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16/06/2019 às 09h30min - Atualizada em 16/06/2019 às 09h30min

Escolha de máquina de cartões exige cuidados

Segundo especialistas, é necessário pesquisar antes de contratar serviço para não ter prejuízos; Diário conversou com comerciantes de Uberlândia

MARIELY DALMÔNICA
Comerciantes falam de problemas enfrentados com as maquininhas | Foto: Divulgação
Atualmente, é raro encontrar algum estabelecimento que não aceite cartão de crédito ou de débito como forma de pagamento. No entanto, comerciantes que ainda não utilizam o dispositivo e pretendem modernizar a forma de trabalhar devem ter cuidado na hora da contratação do sistema, de acordo com especialistas. Segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em todas as capitais, 53% dos brasileiros estão pagando alguma compra parcelada no cartão de crédito.

De acordo com o Alexandre Tronconi, consultor de finanças do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Uberlândia, se o lojista não acompanhar essa mudança, ele não ficará no mercado por muito tempo. “A máquina é um fator para aumentar a venda. A gente não vê pessoas utilizando mais cheque por exemplo”, afirmou Tronconi. Ainda segundo a pesquisa da CNDL, enquanto 69% dos entrevistados preferem pagar compras a prazo com o cartão de crédito, só 1% utilizam o cheque pré-datado.

Quando utilizada de forma correta, a máquina de cartão é sinônimo de facilidade para o recebimento dos pagamentos, além de influenciar na redução da inadimplência. “A máquina tem um custo, o comerciante tem que incluir o custo no preço de venda. Orientamos as pessoas na questão financeira, porque a forma de recebimento também atinge as finanças da empresa”, disse o consultor.

Segundo Tronconi, não existe segredo para começar a trabalhar com a máquina de cartão, tanto pequenos quanto médios empreendedores podem adquiri-la logo quando começam um negócio, mas devem ficar atentos e pesquisar as diferentes opções de máquina que existem no mercado.
 
CUIDADOS
Para o economista e professor da Universidade Federal do ABC Fábio Terra, cálculo é a palavra chave para o comerciante que deseja adquirir uma máquina de cartão de crédito e débito. “O segredo é fazer conta. A primeira análise que deve ser feita é se a área em que o comerciante está, ou seja, o bairro, tem um conjunto bom de pessoas que compram com cartão, seja de débito ou crédito”, afirmou. Ainda segundo o professor, o empreendedor consegue fazer essa análise simplesmente conversando com os clientes.

Se o lojista concluir que vale a pena adquirir uma máquina de cartões, ele deve pesquisar qual operadora oferece o melhor convênio para o tipo de serviço que ele oferece. Existem diferentes instituições financeiras que oferecem diversas modalidades. É preciso analisar as taxas cobradas mensalmente, optar entre um serviço que seja alugado ou pago e também pechinchar o preço, afirmou o economista. “É uma troca de serviços, quanto maior o volume de vendas, mais fácil conseguir isenções e descontos. É necessário colocar tudo no papel”, completou.

O comerciante Marcos Sérgio Lage já trabalhava com cartão de crédito e débito quando decidiu contratar mais uma máquina no início deste ano. Quando foi fechar o serviço, pela internet, ele achou que estaria adquirindo a máquina de forma gratuita, quando na verdade precisava movimentar pelo menos R$ 3 mil por mês.

“No site não está especificado e o gerente que me trouxe a máquina também não me informou”, afirmou o comerciante. Lage teve problemas pessoais no início do ano e não movimentou a máquina, o que fez com que o banco a recolhesse. “Eles acabaram pegando ela só em maio e todos os dias estão me ligando, me cobraram R$ 486”, completou.

O comerciante disse que está aguardando a empresa, que prometeu uma solução em cinco dias. Lage também abriu um protocolo no Procon, principalmente depois que o nome dele foi parar no Serasa. “Se eu soubesse que seria assim, nem teria contratado. Tenho outra máquina que só desconta o que eu vender, não tem mensalidade e o dinheiro cai na conta na hora”, disse.

Segundo Luciano Andrade, diretor de fiscalização do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), muitos comerciantes procuram o órgão por falta de informação durante a contratação, principalmente quando ela é feita pela internet. “Eles têm muita dúvida, as máquinas de cartão têm muito encargo, um período de carência, de capitalização, e depois começam a onerar”, afirmou.
 
DESCONTO
No mês em que a pesquisa da CNDL foi feita, em março deste ano, 59% das pessoas ouvidas disseram que conseguiram desconto ao pagar por uma compra em dinheiro ou no débito, ao invés de pagar no crédito. Desde 2017, uma lei permite que os comerciantes cobrem preços diferentes em produtos pagos em cartão ou dinheiro, desde que os valores dos produtos estejam em locais visíveis.

Outra dúvida que atinge muitos consumidores é sobre a cobrança de pequenos pagamentos em cartões. Segundo o diretor de fiscalização, se o estabelecimento aceita cartões de crédito e de débito, devem receber qualquer valor por meio da máquina. “Não tem uma lei que fala sobre isso, mas o entendimento do Procon é que ele [o comerciante] não pode fazer critério de produtos e deve contemplar todos os valores”, afirmou Andrade.

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