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06/08/2019 às 15h45min - Atualizada em 06/08/2019 às 15h45min

Na contramão de MG, agropecuária fecha vagas em Uberlândia

Dados do Caged apontam para saldo negativo de 317 posições no semestre

SÍLVIO AZEVEDO
Desempenho negativo no setor no Município está ligado tanto à sazonalidade, apontam especialistas | Foto: USP Imagens
Na contramão dos dados do País e do Estado, Uberlândia fechou o primeiro semestre com saldo negativo de empregos no setor de Agropecuária, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram fechadas 317 vagas no ano, enquanto Minas Gerais registrou a abertura de 34.354 posições no período, e o Brasil, 75.380. Segundo especialistas, o desempenho negativo no setor no Município está ligado tanto à sazonalidade, quanto às características das produções locais, que são mais setorizadas.

Ainda em junho, mês referente ao último Caged, o setor Agropecuário registrou o fechamento de 140 vagas em Uberlândia. Em contrapartida, o setor registrou 22.702 contratações no período no Brasil, e 6.266, em Minas. Segundo Alanna Santos de Oliveira, do Centro de Pesquisas Econômico-Sociais (Cepes) do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o setor vem apresentando queda no número de vagas desde 2017 no Município.

“Podemos destacar que junho já tem um histórico de três anos apresentando saldo negativo no setor agropecuário [em Uberlândia]. Por várias vezes esse saldo negativo acabou contribuindo para um saldo mensal negativo no geral [somado todos os setores do Caged]. O setor já tinha representado saldos negativos em fevereiro e maio, já demonstrando que não estava com uma performance legal aqui no município. Outro setor que tem apresentado performance bastante instável é o da indústria e transformação, que coincidentemente são setores bastante articulados”, disse.

A pesquisadora ainda explicou que os números negativos são relativos às atividades setorizadas presentes em Uberlândia, o que gera tendência a um saldo menor de contratação.

“Quando você olha para o setor agro de Uberlândia, quem mais gera empregos é a criação de aves e a de sementes certificadas, além das atividades de apoio à agricultura. Então são essas três classes em que se encontram os empregos em Uberlândia. No Brasil e Minas o cenário é outro. O cenário que corrobora para a formação de empregos dentro do setor agropecuário é o de bovinos, em maior quantidade, e os cultivos de café, soja, laranja.”

Em junho, Minas Gerais costuma ter um saldo positivo em função do cultivo de café, pois é época de colheita. A maior parte da geração de empregos que ocorreu no estado foi devido a esse cultivo. “Foram 5.886 vagas criadas só no cultivo de café. Foi o maior saldo dentro das atividades agropecuárias de Minas Gerais, então ele contribuiu imensamente para esse resultado positivo”, disse Alanna de Oliveira. Segundo ela, no Brasil, além do café, os cultivos de laranja, soja e cana-de-açúcar contribuíram para o saldo positivo no setor.

ESPERANÇA
Para o presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Gustavo Galassi, o saldo negativo também é resultado da sazonalidade, além de fatores econômicos. Ele acredita, porém que o mercado tende a favorecer a cidade em breve.

“Nós temos uma característica: em algumas determinadas épocas a gente emprega muito e quando encerra a safra, desemprega de forma proporcional. Temos alguns fatores [externos] que influenciam: estamos com uma crise em relação a parte de suíno e frango, que tem causado pouca rentabilidade nas propriedades, e o leite também tem sofrido muito. São vários os fatores, mas acredito que seja muito sazonal. Vamos entrar num período de mais empregabilidade, e a partir de setembro, outubro, a agropecuária responde com resultado positivo”, disse Gustavo.

Para Galassi, a agropecuária ainda tem força na região e o mercado exterior favorecerá os produtores, principalmente, de Uberlândia. “Acredito que a economia vai melhorar pois estão se abrindo novas fronteiras para a exportação de carne e isso vai refletir muito forte em Uberlândia, que é grande produtora de frango e suíno, além de uma dar uma luz na parte leiteira, que tem sinalizado um quadro positivo de melhora”.
 

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