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08/09/2019 às 09h12min - Atualizada em 08/09/2019 às 09h12min

Trechos urbanos das BRs 050 e 365 estão sem radares

Após fim de contrato, empresa retirou radares das vias que cortam Uberlândia; contrato de substituição está assinado

VINÍCIUS LEMOS
Trecho da BR-050, próximo ao Parque do Sabiá, onde antes havia um radar ativo | Foto: Vinícius Lemos
Mesmo com contratos assinados para instalação de 24 novos radares fixos no perímetro urbano de Uberlândia, todos os aparelhos de fiscalização de velocidade foram retirados das rodovias BR-050 e BR-365, nos trechos que cortam o município, na última semana. Ao todo, 25 radares fixos foram recolhidos pela empresa responsável após o fim do contrato com o Governo Federal. Um especialista em trânsito ouvido pelo Diário de Uberlândia manifestou preocupação com a falta de fiscalização até que os novos aparelhos sejam instalados. Por sua vez, motoristas têm opiniões divididas sobre a retirada dos radares.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no dia 30 de julho, o órgão “firmou acordo, homologado pela Justiça Federal, pelo qual será priorizada a instalação, em todo o País, de aproximadamente 1.140 radares eletrônicos, visando o controle de velocidade em faixas de tráfego com criticidade 'média', 'alta' e 'muito alta', os quais foram identificados em estudos realizados ainda em 2016”.

O órgão ainda afirma que cumpre o acordo, “realizando estudos e/ou aprovando projetos para a instalação de equipamentos, conforme locais previstos”. Não foram dadas informações sobre valores de contratos, mas de acordo com a lista fornecida pelo Governo, dentro da cidade de Uberlândia serão 12 radares na BR-050 e mais 12 na BR-365.

O Diário de Uberlândia apurou que um estudo adicional para locais de risco e entradas de escolas rurais tem sido feito para possível instalação de equipamentos de fiscalização. Esses pontos passam por um tipo de pente fino e esses locais poderão receber equipamentos de tecnologia diferente para melhorar a apuração da identificação dos veículos e a medição de velocidades.

O que se sabe é que o levantamento amplo feito para os atuais 1,1 mil radares previstos, incluindo os 24 para o perímetro urbano de Uberlândia, deixou de contemplar áreas com problemáticas particulares e, por isso, a regional do Dnit faria esse novo estudo para apontar as necessidades mais pontuais.

No Município, tem sido estudada a instalação de um radar no lugar de um quebra-molas que existe na BR-365, logo após a ponte do Vau, na chegada de Uberlândia. Esse equipamento, entretanto, dependeria da readequação do trevo Osvaldo de Oliveira, que vai mudar a região. Já um radar que está previsto para o trecho em frente ao terminal rodoviário, também na BR-365, poderá deixar de existir ou ser deslocado para outro ponto.

Já na trincheira do Taiaman, hoje em obras e onde havia radares em ambos os sentidos, deve ser mantida a fiscalização apenas para os veículos que chegam em Uberlândia via BR-365.

SEM PREVISÃO
A instalação dos novos equipamentos, entretanto, não tem data prevista para Uberlândia. Ainda segundo a apuração feita pelo Diário, existe a expectativa que os novos radares ainda sejam instalados neste ano, mas não existe nada oficializado. Os radares fixos previstos para Uberlândia fazem parte dos lotes 22 e 23 do acordo firmado entre Governo e empresas que vão prestar o serviço.

Como explicado pelo Dnit, “o acordo judicial é fruto de extensa negociação e foi construído consensualmente pelo Ministério da Infraestrutura, Dnit e Ministério Público Federal, o que permitiu uma redução do quantitativo de radares, contemplando a instalação de equipamentos nos pontos mais sensíveis, prioritariamente em áreas urbanas. A implantação das faixas estabelecidas no acordo busca também coerência com a disponibilidade orçamentária do Dnit para tal finalidade”.

