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16/06/2019 às 11h00min - Atualizada em 16/06/2019 às 11h00min

Uberlândia recebe seminário com temas relacionados a emprego, futuro e cultura

Evento será realizado em três dias; inscrições são gratuitas

ADREANA OLIVEIRA
Rubem dos Reis é produtor, consultor cultural e um dos idealizadores do evento | Foto: Divulgação
O que é a cultura para você? Que lugar ela ocupa na sua vida? Quanto você pagaria por ela? Quanto ela vale? Quanto ela gera de riqueza? São muitos os questionamentos e muitos os caminhos que a chamada Economia da Cultura pode tomar. Essa é uma discussão urgente e necessária da qual não podemos nos privar nos dias de hoje. Pela quarta vez Uberlândia sedia o Seminário de Economia da Cultura, promovido pelo Balaio do Cerrado, que neste ano, graças a uma parceria internacional com a multinacional japonesa TS Trim, ganhou edição em Ouro Fino (MG), na semana passada.

O tema desta edição - “O futuro, o emprego e a cultura” - tem a ver com a própria vocação do seminário que é discutir a intersecção que existe entre a cultura e economia a partir de um tema específico que tenha relevância para o momento em que o seminário acontece. “E este tema faz todo o sentido para o momento em que vivemos pois, se por um lado o lugar do artista e da arte na sociedade está sendo questionado e ameaçado pela falta de entendimento das pessoas sobre o assunto, pelo outro o emprego está sendo ameaçado pela implantação de novas tecnologias, novas fontes de energia e forma de ocupação do solo, e vem acontecendo muito rapidamente por conta da robotização e de toda esta complexidade que a era digital nos trouxe”, disse Rubem dos Reis, produtor e consultor cultural e um dos idealizadores do evento.

Ele afirma que esta mudança na natureza do emprego já afeta muita gente e tende a impactar individualmente no cotidiano de todos. Quem quiser acessar o mercado de trabalho terá que desenvolver novas competências e habilidades, porque as que foram determinantes até aqui não mais servirão para manter alguém no mercado de trabalho. “É ai que entra a arte e a cultura como ‘fornecedores’ destas competências e habilidades. Estou falando de intuição, percepção, trabalho em equipe, comunicação, comprometimento, engajamento, autonomia, empatia, resiliência, flexibilidade entre outras competências e habilidades que podem ser adquiridas a partir da prática artística em suas várias linguagens”, explicou.

Reis também comenta que esta discussão deve ser inserida no dia a dia dos cidadãos comuns desde muito cedo. “Se quisermos formar pessoas com autoconhecimento, empatia, capacidade de análise crítica e autonomia não teremos outro caminho a não ser incluir as artes de uma forma mais efetiva e contundente na formação escolar”, explicou.

O apoio da TS Trim chega em um bom momento. Segundo Reis, a multinacional teve sua fundação calcada em valores e um deles tem a ver com o cuidado com a comunidade onde está inserida. Acreditam que muito mais importante que dar financiamento para ações pontuais é dar suporte para ações estratégicas que possam impactar e transformar positivamente a comunidade.

“Neste sentido foi um feliz encontro o desta empresa com o sistema Grupontapé/Balaio, pois comungamos do mesmo pensamento e temos uma sinergia grande no que tange a conceitos e forma de atuação. Um grande nó que teremos de desatar se quisermos evoluir no que tange ao uso da cultura e da arte como indutoras do desenvolvimento é a questão da burocracia, que diga-se de passagem, não é um problema que atinge só o setor cultural pois toda a sociedade é atingida e impactada negativamente, mas principalmente o ambiente de negócios é o que mais sofre com esta situação”, disse Reis.

A questão não é simples de se resolver e está entre os temas abordados e debatidos no seminário para o qual vem à cidade o assessor do Centro de Estudos de Políticas Públicas da Fundação João Pinheiro, José Oswaldo Guimarães Lasmar, mestre em Planejamento Regional e Urbano pela Universidade de Berkeley, na Califórnia. Para ele, o tema a ser debatido requer articulação e implementação de boas políticas de formação de públicos. “Em bom economês: formação de mercados culturais”, disse Lasmar.
 
EM CAMPO
Makely Ka é hoje um dos principais interlocutores da cena musical em Minas | Foto: Divulgação
 

Makely Ka é um dos mais requisitados compositores de sua geração. Já tocou nos principais palcos do Brasil e excursionou por Portugal, Espanha, Dinamarca, Lituânia, Turquia, Grécia e México. Nascido em Valença do Piauí (PI), ele tem em Minas Gerais sua segunda casa e por aqui é considerado um dos principais interlocutores da cena musical. Organizou mostras e festivais, participou de curadorias, lançou quatro álbuns e produziu discos de outros artistas, fez direção artística de shows, criou trilhas para cinema, dança e teatro, realizou documentários, compôs textos para peças sinfônicas e camerísticas, participou de conselhos estaduais e federais de cultura.

