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27/06/2019 às 10h06min - Atualizada em 27/06/2019 às 10h06min

Pesquisa comprova que fruto do cerrado pode ajudar no tratamento de Alzheimer

Estudo de mestranda da UFU apontou presença de substância com potencial promissor na casca do araticum

SÍLVIO AZEVEDO
Extração do líquido do fruto faz parte do processo de isolamento da substância | Foto: Marcos Pivatto/Arquivo Pessoal

Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, doenças relacionadas ao envelhecimento também têm surgido cada vez mais. Segundo o Ministério da Saúde, 11,5% dos idosos convivem com a doença de Alzheimer no Brasil. A pessoa com Alzheimer perde gradativamente suas funções cognitivas. É uma doença que não tem cura, mas o tratamento disponível é à base de medicamentos que ajudam na diminuição dos sintomas. Uma pesquisa feita pela discente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Marilia Barbosa joga uma esperança no tratamento para portadores da doença. E a solução pode estar em um fruto nativo do nosso cerrado.

Em sua defesa de mestrado em Química, a discente descreve a casca do araticum como portadora de uma substância com propriedades semelhantes às usadas no tratamento do Alzheimer. O estudo mostrou a presença de alcaloides aporfínicos, classe de compostos que já apresentou resultados promissores sobre uma enzima (acetilcolinestase), chave no tratamento da doença de Alzheimer. A pesquisa foi realizada no laboratório de produtos naturais da UFU.

Até então pouco aproveitada, a casca era descartada após a retirada da polpa, muito utilizada na culinária popular ou na medicina tradicional. Orientador da pesquisa, o professor Marcos Pivatto, do Instituto de Química da UFU, explicou que a descoberta foi por acaso.

“A casca do araticum é um material descartado que pegamos e resolvemos estudar a composição química. Usando a expertise que nós temos de conhecimentos sobre produtos naturais, fomos estudar se não teria algo de interessante. Para nossa satisfação encontramos essa substância”.

Pivatto também destacou a importância de se pesquisar novos medicamentos para o tratamento da doença. “É importante a busca por novos remédios que possam atuar sobre essa enfermidade. O mercado fármaco oferece poucos medicamentos para o tratamento e, mesmo assim, são paliativos sobre os sintomas. Então dentro desse rol de possibilidades a pesquisa por novos medicamentos é muito importante”.

A pesquisa, por enquanto, ainda está na fase de experimentos laboratoriais e precisa percorrer um longo caminho até chegar às prateleiras das drogarias. “Eu costumo dizer que trabalhamos na base da pirâmide. Estamos no início, com ensaios in vitro, utilizando as enzimas, com colaboração do professor Foued Salmen Espindola, do Instituto de Genética e Bioquímica, onde acontecem esses ensaios biológicos. Tem muito ainda a ser feito para depois virar realidade e poder ser distribuído à população”, afirmou Pivatto.


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