Foi a juíza Diana Wanderley da Silva, da 5ª Vara Federal de Brasília, que homologou em julho a instalação dos 1,1 mil radares em rodovias federais. O acordo foi proposto em uma ação aberta após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciar que impediu a instalação de 8 mil equipamentos do tipo nas vias. Na decisão, a magistrada informou que não existiam 8 mil processos ou contratos envolvendo radares nas rodovias federais. “Há apenas 24 processos administrativos junto ao Dnit envolvendo radares, referentes a 8.000 (oito mil) faixas, que podem representar ao todo cerca de 4.000 (quatro mil) radares nas Rodovias Federais não concedidas. Contudo, entre estas 8.000 (oito mil) faixas, há várias de criticidades muito baixas e baixas”, registrou na decisão.

RADARES RETIRADOS
Os 25 equipamentos de fiscalização de velocidade retirados do perímetro urbano de Uberlândia não serão exatamente substituídos, mas os radares que estão previstos para serem instados ficarão em locais iguais ou próximos aos antigos. A empresa responsável pelos radares terminou na última semana a retirada das máquinas, incluindo os painéis que apontavam a velocidade. Parte deles tinha sido instalada após 2013 como medida para coibir acidentes em pontos como trechos da BR-050 com alto índice de acidentes, a exemplo daquele ao lado do Parque do Sabiá, e também na saída para Araguari, próximo ao viaduto Regis Bittencourt.

Questionado sobre a retirada, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) respondeu por meio de nota que os radares estão sendo retirados devido ao fim do contrato com a empresa. A instalação dos novos pontos fixos de fiscalização, entretanto, não pode ser chamada de substituição por se tratar de novos contratos e haver mudança de critérios para o funcionamento.
 
PERIGO
A falta de fiscalização nas rodovias que cortam o perímetro urbano de Uberlândia é preocupante, segundo o professor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e especialista em trânsito Willian Rodrigues. Segundo ele, os equipamentos aumentam a sensação de punição em caso de excessos, além de ajudarem na organização do trânsito.

“É importante [ter radar], dependendo do trecho, porque há passagens de pedestres ou entrada e saída de veículos entre a área urbana e o acesso às rodovias. Há trechos de rodovias que passam em área urbana e que não têm separação com avenidas dessas cidades, por exemplo. Então o período sem os radares fixos em Uberlândia é de risco”, afirmou.

Rodrigues avalia as rodovias BR-365 e BR-050 como de grande fluxo no trecho urbano de Uberlândia e muito usadas pelos motoristas que se locomovem pela cidade e não estão em viagem. A fiscalização, desta forma, ameniza conflito entre os dois tipos de tráfego.

ACIDENTE
Na tarde da última quinta-feira (5), um carro capotou depois que um segundo veículo bateu em sua traseira por ambos terem sido fechados por uma carreta em alta velocidade. O acidente aconteceu na BR-050, ao lado do Parque do Sabiá, exatamente no trecho onde existia um radar. A velocidade máxima no ponto anteriormente era de 60 KM/H.
 
NECESSIDADE OU EXCESSO?
Questionados, os motoristas se dividem em relação à quantidade de radares no trecho urbano de Uberlândia e a necessidade dos aparelhos. O entregador Vilmar Menezes afirmou que na BR-365, entre o viaduto Régis Bittecourt e o trevo Osvaldo Oliveira, haveria um excesso de radares. “Acho que não precisaria mais do que um radar ali. O trecho é bom de rodar, tem fluxo grande e não há como correr muito ali”, disse.

Por outro lado, o motoboy Paulo Carrijo concorda com a presença de radares tanto BR-365, quanto na BR-050. “Ali de frente ao Parque tinha acidente toda semana. Eu passo muito por lá e hoje é mais tranquilo. Quer dizer, era, porque tiraram o radar. Sair da marginal e voltar para a 050 está perigoso”, afirmou.
 

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