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11/11/2019 às 15h58min - Atualizada em 11/11/2019 às 19h15min

Morre mulher baleada por PM durante briga entre vizinhos em Uberlândia

Briga começou com reclamação de som alto em festa; família contesta versão do boletim

IGOR MARTINS E CAROLINE ALEIXO

Uma mulher de 51 anos morreu depois de ser baleada durante uma briga entre vizinhos na noite deste domingo (10), no bairro Jardim Europa, em Uberlândia. A ocorrência foi registrada na rua Génova, por volta das 20h30, e o responsável pelos disparos foi um sargento da Polícia Militar (PM) que teria acionado os militares por causa do volume alto em uma das residências. Um homem de 55 anos, que também foi baleado, recebeu alta e passa bem. 

A PM foi acionada por meio do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), solicitando providências devido à festa que ocorria ao lado da casa do denunciante. Ao chegar no local da ocorrência, os policiais militares constataram que alguns dos frequentadores estavam embriagados.

Foi repassado aos integrantes da festa que um Boletim de Ocorrência (BO) seria feito. Uma das mulheres que estava na casa foi colocada no banco de trás da viatura para seguir até uma das unidades onde o procedimento seria realizado.

Após a saída das viaturas, os moradores 
quiseram saber quem havia reclamado sobre o som e acionado a PM. Eles então culparam o sargento, identificado como Ronaldo Martins. Os participantes do evento começaram a incitar prática de violência contra o policial e cerca de 20 pessoas se deslocaram até o portão da casa dele e começaram a gritar, bater e chutar no portão do imóvel.

Segundo as informações registradas pela PM,  os suspeitos ainda proferiram ameaças contra o oficial e conseguiram retirar o portão dos trilhos. 
De acordo com a polícia, foi dada voz de prisão e apreensão a todos os envolvidos na ocorrência, incluindo o militar pelo crime de lesão corporal. Os demais foram detidos pelos crimes de ameaça, incitação à violência, danos, invasão de domicílio, agressão e perturbação do sossego.

INVASÃO
Consta no BO que parte do grupo conseguiu entrar na casa e partir para cima do militar, tentando agredi-lo com chutes e socos. O sargento então utilizou um bastão de madeira para se defender dos invasores. Uma das invasoras conseguiu pegar o equipamento e tentou golpear o filho do PM, que tem 14 anos de idade. Martins foi para o interior da residência e pegou uma arma de fogo que estava na sala e ameaçou os invasores, dizendo que efetuaria disparos caso as agressões continuassem.

Mesmo assim, dois dos autores teriam prosseguido com os ataques e um deles tentou tomar a arma do policial militar. Ele atirou em direção ao homem e à mulher, que sofreram perfurações e foram levados ao pronto-socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). A vítima feminina não resistiu aos ferimentos e faleceu no final da tarde desta segunda-feira (11). Uma terceira pessoa sofreu uma lesão no braço e não corre risco. 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Um vídeo compartilhado pelo WhatsApp mostra a situação no local após os disparos e com a presença de viaturas da PM. É possível ainda ouvir gritos de pessoas envolvidas na ocorrência. Veja acima. 

Família contesta versão do boletim 
O Diário conversou no início da noite desta segunda com a sobrinha da mulher que faleceu. Jéssica Duarte contou que o policial está morando na rua há cerca de três meses e vinha implicando com os moradores por questões relacionadas ao barulho. Reforçou ainda que devido à amizade entre os vizinhos, era comum confraternizações entre eles.


"A vizinhança lá é muito unida e amiga, porque a rua é sem saída. Ele não deixava os meninos jogar bola na rua e dizia que se eles parassem de jogar daria chocolate para eles mais tarde. Se alguém fazia comida com o radinho ligado ele pegava alguma coisa e batia no muro", relatou.

Ainda de acordo com a familiar da vítima, a tia só teria ido para cima do policial após ele atingir a neta dela, de 16 anos, com um pedaço de madeira. A família também contestou a citação sobre a invasão à propriedade do sargento militar. "Ninguém tentou empurrar o portão. Ele puxou ela pelos cabelos para dentro da garagem e atirou. A puxou justamente para alegar que houve invasão e atirou para matá-la, por que como seria em legítima defesa se ela estava sem arma e sem nada", justificou.

Duarte disse que a tia foi atingida por um tiro na barriga e outros dois foram de raspão.  


PM
O Diário não conseguiu contato com o policial e as demais pessoas detidas, incluindo a filha da mulher, para se manifestarem sobre o caso. O comandante da 9ª Companhia de Meio Ambiente da PM, capitão Jean Fabrício Pavão, esclareceu que o comando está acompanhando a situação e o policial seria ouvido pela Polícia Civil ainda nesta tarde.

“As providências que poderíamos adotar nós adotamos, como encaminhamento à Polícia Civil, porque se trata de um crime comum. Mas nada impede de a gente instaurar uma sindicância posteriormente caso exista alguma situação administrativa a ser apurada”, comentou o capitão.  

Disse ainda que a arma do policial foi apreendida para ser periciada e que ele está em processo para entrar para a reserva da corporação, contudo, não estava na ativa mais.  








 

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