Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
23/06/2019 às 09h00min - Atualizada em 23/06/2019 às 09h00min

Moradores do Glória aguardam iluminação pública

Já foram instalados 405 postes e rede de energia, mas ligação depende de padrões e licitação da Prefeitura de Uberlândia

VINÍCIUS LEMOS
Expectativa é que as ligações comecem a partir de julho | Foto: Vinícius Lemos
Com mais de 400 postes instalados e rede de energia elétrica pronta para utilização, os moradores do bairro Elisson Prieto, também conhecido como Glória, ainda não têm previsão de quando a iluminação pública estará efetivamente funcionando. Um edital está em fase de elaboração pela Prefeitura de Uberlândia. Por outro lado, a expectativa é que os chamados ‘gatos’, que são ligações clandestinas na rede elétrica, sejam substituídos por ligações legais a partir de julho. No entanto, é preciso que as residências tenham instalados os padrões. O custo desse equipamento, que chega a R$ 600, ainda é um problema para quem vive do lugar, que está em processo de regularização fundiária.

No fim de 2018, os postes e a rede elétrica para o bairro começaram a ser instalados pela Cemig, o que já foi finalizado. São 405 postes ao todo equipados com rede elétrica trifásica, sendo que o conjunto custou R$ 2,450 milhões, segundo a estatal mineira.
Desde janeiro de 2015, todas as concessionárias de energia elétrica transferiram a gestão dos ativos de iluminação pública aos Municípios. Dessa forma, a Prefeitura informou que busca agilizar o processo para instalação das luminárias.

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbanístico, João Júnior, estima que o custo para a Prefeitura para instalação das 405 luminárias seja de aproximadamente R$ 500 mil, mas reforçou que o valor só será conhecido após a conclusão do processo licitatório. O edital ainda não está pronto e depois será preciso que passe pela Diretoria de Compras para abertura do processo licitatório. Não existe um prazo para que isso aconteça. João Júnior ainda afirmou que existem questões burocráticas para que o processo aconteça.

“Depende da parte legal, porque ainda passa pala fase de regularização fundiária, de transferência do imóvel do Governo Federal para o Estadual e autorização para que o Município coloque a numeração nas casas. Mas o prefeito nos determinou que fosse feita toda a parte administrativa até aguardar liberação legal para que consigamos fazer a licitação”, afirmou o secretário.

O atendimento estimado é de 2.350 residências totalizando 15 mil pessoas atendidas. Após a finalização da urbanização e total regularização do bairro Elisson Prieto a Prefeitura ainda terá que levar serviços e estruturas públicas como em outros bairros da cidade, a exemplo de coleta de lixo, escolas e postos de saúde.

De acordo com João Júnior, nesse momento, o Município disponibiliza caçambas dispostas no entorno do Glória para que seja feita concentração do lixo, o qual é recolhido posteriormente. Um dos motivos dos caminhões da coleta não entrarem no bairro atualmente é a rede clandestina de energia, a qual é muito baixa e impede que os veículos transitem, segundo o secretário de Meio Ambiente.
 
ESTRUTURA
Iluminação Glória

Iluminação Glória

Josué Macário já pagou e instalou o padrão em sua residência | Foto: Vinícius Lemos
 
Além da iluminação pública, é aguardada a ligação regular da energia elétrica para as casas no bairro Elisson Prieto – o nome do bairro também precisa ser formalizado através de projeto de lei. Mas para isso é necessário que os moradores comprem e instalem padrões por conta própria até o dia 9 de julho. Estima-se que entre 70% e 80% das casas já têm o padrão.

O custo ainda é alto, segundo o morador da rua Paulo Freire, Darivaldo Nunes do Santos. Ele fez um levantamento que mostrou que o padrão poderia ficar entre R$ 800 e R$ 1 mil, mas, por enquanto, ainda não conseguiu adquirir o aparelho. Além de ter energia regular, ele diz que é importante para evitar prejuízos como queima de eletrodomésticos e até mesmo que alimentos pereçam. “Já queimou geladeira aqui em casa e aí estraga carne e tudo”, disse, ao explicar que há picos de corrente na rede de energia clandestina.