Como trabalha com diferentes projetos, ele sempre que precisa contrata pessoas para trabalharem com ele em diferentes áreas, do design à iluminação. “O número de pessoas varia de acordo com o projeto porque os custos fixos de uma grande equipe são inviáveis nos dias atuais”, conta ele, que ao lado da esposa, bailarina e coreógrafa, tem um núcleo criativo em casa.

Makely já fundou cooperativas e fóruns de música, realizou palestras e oficinas e publicou dois livros e diversos textos sobre política cultural, música, literatura e cinema. Prepara agora o lançamento do álbum "Triste Entrópico" e do livro "Música Orgânica". Para ele, atuar em várias frentes só ajuda. “Sempre produzi muito em diferentes situações e lugares, seja no metrô, dirigindo na estrada ou pedalando. Às vezes estou em um projeto de música que me dá uma ideia de documentário... vem uma ideia que não tem nada a ver com a outra coisa que estou fazendo e adoro lidar com essas múltiplas influências”, diz.
 
ABERTURA
Rosa Alegria é pioneira em Prospectiva Estratégica no Brasil, atua como futurista profissional há 18 anos e fez o curso Estudos do Futuro pela Universidade de Houston, Estados Unidos, a primeira escola a formar futuristas no mundo. Desde 2000, representa o Projeto Millennium no Brasil, a maior rede mundial de pesquisas sobre o futuro em diferentes temas.

Ela fará a abertura oficial o 4º Seminário de Economia da Cultura de Uberlândia com a palestra "O futuro em tempos de complexidade e transformação digital e o papel da arte e da cultura na geração de ocupação e renda”. Ela explica, em entrevista ao Diário de Uberlândia, que diante dos desafios múltiplos que vivemos, a criatividade nunca foi tão importante como agora. Em todas as agendas institucionais que existem, a criatividade está entre os principais atributos a serem desenvolvidos entre os seres humanos.

Afinal, de acordo com o Banco Mundial, 1 bilhão de pessoas entrará no mercado de trabalho ao longo dos próximos 10 anos, ao mesmo tempo em que 2 bilhões de empregos serão eliminados em 2030.

“Vivemos como se estivéssemos num neo-renascimento, podemos criar, recriar, inventar o que antes era improvável porque hoje somos intermediados pela convergência de muitas tecnologias poderosas. A economia criativa ou o mundo das artes e da cultura poderá ser a nossa grande saída para tornar nossas vidas sustentáveis”, afirmou.

Futuristas como ela trabalham com horizontes de planejamento de longo alcance, estimulam pessoas e organizações a olharem para o futuro e mudarem o presente. Eles percebem que a indústria da cultura pode ancorar essa nova caminhada da humanidade.
O futurismo (cientificamente conhecido como Prospectiva Estratégica ou foresight estratégico) é uma ciência interdisciplinar que busca estudar o futuro, compreendê-lo para antecipar mudanças no presente.

“Para se prepararem melhor para os próximos 10 anos, os profissionais que pertencem à economia criativa devem acompanhar a revolução digital e incorporar as tecnologias naquilo que já fazem. Também olhar para o seu negócio e tentar preencher a esses requisitos: gera riqueza? Gera trabalho? Gera impacto social?”, questionou.

Para a futurista, com a criatividade sendo um fator chave no desenvolvimento e na competitividade da economia, a área de indústrias criativas se torna uma importante fonte de dinamização das futuras sociedades pela sua capacidade de romper – através da arte e das expressões culturais – linguagens antigas, modelos obsoletos, setores e atividades econômicas que já não mais funcionam.
 
OURO FINO
Representante da Unesco, Virgínia Casado foi uma das participantes que só esteve no Seminário em Ouro Fino com a palestra “Cidades Criativas”, uma das mais concorridas da edição. Ela explica que a Rede de Cidades Criativas da Unesco (RCCU) foi instituída em 2004 para estimular trocas entre cidades que identificam a cultura como fator estratégico para o desenvolvimento. A Rede é formada hoje por 180 cidades de 72 países. São cidades que se articulam para colocar a criatividade como componente do planejamento e desenvolvimento urbano, além de contribuir com a troca de experiências e estabelecer conexões num ambiente internacional.
 
