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30/12/2019 às 15h14min - Atualizada em 30/12/2019 às 15h51min

Hotelaria de pets tem lotação máxima em Uberlândia

Procura para deixar os animais durante festas de fim de ano e férias chega a triplicar em estabelecimentos da cidade

SÍLVIO AZEVEDO
Ana e Kin em momento de descontração no hotel | Foto: Divulgação
Quando a advogada Janaína Almeida Giani precisa fazer alguma viagem, sempre deixa Ana e Kin, suas duas cachorrinhas em um hotelzinho especializado em receber animais de estimação, como cachorros, porquinhos da índia e pássaros. Uma hospedagem que garante carinho e atenção aos pets mesmo estando longe dos donos.

“Pode parecer brincadeira, mas elas já acostumaram. Sempre que começamos arrumar as malas elas já sabem que vão para lá, é uma festa, elas mesmas procuram a coleira e já ficam na porta esperando. Quando chega lá então é uma festa maior ainda, até esquecem que a gente existe”, conta a advogada.
Esse é um hábito que tem se tornado cada vez mais comum entre os donos de pets. De acordo com Janaína Almeida, o começo foi de muita apreensão, mas não levou muito tempo para que o estabelecimento ganhasse a confiança dos donos devido a atenção recebida pelos animais.

 
“Fiquei apreensiva em relação ao comportamento delas, pois nunca tinham passado um dia sem estarem conosco. Mas considerando o local não tivemos nenhuma preocupação. Pelo contrário, antes mesmo de sairmos de Uberlândia já havíamos recebido fotos e vídeos delas brincando, tomando água e sendo alimentadas, que é um diferencial e tanto, e se mantém em todas as viagens. Inclusive iremos viajar nesse Réveillon e elas vão ficar 10 dias lá. A saudade aperta, mas sabemos que estão em boas mãos e muito bem cuidadas.”

Janaína leva Ana e Kin (sim, ela é fã de Star Wars) para o hotelzinho cerca de seis vezes por ano. Segundo a proprietária do estabelecimento, Sandra Silva Andrade, em épocas de feriados como o Natal e o Ano Novo a procura por vagas aumenta significativamente. “Triplica. Em época de Natal, Ano Novo e demais feriados, a ‘Tia Sandra’ chega a esgotar as vagas dois meses antes das datas mais procuradas. A lista de espera chega a ter 20 cães”, disse.

O local comporta até 20 animais, mas para dar atenção adequada para cada um, o hotel hospeda no máximo cinco cachorros por vez. “O limite estipulado é para manter a qualidade da estadia, já que brincamos com todos, tem o horário da fruta, alimentos especiais como picolé natural pet, legumes cozidos no valor, a água sempre é filtrada e geladinha”, explicou Sandra.

A Casa da Sandra Pet Hostel tem em sua maioria hóspedes caninos, mas não deixa os outros pets sem local para ficar em tempos de férias dos tutores. “90% são cães. Mas acontece de algum tutor de um cachorro, ter também passarinhos, hamster ou porquinhos da Índia e assim, hospedam todos conosco. Apenas gatos que não hospedamos porque aqui tudo é aberto e sem telas”.

A jornalista e assessora de imprensa Juliana Chiavassa tem uma shitzu que também já se acostumou a se hospedar no hotel da Sandra. Tanto que mesmo antes de chegar, a pet já demonstra aquela felicidade de quem vai se divertir bastante por uns dias.

“Ela brinca demais. Como eu moro em apartamento, ela tem um espaço muito limitado e fica sozinha o dia inteiro. Então quando ela vai para o hotelzinho, brinca muito com os outros cachorros, com a Sandra, que dá muita atenção, tem companhia o dia inteiro, corre muito”, disse Juliana.

Quando chega a hora de voltar para casa, a Nina aproveita para descansar. “Quando ela volta, dorme quase dois dias seguidos de tão cansada, mas ela adora”, disse a tutora.

Só para menores
Observando uma oportunidade de mercado, Lara Maciel e o marido Stênio de Souza abriram a Happy Dog, Hotel e Day Care, um hotel que atende apenas cachorros de pequeno porte. Com um espaço de 2 mil m², o estabelecimento recebe até 15 animais, que antes do check in, passam por um período de adaptação.

“Durante uma hora o tutor traz o cão, deixa sob os nossos cuidados, sem nenhum custo, para que a gente possa avaliar nesse período como se comporta com outros cães. Se ele manifesta algum sinal de agressividade, como ele se comporta na presença de pessoas estranhas e, principalmente, para que ele conheça o ambiente”, explicou a empresária.

A opção por atender menos animais e de porte pequeno favorece para que o período longe dos tutores seja o mais confortável possível. “A gente percebeu esse nicho no mercado. Então recebemos somente pequeno porte, machos castrados a partir de seis meses, fêmeas que não estejam no cio, cães que não demonstrem nenhum tipo de agressividade e com idade de até 10 anos”.