Como não há a ligação entre imóveis, o sistema recém instalado divide espaço com os postes de madeira improvisados e baixos, com fios organizados de forma aleatória. Por isso, mesmo com o padrão já pago e instalado, na casa do montador de móveis Josué Macário da Silva existe uma chave instalada de forma improvisada dentro do imóvel.

"Energia a gente não tem de verdade. Falta mais que tudo, toda hora cai e os fios são finos. Geladeira minha já queimou muito. Só não tive mais prejuízo de pouco tempo pra cá porque eu coloquei uma chave. Quando falta energia eu desligo para não ter aquela coisa de vai e volta e o aparelho queimar. Só ligo a chave de novo quando a energia volta de vez”, afirmou.

Mesmo com o padrão instalado, assim como outros vizinhos, Josué Macário aguarda a ligação do imóvel na rede da Cemig. O custo foi mais baixo que o colega na rua Paulo Freire e na negociação pagou R$ 590 já instalado. A compra aconteceu nos primeiros meses de colocação dos postes no bairro.
 
DESDE O INÍCIO
Iluminação Glória

Iluminação Glória

Liandro quer se livrar do “gato”, mas ainda não conseguiu comprar padrão | Foto: Vinícius Lemos

Morador da rua Antônio Nunes de Souza desde que a antiga área do campus Glória foi ocupada, em 2011, o pedreiro José Liandro da Cruz aguarda desde então pelo processo de urbanização e regularização pelo qual a área passa. Ele disse à reportagem que a iluminação pública deve ser priorizada no momento. “Para todos os efeitos eu tenho energia [através de um ‘gato’], mas para a Cemig acaba sendo prejuízo. Para a rua seria melhor ainda ter iluminação. Chegamos de noite, não tem claridade, podemos ser abordado por ladrões. Minha ‘patroa’ caiu numa lama voltando do serviço aqui pela rua escura”, disse.

Ele ainda não instalou o padrão em sua casa devido aos custos do equipamento e por ter investido o dinheiro para murar a casa nos últimos meses.
 
BENEFÍCIOS
Tarifa social, novas lâmpadas e aquecedores
Parte dos moradores do Élssion Prieto poderá ter a chamada Tarifa Social, a qual, segundo a Cemig, é concedida às famílias inscritas no Cadastro Único do Governo Federal e que tenham o Número de Identificação Social (NIS). Para isso, as famílias precisam se encaixar no perfil de renda per capita de até meio salário mínimo. A família deve procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Uberlândia, para efetivação do cadastro único e do NIS.

A concessionária informou ainda que a comunidade será contemplada pelo Projeto de Eficiência Energética. As residências serão visitadas e os moradores receberão orientações sobre o consumo consciente de energia, troca de até cinco lâmpadas incandescentes ou fluorescentes por lâmpadas mais eficientes de LED, substituição de chuveiros por outros mais eficientes e instalação de aquecedores solares de água para todos os moradores que tiverem o padrão de energia instalado e o fornecimento de energia elétrica regularizado.
 
O BAIRRO
Em dezembro de 2017 foi assinado o termo de compromisso para transferência da área do Glória para a Cohab Minas. O recebimento aconteceu na última semana. Uma medida provisória assinada pelo ex-presidente Michel Temer no final de 2016 possibilita que União e suas autarquias e fundações transfiram a Estados e Municípios áreas públicas ocupadas por núcleos urbanos informais para fins de reurbanização. Essa legislação facilitou a negociação com a UFU para que a área ocupada do Glória fosse regularizada.

A área foi invadida entre o final de 2011 e o início de 2012, quando famílias ligadas ao Movimento Sem Teto do Brasil (MSTB) começaram a chegar ao terreno de 65,9 hectares. Atualmente, estima-se que quase 2 mil famílias estejam no local, muitas dividindo casas, o que geraria uma população de 15 mil pessoas.

O nome do bairro é uma homenagem ao professor Elisson Cesar Prieto, que fez parte do corpo docente do Instituto de Geografia da UFU e morreu aos 32 anos, em outubro de 2012 vítima de câncer. Ele ajudou nas negociações entre movimentos sociais, Governo e UFU para que a área ocupada do campus do Glória fosse destinada às famílias sem teto.

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90