Quando as cidades se candidatam a integrar a RCCU comprometem-se com seus seis objetivos, entre eles, fortalecer a cooperação internacional entre cidades que tenham reconhecido a criatividade como fator estratégico de seu desenvolvimento sustentável e fortalecer a criação, produção, distribuição e disseminação de atividades, bens e serviços culturais.

“Para terem sido bem-sucedidas em suas candidaturas, cada prefeitura dessas cidades se comprometeu com os objetivos mencionados e apresentou à Unesco um plano municipal de desenvolvimento ancorado em políticas e programas focados em cultura, cujo prazo de implementação é de 4 anos. Por recomendação da Unesco, esse instrumento deve ser construído de forma participativa”, afirmou Virgínia.

No Brasil, hoje, oito cidades participam dessa Rede: Santos (SP), Curitiba (PR), Brasília (DF), Salvador (BA), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Belém (PA) e Paraty (RJ).
 
AMANHÃ (17)
10h: Apresentação da Peça “Balaio Popular” do Grupontapé de Teatro
Local: Sesc Uberlândia
14h: Apresentação da Peça “Balaio Popular” do Grupontapé de Teatro com “Conversa de gestão” com grupos teatrais da cidade
Local: Escola Livre do Gupontapé
19h às 22h - Solenidade de Abertura com a palestra: "O futuro em tempos de complexidade e transformação digital e o papel da arte e da cultura na geração de ocupação e renda” com Rosa Alegria, Aula Show com Makely Ka, debate com Mônica Debs, deputado Bosco, Felipe Amado e Paulo Vieira
Local: Sesc Uberlândia
 
TERÇA-FEIRA (18)
9h às 11h – Palestra “O profissional do futuro e o futuro do Emprego” com Cristiano Forth e “Grupontapé: sustentabilidade e desenvolvimento humano” com Katia Lou
Local: Escola Livre do Grupontapé

14h - Encontro com Felipe Amado
Local: Escola Livre do Grupontapé

19h - Oficina “Gestão de Carreira Musical” com Makely Ka
Local: Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli

19h - Painel 1 “O profissional do futuro e o futuro do empreendedorismo” com Cristiano Augusto Borges Forti e Márcia Freire
Local: Sesc Uberlândia

19h - Painel 1 “A nova lei de incentivo, a cultura e a geração de ocupação e renda” com Felipe Amado
Local: Sesc Uberlândia

19h - Painel 1 - “A Busca da efetividade e de indicadores na cultura” com Humberto Rocha, Eliane Parreiras e Thiago Frank Mendes
Local: Sesc Uberlândia

19h - Painel 1 - “A experiência do Teatro Debate Do Grupontapé na mediação de Conflitos em parceria com Ministério Público” com Daniela Cristina Pedrosa Bittencourt Martinez
Local: Sesc Uberlândia
 
QUARTA-FEIRA (19)
9h – Palestra “O profissional do futuro e o futuro do emprego” com Cristiano Forti e “Grupontapé: sustentabilidade e desenvolvimento humano” com Katia Lou
Local: Escola Livre do Grupontapé

9h - Palestra - “O Campo da Cultura e a geração de ocupação e renda”
Local: Escola Livre do Grupontapé

9h - Oficina “Gestão de Carreira Musical” com Makely Ka
Local: Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Caparelli

14h - Encontro das Artes Cênicas com Mário Piragibe, Valnilton Lakka e Rosa Antuña
Local: Escola Livre do Grupontapé

19h - Painel 2 “Economia Criativa e a geração de ocupação e renda” com Ana Flávia Machado e Bernardo da Mata Machado
Local: Sesc Uberlândia

19h - Painel 2 - “Potencialidades e entraves da Economia Criativa em Uberlândia” – Rodas de conversa
Local: Sesc Uberlândia

19h - Painel 2 “2° Observatório da Economia da Cultura e Criativa em Uberlândia” com Rubem Silveira dos Reis, Júlio César Almeida e Alexandre Molina
Local: Sesc Uberlândia

19h - Painel 2 - "Organizando Ideias para Buscar Soluções" com José Oswaldo Guimarães Lasmar
Local: Sesc Uberlândia

ENDEREÇOS
Sesc: Rua Benjamin Constant, 844, bairro Aparecida
Escola Livre do Grupontapé: Rua Tupaciguara, 471, bairro Aparecida
Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Caparelli: Av . Afonso Pena, 3.060, bairro Brasil

INSCRIÇÕES 
www.even3.com.br/ivsemeconomiaculturaudi 

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