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24/11/2019 às 08h00min - Atualizada em 24/11/2019 às 08h00min

Alexandre Vieira está entre os principais treinadores do paradesporto

Objetivo principal é classificar o maior número possível de atletas do Praia Clube para Tóquio 2020

EDER SOARES
Vieira é treinador da Seleção Brasileira de Natação | Foto: Praia Clube/Divulgação

Com apenas 32 anos, o técnico Alexandre Silva Vieira vem se destacando nos últimos anos com um dos principais treinadores do paradesporto brasileiro. Natural de Canápolis (MG), o atual treinador da Seleção Brasileira de natação e também do Praia Clube, vive em Uberlândia desde os 13 anos de idade. A dedicação aos nadadores que têm algumas limitações, mas que porém não ficam nada atrás em termos de técnicas, determinação e resultados de nadadores ditos normaius, fazem de Vieira uma realidade do paradesporto, apesar da pouca idade.

O início no esporte aconteceu em 1995 ainda na cidade de Capinópolis, onde morou até a sua vinda para Uberlândia. “Inicialmente aprendi a nadar em Capinópolis com a professora Conceição e com cinco anos de esporte me mudei para Uberlândia para treinar na equipe de natação do Uberlândia Tênis Clube (UTC). No ano seguinte me transferi para o Praia Clube e nadei profissionalmente por oito anos. Foram anos de muito aprendizado e extremamente importantes para determinar a escolha de ser treinador”, disse Vieira.

O treinador começou a cursar educação física e foi neste período que teve o primeiro contato com pessoas com deficiência em um projeto de extensão direcionado ao atendimento de pessoas com deficiência. No dia 1º de novembro de 2007, ele recebeu o convite do professor Alberto Martins da Costa para ser técnico da equipe paralímpica de Uberlândia.

“Depois disso me apaixonei literalmente pelo esporte paralímpico que hoje é meu meio de vida. Em 2010, recebi o convite da diretoria do Praia Clube para formalizar o projeto que deu início a equipe paralímpica de natação, e depois disso tive uma crescente muito grande no âmbito profissional até ser convidado a participar da Seleção Brasileira e, desde 2011, faço parte da comissão técnica da delegação brasileira”, afirmou Alexandre, que conta que no início teve medo de entrar no paradesporto.   “No início tive muita resistência em trabalhar com o esporte paralímpico por medo, por achar que não estava preparado e capacitado, mas hoje não me vejo fazendo algo diferente disso. Me sinto realizado profissionalmente com o que escolhi fazer na minha carreira profissional”. 

DIFERENÇAS
Alexandre Vieira garante que as metodologias entre a natação paralímpica são praticamente as mesmas aplicadas para atletas sem necessidades especiais. “A parte relacionada a periodização do treinamento na natação paralímpica é idêntica a natação convencional. A natação é uma só para todos. O que muda são as adaptações técnicas relacionadas as deficiências de cada atleta. Hoje trabalhamos dentro da especificidade e deficiência de cada um e acredito que isso é o que mais difere de um nadador comum”, disse.  

Em nove anos de Praia Clube, já passaram pelas mãos de Alexandre vários campeões de renomes internacionais, como os medalhistas paralímpico no Rio de Janeiro 2016 Ruiter Silva, além de Verônica Almeida e a Mariana Gesteira, Pollyane Miranda, Leticia Ferreira e Maria Dayanne Silva. “Para a temporada 2020 fechamos com 11 atletas para representar nossa equipe. Dentre esses, seis atletas são monitorados pela seleção brasileira, e esses atletas são aqueles que estão com menos de 3% do índice para convocação”, disse Vieira.

O treinador acredita que além dos seis atletas citados, que são Vanilton Filho, Ruan Souza, Gabriel Tomelin, Laila Garcia, Pamella Andrade e Gabriel Melone, ele não descarta a possibilidade de outros atletas da equipe praiana estarem também na delegação brasileira em Tóquio 2020. “Em relação a medalha, acredito que todos que forem convocados estão na briga pela medalha, então estamos com ótimas expectativas em trazer medalha para o Praia Clube, Uberlândia e o Brasil em Tóquio 2020”.
 
ATUALIDADE
O treinador uberlandense confia que o Praia Clube tem na atualidade a melhor equipe da natação paralímpica do Brasil, principalmente pelos quesitos de estrutura e qualidade técnica dos atletas, visto que o time praiano é hexacampeão nacional. “Mas a realidade em grande parte do país é bem diferente da nossa equipe. Apesar do esporte paralímpico estar em uma crescente constante, principalmente após os Jogos do Rio 2016, ainda temos poucos clubes com estrutura adequada e com investimento compatível para manter uma equipe de qualidade e com bons resultados”, afirmou. 

 Neste ano, o time do Praia clube conquistou grandes resultados, como as 17 medalhas conquistadas no Parapan de Lima, e a participação no Campeonato Mundial Absoluto de Natação de Londres. Para 2020 o foco do treinador e da equipe está todo voltado para as seletivas de Tóquio 2020, que acontecerão em março e abril.

FUTURO NO ESPORTE
Por ter alcançado o ápice do esporte com pouca idade e ter experimentado diversas oportunidades e possibilidades no esporte paralímpico, Alexandre Vieira garante que tudo isso se torna combustível a mais para novas conquistas, e jamais pensa em acomodação. “Tive o prazer de participar de todas as competições do esporte paralímpico, mas meu sonho não para por ai. Ainda vejo que tenho muito a fazer pelo esporte. E hoje o maior desafio é manter minha equipe entre as melhores do país, isso é o que me move e me motiva diariamente a ser melhor”.

Para finalizar a entrevista, o jovem treinador faz questão de agradecer ao Praia Clube pelas oportunidades de mostrar todo o seu talento e competência. Ele garante que não esperava que a equipe, um dia, poderia se tornar tão vitoriosa como é hoje. “É algo que representa muito para mim. O Praia tem uma estrutura incrível e valoriza os atletas e os profissionais que trabalham na equipe, e isso com certeza faz toda diferença. Sou muito orgulhoso de estar à frente da equipe por nove anos e espero que possamos alcançar resultados ainda maiores e expressivos”.  










 


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