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27/06/2019 às 17h24min - Atualizada em 27/06/2019 às 17h24min

Empresários de Uberlândia já buscam alternativas aos canudos plásticos

Setor se alinha à tendência de banimento do plástico observada no país

VINÍCIUS LEMOS
Empresário Arthur Alves optou por canudos de inox ao abrir sua cafeteria no Centro | Foto: Vinícius Lemos
Ainda sem qualquer lei que proíba o fornecimento de canudos plásticos em Uberlândia, o empresariado local já se adapta a uma tendência de mercado e tem abolido ou reduzido o uso do material. Canudos de papel, metal ou até de macarrão são usados como substitutos do plástico para atração do cliente que quer evitar os tipos comuns. Entre as barreiras para abolição completa do plástico estão a adaptação da clientela mais tradicional e o custo dos canudos alternativos.

Nesta semana, a maior cidade do País, São Paulo, teve uma lei sancionada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) que proíbe o fornecimento de canudos plásticos em estabelecimentos comerciais do Município. O projeto de lei era do vereador paulistano Reginaldo Tripoli (PV). A cidade mais próxima a Uberlândia a propor uma lei parecida foi Uberaba, cujo texto do vereador Rubério Santos (MDB) foi promulgado pelo presidente da Câmara do Município vizinho, Ismar Marão (PSD), em maio deste ano.

Em Uberlândia, mesmo sem restrições, a iniciativa tem sido tomada por empresários como Arthur Morais Alves, que desde que abriu uma cafeteria no Centro, há três meses, oferece canudos de metal inox e também de papel aos clientes. Ele explicou que ainda não aboliu os canudos de plástico, mas que a maior parte dos clientes prefere os alternativos.

“[O cliente] retorna por conta disso e sente que está inserido em algo que pode melhorar a sociedade. Acredito que vai tomar o mercado pela questão da eco-consciência nos negócios, gera valor junto ao cliente e o empresário também tem que se preocupar com o bem-estar social. Quem não tiver essa mentalidade vai ficar para trás”, afirmou Alves.

Ele diz não ter 100% dos canudos de materiais alternativos pela resistência de parte da clientela. Arthur Alves explicou que algumas pessoas dizem que os canudos de papel interferem no sabor das bebidas e têm tempo de utilização baixo, já que absorvem o líquido e amolecem. Outras não gostam dos canudos de metal por serem reutilizáveis, os quais exigem higienização cuidadosa por parte do estabelecimento.

Outro fator que é levado em consideração pelo empresariado é o custo de canudos de papel, por exemplo. Em pesquisa na internet, o pacote de 1 mil canudos do material sai por cerca de R$ 200. O mesmo pacote de canudos plásticos tem valor aproximado de R$ 45. Um kit de quatro canudos de inox, que inclui a escova para higienização, tem valor entre R$ 17 e R$ 60 no levantamento feito pela reportagem.

MACARRÃO
Uma cafeteria no bairro Fundinho, na região central, passou a usar macarrão em vez de canudos em bebidas geladas. A alternativa tem, inclusive, custo mais baixo em relação ao plástico. Não há qualquer canudo plástico no estabelecimento, enquanto bebidas quentes são servidas em canecas.

A ideia, segundo a gerente Naessa Marques, foi implementada há sete meses e muitas vezes os clientes não sabem que se trata de macarrão. “O gosto do canudo de papel era percebido na bebida. Passamos a escolher canudos e tivemos a sorte de achar um que não deixava gosto e não se desfazia com o tempo. Muita gente nem percebe. A proprietária viu essa ideia e falou ‘vamos tentar o macarrão’. Pegamos o macarrão mais grosso que tinha e passamos a servir a bebida com ele”, disse.

Canudo de macarrão é adotado em cafeteria da cidade | Foto: Vinícius Lemos

O material alternativo já foi testado por mais de 4h sem que houvesse problemas. Após o uso, ele é descartado como um alimento comum. A compra é feita em supermercados e o armazenamento é em potes de vidro tampados. A empresa ainda mantém canudos de papel como opção para quem tiver qualquer restrição com o macarrão.

Somado à atitude ecologicamente correta, o macarrão se tornou um atrativo para a cafeteria, que ainda tem móveis reutilizados e adaptados para o ambiente. “É uma coisa diferente, o pessoal curte, posta na internet e elogia. Nossas mesas e balcões também são reutilizados e adaptados de portas e outras mesas de madeira e peneiras de metal”, afirmou Naessa Marques.

PLÁSTICO
Estimativas de entidades ecológicas apontam que o canudinho de plástico representa 4% de todo o lixo plástico do mundo e, por ser feito de polipropileno e poliestireno não é biodegradável, podendo levar até mil anos para se decompor no meio ambiente

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