medicamentos à base de hormônios sintéticos que são aplicados na barriga com uma agulha de insulina. Esse método garante a perda de cerca de 8% do peso do paciente. 
 
“Se esses dois procedimentos não derem certo, avançamos para os métodos endoscópicos da obesidade que são os balões intragástricos e a gastroplastia endoscópica. Ainda não se trata de cirurgias, pois não é necessário fazer a retirada de parte do estômago”, explicou.  
Os balões não alteram o tamanho do estômago do paciente. Eles são utilizados como um substituto do órgão para o emagrecimento. Existem três tipos: o balão líquido, que dura seis meses; o balão líquido ajustável, de um ano, e o balão de ar, de seis meses, que pode durar um ano, se for trocado. Esse método garante a perda de 15% do peso, e o preço varia de R$ 9 mil a R$ 11 mil.
 
A gastroplastia endoscópica é nada mais que a diminuição do estômago por uma endoscopia. O método, que ainda é novo no Brasil, reduz 60% do volume do órgão e garante redução de 20% do peso, por meio de pregas e pontos que irão diminuir o tamanho do estômago. O procedimento tem duração de cerca de dois anos. Depois desse prazo, os pontos se desmancham e o órgão volta ao tamanho normal. O valor é aproximadamente de R$ 33 mil. 
 
A empresária e digital influencer de Uberlândia que tem um blog sobre saúde e emagrecimento, Drika Thyssen Azevedo, de 45 anos, fez uma gastroplastia endoscópica na sexta-feira (31), em São Paulo, após tentar várias vezes emagrecer com dietas. Esse foi o primeiro procedimento feito pela blogger.
 
“Estou com 89 quilos agora, mas já cheguei perto dos 100 quilos em algumas semanas e meses. Já fiz diversas dietas e acompanhamentos físicos para emagrecer, mas devido à minha correria no dia a dia, sempre acabo ganhando peso novamente. Conheci a gastroplastia através de uma seguidora e decidi investir para a minha saúde. Não é nada fácil focar na dieta e se a pessoa tem condições de pagar o método é a melhor coisa que deve ser feita”, ressaltou Drika em entrevista ao Diário antes de fazer o procedimento. 
 
Os últimos dois métodos que compõem os degraus da escada dos tratamentos contra a obesidade, conforme explicou o médico Luis Augusto Mattar, são as técnicas cirúrgicas feitas por “furinhos” que dispensam o uso do corte da pele. Os procedimentos são: o sleeve, que retira parte do estômago sem desviar o intestino e garante perda de 30% do peso, e o bypass gástrico, que também corta parte do estômago, mas faz o desvio do intestino e provoca a redução de 40% do peso do paciente.
 
Os dois métodos cirúrgicos são para sempre, mas o órgão pode voltar a crescer se não houver restrição alimentícia e disciplina. Os valores das cirurgias variam em torno de R$ 25 mil e R$ 30 mil. 
 

Após diversas dietas e acompanhamentos, Drika Azevedo decidiu fazer gastroplastia endoscópica | Foto: Reprodução/Instagram

A recomendação dos tratamentos cirúrgicos é feita através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). As cirurgias são indicadas quando o IMC da pessoa for maior que 35, com doenças associadas como diabetes, pressão alta, gordura no fígado e apneia do sono. Os procedimentos também são aconselhados caso o IMC do paciente for maior de 40, independentemente de haver doenças associadas.
“Os outros tratamentos que não têm intervenção cirúrgica são recomendados quando o IMC é menor que 35. Após comprovar o resultado do índice, os profissionais irão adequar os procedimentos de acordo com a necessidade de cada paciente”, finalizou Luis Mattar. 
 
Acompanhamento psicológico é indispensável para os pacientes 
Além do acompanhamento nutricional e físico, a questão psicológica não pode ser deixada de lado quando se trata de procedimentos para emagrecer. O pensamento enraizado pela maioria dos pacientes, que acham que não precisam do tratamento psicológico para seguir uma vida saudável após os métodos, deve ser esquecido. As mudanças devem começar de dentro para fora.
 
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo, os métodos não funcionam como mágicas. Eles não reduzem o peso do paciente sozinho, mas auxiliam nessa reeducação de hábitos. Após a aplicação do procedimento, o paciente é quem irá fazer o resto do trabalho e essa parte não é fácil. 
 
“O objetivo dos métodos é diminuir a quantidade de alimento ingerido pela pessoa, mas eles não têm a função de diminuir a quantidade de carboidratos, por exemplo. Se o paciente ingerir 100 gramas de alface é totalmente diferente de 100 gramas de macarrão ou de chocolate. Então, se a pessoa não tiver um acompanhamento após as cirurgias ou procedimentos, ela não terá resultado algum”, disse Luis Augusto Mattar, cirurgião do aparelho digestivo.
Psicóloga Alessandra Mattar disse que “involuntariamente, somos adversos às mudanças” | Foto: Arquivo pessoal
 
Para auxiliar nas mudanças internas, o tratamento psicológico é essencial. Segundo a psicóloga Alessandra Mattar, a comida funciona como uma válvula de escape para muitas pessoas que querem fugir do estresse, que sofrem de ansiedade e também de depressão. 
 
“O paciente procura a comida para esquecer os problemas e acaba gerando mais problemas porque não consegue emagrecer. A intenção é quebrar esse ciclo vicioso que é regado através dos distúrbios psicológicos”, explicou a psicóloga.
 
A empresária Drika Azevedo revelou que grande parte da sua luta não foi vencida pela sua estrutura psicológica, que estava corrompida. “Quando comecei o blog, eu estava no meu peso ideal. Com o passar do tempo, fui ganhando popularidade, meus dias se tornaram pequenos para tantos afazeres e compromissos e acabei ficando desestruturada e não conseguia mais focar na dieta”, relatou.
 
Alessandra Mattar também ressalta a importância da estrutura familiar nessas horas. O apoio dos parentes ajuda muito a recompor e estabelecer a saúde mental do paciente. “Nós vemos muitas pessoas que enfrentam um cabo de guerra no ambiente familiar. Enquanto o paciente puxa para o lado do emagrecimento, a família puxa para o lado contrário. Então, se faz necessária a luta e a terapia conjunta”, continuou a profissional.
 
Ainda de acordo com a psicóloga, muitas pessoas acham perda de tempo cuidar da saúde mental e acabam se dando alta no momento em que mais precisam de acompanhamento. “Mudar não é fácil, principalmente quando se trata de estética e corpo. Nós temos um mecanismo de defesa que força a gente a voltar a ser o que éramos. Involuntariamente, somos adversos às mudanças. Sendo assim, o tratamento psicológico é essencial para uma vida saudável”, finalizou ela.
 






 

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