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29/09/2019 às 08h55min - Atualizada em 29/09/2019 às 08h55min

Usuários e colecionadores de Uberlândia mantêm fidelidade aos relógios de pulso

Relógios evoluíram, mas não perderam a simpatia de admiradores; acessório foi vendido na cidade por R$ 260 mil

SÍLVIO AZEVEDO
Que horas são? Em um passado não muito distante, para responder a essa pergunta bastava olhar para um dos pulsos. Atualmente, com a chegada dos aparelhos eletrônicos, como smartphones, o acessório é cada vez menos usado para verificar o horário.

Ao longo dos séculos, novas tecnologias foram surgindo e o relógio foi se transformando para atender às necessidades temporais de cada geração. O que começou como um objeto fixo, passou a ser usado no bolso e pulso. Os ponteiros ganharam a companhia do digital, mas não perderam o glamour.

Hoje existem os smartwatchs, que são conectados via bluetooth com os smartphones e têm como funções atendimento de chamadas, recebimento de e-mails, acesso às redes sociais e, olha só, ver as horas.

No mercado, hoje são encontrados relógios de diversos valores. Dos mais baratos, vendidos nos camelôs e que custam R$ 15, aos que valem milhares de reais, como os das marcas Rolex, Omega, Patek Philippe, Tissot ou Montblanc. Mais recentemente foi a vez dos smartwatches entrarem em cena, com os aparelhos da Appe, Samsung ou Xiaomi. O mais caro vendido na cidade, sobre o qual a reportagem tomou conhecimento, custou R$ 260 mil, valor equivalente a pelo menos cinco carros populares.   

Empresário Acácio Cardoso atua no ramo de relojoaria desde a adolescência e diz que mercado tem clientela fiel | Foto: Sílvio Azevedo


Mesmo com a tecnologia, o mercado de relógios segue em alta. Segundo Acácio Cardoso de Mendonça, proprietário da Aliança Ótica, ao contrário do que a maioria imagina, as vendas do acessório têm aumentado.

“É até engraçado porque o celular se tornou objeto de muita utilidade, multiuso. Se for pensar somente na necessidade de saber as horas, era para se achar que o mercado de relógios ia diminuir. Pelo contrário, a cada dia se vende mais. Muitas pessoas gostam tanto que compram mais de um”.

O que faz com que o mercado continue em crescimento está na qualidade dos relógios produzidos. Mesmo os seminovos encontram compradores com facilidade. “Não é difícil vender um relógio usado, principalmente se o cliente tiver bom gosto e escolher modelos que são mais vendáveis. E isso influencia na venda do novo também. O poder aquisitivo do povo aumentou. São vários fatores para que o mercado e a procura aumentem”, explicou Acácio Cardoso.

Além de relojoeiro, ele é um apaixonado por relógios, mas alguns modelos chamam mais a atenção do empresário. “Tem muitos modelos que fazem a minha cabeça. Mas eu conheço quase todos. De vez em quando, aparece um que me surpreende”.
 
PEÇAS DE LUXO
Acácio Cardoso empresário atua no ramo desde 1973, aos 12 anos. “Eu comecei lavando caixa de relógio, pulseira, e fui indo. Eu nasci dentro de uma relojoaria”. Sua loja, que fica no Centro de Uberlândia, vende relógios mais simples, com preços médios de R$ 800. Mas algumas vezes, o empresário pega alguns itens de terceiros para vender em consignação. Normalmente são os relógios de luxo.

“Já vendi um Patek Philippe por R$ 260 mil. Era uma peça que tinha alguns aspectos que o valorizavam muito, como a frente cravejada de brilhantes. Ano passado vendi outro, em consignação, de R$ 96 mil”.

O relojoeiro destaca também a paixão de alguns clientes por relógios, o que também mantem este mercado ativo. “Tenho um freguês que tem 400 relógios. Colecionadores com 10, 20, 30 relógios existem vários. Desse cliente que tem 400, tem vez que o motorista dele traz 20 relógios para eu fazer manutenção”.
 
TECNOLOGIA
Tatiana Carvalho utiliza recursos do smartwatchs na sua rotina diária | Foto: Arquivo Pessoal
 
As tecnologias desenvolvidas nos últimos anos chegaram também aos relógios. Há modelos que monitoram batimentos cardíacos e perda de calorias, enviam e recebem mensagens, monitoram localização através de GPS, servem para ouvir música e até fazer ligações - e também mostram as horas. São os smartwatchs.

Este tipo de aparelho ganha adeptos a cada dia. A professora Tatiana Garcia Carvalho trocou o relógio de pulso tradicional por um smartwatch. Além da praticidade, ela aponta vantagens que a ajudaram na mudança da rotina.

“Vai muito além de um simples relógio. Ele oferece muitos aplicativos que me ajudam. Me motiva a exercitar, pois tem metas de passos, calorias. Quando fico muito tempo sentada, ele manda mensagem falando que é hora de ficar em pé. Além da praticidade de atender e fazer ligações, ler mensagens sem precisar pegar o celular na bolsa”, disse. Os preços que dos smartwatchs variam conforme a marca e o modelo.

HISTÓRIA
Não se sabe exatamente quando foi criado o primeiro relógio, mas historiadores dizem ter sido o gnômon, ou o “relógio do Sol”, localizado no Egito, e data de aproximadamente 3.500 a.C. Mas, por ser de uso limitado, só podendo ser utilizado durante o dia e em dias ensolarados, novas ideias foram surgindo, como a clepsidra, que utilizava a água como medição de tempo, ou as ampulhetas de areia.

Os primeiros relógios mecânicos teriam surgido na Europa, no fim do século XIII, utilizando pesos, com mecanismos de engrenagens que regulavam o movimento de todo seu sistema de rotação em um ritmo simétrico. Criou-se então o escapamento, um mecanismo para regular a marcha dos relógios mecânicos.

Com um sistema de medição ainda muito complexo, os relógios começaram a ser utilizados em torres de igrejas, porém, muitas vezes mostravam as horas erradas.

No século XVI, o cientista Galileu Galilei, observando a oscilação de um candeeiro na Catedral de Pisa, na Itália, descobriu que para medir o tempo, poderia ser aplicado o movimento pendular, fazendo com que os primeiros relógios de pêndulos pudessem ser produzidos, dando mais precisão na marcação do tempo.

No século XX, surgiram os relógios de bolso e de pulso. Daí para frente, as novas tecnologias fizeram com que a cada dia, a forma de se marcar a hora se tornasse mais precisa e digital.
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