Nem todos os clientes são atendidos, seja por falta de alguma vacina, pela não adaptação do animal ou outro motivo. “Se o cão não passa por todo esse protocolo, a gente não consegue atender o tutor. Então é muito importante, principalmente nesse período de final de ano em que a gente trabalha com vagas limitadas, que os tutores procurem com antecedência hospedagem para os cães”, disse Lara.

 
Happy Dog recebe somente cães de pequeno porte | Foto: Divulgação 


Hotel atende só animais exóticos
Em Uberlândia existe um local que recebe, exclusivamente, animais exóticos como pássaros ornamentais, roedores e serpentes. O hotelzinho é administrado pela veterinária Patrícia Moura Andrade e no Natal recebeu cerca de 170 animais. Para o Réveillon o número de animais recepcionados será reduzido.

“Como o Ano Novo tem muito foguete, eu preciso de um limite de animais na minha casa, senão também eu perco o controle. Como veterinária, tenho que dar o bem-estar animal. Toda pessoa que me procura sabe que eu sou veterinária e que eu vou estar com esse animal 24 horas. Então eu tenho que dar todo aparato agora durante os fogos de artifício”, disse Patrícia que limitou em 100 o número de hóspedes para o próximo feriado.

O hotel, que fica no bairro Patrimônio, também tem um aumento significativo de clientes em períodos de férias. “No fim do ano a procura duplica. Como eu tenho parceria com várias clínicas em Uberlândia, o pessoal vai indicando. Até o Carnaval é um movimento bom, aí depois dá uma caída e fica só o público que já me conhece para as pequenas viagens de fora 

Virada de ano requer cuidado especial
O que para muitos é motivo de comemoração e euforia, para os animais é sinal de sofrimento. Não é difícil achar relatos de animais que se desesperam a cada rojão explodido, fogem e, em situações mais extremas, até morrem. 

Segundo o veterinário Júlio Cezar, os cães sentem mais os fogos devido a audição mais desenvolvida que a do ser humano. Segundo o profissional, algumas dicas simples podem ajudar a evitar incidentes mais sérios.
“O que a gente pode fazer para minimizar esses transtornos dos fogos é colocá-los em um local seguro, ou colocar um chumaço de algodão em cada ouvido durante aquele período.  Pode fazer algumas tocas ou colocar cobertores para eles se sentirem mais seguros. Outra ação é o uso de florais. Tem ansiolíticos florais, que são naturais. O sedativo, só com uma prescrição de médico veterinário”.

Sobre a técnica bastante difundida entre as pessoas de colocar uma faixa no tronco do cachorro, o veterinário informou que não tem comprovação científica da eficácia, mas se caso o animal estiver mais calmo, é válido.

“Outra dica é alimentá-los bem antes dos fogos, que normalmente começam após as 22h. Então, o indicado é dar a comida por volta de 6 horas antes”, explicou Júlio Cézar.

Os três hotéis de animais procurados pela reportagem possuem métodos para minimizar o sofrimento dos animais hospedados. Em comum, a utilização de sons, seja de televisão ou musicais para disfarçar o barulho dos foguetes.

Entre os hospedes exóticos da veterinária Patrícia Moura Andrade, os roedores não sofrem com o ruído, mesmo assim são recolhidos durante o foguetório. Já os pássaros precisam de uma atenção especial por causa do estresse gerado. 

“Como as aves se debatem muito dentro de gaiola, são todas levadas para dentro da casa e colocado um som, tipo volume de televisão, mais alto um pouquinho para não escutarem os ruídos. E todas as gaiolas são cobertas, em um ambiente apagado que fica só com barulho da televisão”, explicou.

Na Casa da Sandra Pet Hostel, os pets recebem carinho e aconchego da equipe, que oferece locais para se esconderem em móveis. “Ficam no quarto com a gente ou no colo. Usamos uma técnica que sempre deu certo: ligamos o som bem alto para que eles não consigam perceber as explosões. Para os mais medrosos, a gente deixa disponível o guarda-roupas ou armários e coloca almofadas e cobertores para os que tentam se esconder”, afirmou Sandra Silva.

No Hotel Happy Dog, a preparação é feita bem antes com atividades que gastam energia física e mental dos cães, além dos brinquedos recheados com alimentos que também fazem com que eles fiquem bem cansados de tanto brincar. 

“Tem musicalização, que seria mantras ou música clássica, e uma luz azul, justamente para que o ambiente fique propício para que o cão fique relaxado. Fora isso, e o principal, a gente tem todo o apoio emocional. Tem alguns que querem ficar no colo, outros preferem ficar no seu cantinho, na sua casinha, então temos colchonetes, caminhas, casinhas, porque cada um escolhe um cantinho. A noite de Natal e Ano Novo a gente passa sentado no chão com os cães, porque nada substitui o apoio emocional”, disse Lara Maciel.






 

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