06/08/2019 às 16h54min - Atualizada em 06/08/2019 às 17h04min
Uberlândia é a 2ª cidade mais violenta da região, atrás de Araguari
Estudo anual do Ipea registrou taxa de homicídios de 19,8 por 100 mil habitantes na cidade
BRUNA MERLIN
Uberlândia é a segunda cidade mais violenta da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O município de Araguari ficou em primeiro lugar no levantamento divulgado nesta segunda-feira (5) devido aos registros de homicídios.
O estudo, denominado de Atlas da Violência – Retrato dos Municípios Brasileiros 2019, foi realizado durante o ano de 2017. O Ipea analisou as seis cidades da região acima de 100 mil habitantes. O ranking foi montado de acordo com a taxa estimada de homicídios calculada através do total da população.
Na época, Uberlândia tinha uma população de 676.613 e apresentou a taxa de 19,8 com 119 homicídios registrados, sendo 15 ocultos - quando são classificados como causa indeterminada. O índice é ainda menor ao registrado na pesquisa anterior, referente a 2016, quando a cidade apresentou taxa de 22,2 por 100 mil habitantes.
A taxa estimada de Araguari, que tinha uma população de 117.445, ficou em 30,9 com 18 homicídios, todos considerados ocultos. Em terceiro lugar aparece a cidade de Uberaba com 16,4. Foram registrados 52 homicídios e dois deles eram ocultos. O município de Araxá teve o menor índice no período, com 7,9. Veja abaixo o ranking regional:
Classificação | Município | População 2017 | Homicídio registrados | Homicídios ocultos | Taxa estimada de homicídios |
1º | Araguari | 117.445 | 18 | 18 | 30,9 |
2º | Uberlândia | 676.613 | 119 | 15 | 19,8 |
3º | Uberaba | 328.272 | 52 | 2 | 16,4 |
4º | Ituiutaba | 104.523 | 13 | 1 | 16,6 |
5º | Patos de Minas | 150.893 | 16 | 1 | 11,4 |
6º | Araxá | 104.283 | 7 | 1 | 7,9 |
MINAS GERAIS
Ainda de acordo com o Ipea, foram analisadas 32 cidades com mais de 100 mil habitantes em Minas Gerais. No parâmetro estadual, o município de Uberlândia aparece na 18ª posição e Araguari em 7º lugar. A cidade de Betim liderou o ranking do estado. A taxa estimada de homicídio ficou em 52,1 e, na época, a cidade tinha uma população de 427.146. Em seguida, vem Governador Valadares com 42,8 e Ribeirão das Neves com 40,3 de taxa estimada.
A capital Belo Horizonte ficou em 12º lugar com uma taxa de 26,7. Em 2017, a cidade tinha mais de 2,5 milhões de habitantes. Veja abaixo o raking dos 10 municípios mais violentos do estado: Classificação | Município | População 2017 | Homicídio registrados | Homicídios ocultos | Taxa estimada de homicídios |
1º | Betim | 427.146 | 188 | 35 | 52,1 |
2º | Governador Valadares | 280.901 | 110 | 10 | 42,8 |
3º | Ribeirão das Neves | 328.871 | 112 | 21 | 40,3 |
4º | Vespasiano | 122.365 | 40 | 5 | 37,2 |
5º | Contagem | 658.580 | 210 | 32 | 36,7 |
6º | Santa Luzia | 218.897 | 65 | 12 | 35,2 |
7º | Araguari | 117.445 | 18 | 18 | 30,9 |
8º | Sabará | 135.968 | 34 | 7 | 29,9 |
9º | Juiz de Fora | 563.769 | 137 | 27 | 29,2 |
10º | Sete Lagoas | 236.228 | 57 | 7 | 27,2 |
BRASIL
O município mais violento do Brasil, com mais de 100 mil habitantes, é Maracanaú, no Ceará. Em segundo lugar está Altamira, no Pará, seguida de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Dos 20 mais violentos, 18 estão no Norte e Nordeste do país.
De acordo com o coordenador do estudo, o pesquisador Daniel Cerqueira, os municípios mais violentos têm 15 vezes mais homicídios que os menos violentos. Nos municípios que lideraram o ranking, as pessoas, em geral, não têm acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho.
Apesar do aumento da violência em algumas regiões, o estudo do Ipea identificou também que 15 unidades federativas tiveram redução no índice de criminalidade entre 2016 e 2017. O levantamento apontou que Jaú é cidade menos violenta, seguida de Indaiatuba e Valinhos, todas em São Paulo.
Alguns dados surpreenderam os pesquisadores. Apesar de Santa Catarina ser um dos estados mais pacíficos, a taxa de homicídios em Florianópolis aumentou 70%, de 2016 para 2017. Por outro lado, houve diminuição das mortes em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Cerqueira ainda pontuou que os desafios no campo da segurança pública no Brasil são enormes. A solução, sugerida pelo estudo conjugaria três pilares fundamentais. Em primeiro lugar, o planejamento de ações intersetoriais, voltadas para a prevenção social e para o desenvolvimento infanto-juvenil, em famílias de situação de vulnerabilidade. Em segundo lugar, a qualificação do trabalho policial, com mais inteligência e investigação efetiva. Por fim, o reordenamento da política criminal e o saneamento do sistema de execução penal, de modo a garantir o controle dos cárceres pelo Estado.