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31/08/2019 às 12h30min - Atualizada em 31/08/2019 às 12h30min

Poeta de rua, Robson Camilo conta com ajuda dos filhos e colaboradores

Aos 37 anos e desempregado, autor diz que está um pouco desanimado com o mercado de trabalho em Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA
Thiago, Robson e Robert Camilo na praça Sérgio Pacheco, um dos locais onde divulgam sua poesia | Foto: Divulgação

Os poetas urbanos podem não ter a vivência dos bancos das universidades que almejam ou almejaram um dia, mas vivem a cidade da forma mais intensa, em todos os seus sabores e dissabores, ousam poetizar em cima do que é feio, do que é bonito, do que é real e do que é sonho.

E se não tem editora? Vai ficar tudo na gaveta? No caso de Robson Camilo, não. Ele já foi conhecido como O Poeta de Porta em Porta ou Pescador Urbano e faz trabalho que permite que seus versos, textos e desenhos saiam de sua cabeça para o papel de forma artesanal.

“Meu livrinho se chamava Pescador Urbano por causa de Mateus 4, 19. Na época, tinha um cunho mais evangélico. Jesus usa Mateus para pescar pessoas, e eu pescava com a poesia. Hoje é Pescador Urbano Edições, e eu ainda estou procurando um lugar entre a poesia marginal e o cordel.”

Para ficar melhor, os dois filhos, Robert Camilo da Costa, 13 anos, e Thiago Camilo da Costa, 11 anos, são seus colaboradores. O leitor também ajuda a perdurar os livretos desenhados à mão e coloridos com giz de cera, que já estão na 17ª edição. “Minha esposa também participa dos meus poemas, os meninos colorem, desenham, montam e ajudam a divulgar, e minha mãe também ajuda nas colorações. Em família criamos e promovemos a arte literária de forma fraternal e conjunta.”

Aos 37 anos, desempregado, recém-casado, Robson Camilo está um pouco desanimado com o mercado de trabalho, mas empenha-se em concluir o ensino médio neste ano e correr atrás de novas perspectivas. Um exemplo para os filhos. A solidariedade, até agora, permitiu que ele não abandonasse seu lado sonhador. E ele é um otimista acima de tudo. “Acredito que desejar o bem às pessoas é um ótimo remédio para o mal que está em nós, todo homem é egoísta quando não almejar o outro sorrindo.”

Desde que começou, em 2008, tem feito amigos e admiradores ao longo do caminho. “Eu e os meninos levamos poesia para as pessoas que colaboram com esse sonho. Tem gente que liga para saber se a edição nova já saiu, liga para saber se precisamos de mais papel. Por isso digo que, se não fosse pela solidariedade, meus textos não teriam encontrado sobrevida fora dos meus pensamentos.”

Para Robson Camilo, adentrar a vida das pessoas pela arte de suas mãos é algo que não se precifica. “Eu me vejo um condutor em um veículo de incentivo à arte e à leitura. E isso é muito transcendental. A cultura, na minha visão, sempre foi uma ferramenta de vínculo interpessoal, porque une pessoas, mistura etnias. Ao tirar o direito do homem de ser cultural, tira-se dele a humanidade.”
 
PRIMEIRO LIVRO
O primeiro livro lido por Robson Camilo foi “Espumas flutuantes”, de Castro Alves, coletânea que mudou sua percepção do mundo. “Esse livro foi fundamental na escolha do meu caminho, pois dali nascia a minha paixão pela rima, pelo profundo dizer das palavras, essas que me foram poucas no começo.”

Enquanto sonha com o próprio livro profissional, o poeta marginal destaca um trecho de Castro Alves, que dedica ao nosso leitor: “Assim, meu pobre livro as asas larga / Neste oceano sem fim, sombrio, eterno…/ O mar atira-lhe a saliva amarga, / O céu lhe atira o temporal de inverno…/ O triste verga à tão pesada carga! / Quem abre ao triste um coração paterno?/ É tão bom ter por árvore — uns carinhos! / É tão bom de uns afetos — fazer ninhos!”.

Para saber mais sobre o projeto, acesse a página Pescador Urbano Edições no Facebook.


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