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16/06/2019 às 12h39min - Atualizada em 16/06/2019 às 12h39min

Arraiás aquecem mercado de fantasias e alimentação em Uberlândia

Comerciantes estão otimistas com as vendas de produtos típicos da época

MARIELY DALMÔNICA
Para Osmair, época é a terceira melhor do segmento no ano em vendas | Foto: Mariely Dalmônica
Após a Páscoa movimentar o mercado com a venda de ovos de chocolate, e mais recentemente o Dia dos Namorados, agora é a vez dos arraiás aquecerem o comércio. De acordo com o setor, a época de festas juninas e julinas é bastante aguardada ao longo do ano.

Osmair Prado, proprietário da Ninas Fest, loja de artigos de festas, afirmou que a data é a terceira com maior movimentação em seu segmento. “A principal sazonalidade é a Páscoa, e neste ano ela estava mais ‘colada’ nas festas juninas do que no Carnaval. Então as vendas tendem a aquecer ainda mais no fim do mês”, disse o empresário, que abriu a segunda unidade há apenas seis meses. “Não tenho como comparar as vendas com o ano passado, porque nossa outra loja é bem pequena”, disse Prado, que está positivo com a chegada dos festejos juninos.

Segundo o empresário, depois da Páscoa, a maior época de vendas é em outubro, devido ao Dia das Crianças e do Halloween, que também tem começado a movimentar o mercado, principalmente com fantasias. “Se formos comparar, neste ano eu vendi 25 toneladas de chocolate na Páscoa, espero atingir cerca de 60% dessas vendas [em junho e julho]”, disse Prado.

Outra aposta feita por Prado foram os cursos de comidas típicas juninas ministrados por confeiteiras. O próximo será na segunda-feira (17) e o valor para participar é R$ 10. Durante a aula, que acontece à tarde, serão ensinadas receitas de bolo, pé de moleque e amendoim doce.

O empresário disse que investiu em aproximadamente mil itens típicos para os arraiás, e segundo ele, pessoas que estão vendendo produtos em barraquinhas e empresas que farão festas privadas são os maiores clientes. Além de alimentos como amendoim e milho para pipoca, e a venda de artigos de decoração, as fantasias têm chamado a atenção dos consumidores. “Temos mais de 200 opções para crianças e adultos. Muitas mães e pais têm comprado peças para os filhos, por conta das quadrilhas nas escolas”, completou.

Silvia Carvalho, dona da loja de fantasias para aluguel Castelo Fantasias há quase dois anos, sempre espera ansiosa pelo período de arraiás. Neste ano, a empresária preparou um catálogo de praticamente mil peças para adultos e crianças. “Temos aproximadamente 20% de peças já alugadas e a expectativa é que o movimento aumente mais. Algumas peças são mais queridas, então se repetem”, disse Carvalho. O valor do aluguel das peças varia de R$ 50 a R$ 130, e mais da metade das clientes são mulheres.

Neste mês e no próximo, a empresária também optou por estender o horário de atendimento da loja. “Como o movimento aumenta consideravelmente, estamos abrindo às 8h30 e fechando às 19h, ou até atendermos o último cliente na loja”, afirmou. O funcionamento normal do estabelecimento é das 9h às 18h.

Carvalho espera que o movimento seja ainda melhor do que ano passado, mas deve calcular o lucro de vendas só em agosto, depois que os arraiás da região chegam ao fim. “Posso dizer que o Carnaval e o Halloween também são épocas excelentes, mas como temos dois meses de festas, esse tema se sobressai”, afirmou a empresária.
 
OPORTUNIDADE
Comércio Festas Juninas

Comércio Festas Juninas

Josenelma chega a vender até 200 maçãs do amor no fim de semana | Foto: Mariely Dalmônica
 
Além de trabalhar com bronzeamento, Josenelma de Paula criou o Ateliê Maçã do Amor há cerca de cinco anos, quando decidiu investir em doces depois que familiares e amigos elogiaram a receita das famosas maçãs do amor. “Desde criança eu ficava encantada com esse doce. Depois desse feedback eu comecei a fazer e vender de porta em porta”, conta a empresária, que tem diversos clientes fixos, principalmente em comércios no Centro da cidade.

Além da receita tradicional, Paula também trabalha com maçãs gourmets, cobertas e recheadas de chocolate, creme de avelã e leite ninho. “Eu fui desenvolvendo a receita com alguns ingredientes que deixaram ela mais saborosa. Eu costumo dizer que ela é trabalhada de uma forma que a gente come com os olhos”, disse.

A empresária, que em outras épocas geralmente vende menos de 50 maçãs por dia quando sai para encontrar os clientes, vende mais de 200 unidades do doce em um fim de semana quando está em barraquinhas. “Este mês estou com a agenda praticamente lotada. A maior encomenda que peguei foi de 300 maçãs para uma festa particular”, afirmou. As maçãs do amor feitas por ela variam de R$ 4 a R$ 7.

Neste mês, Karen Buxini e a irmã Vanessa, que trabalham em escritórios, decidiram investir em um novo negócio para ter uma renda extra. As duas colocaram literalmente a mão na massa e lançaram a marca Buxini’s Pipoca Gourmet bem na época dos arraiás.

Comércio Festas Juninas

Comércio Festas Juninas

Irmãs criam comércio de pipicas gourmet | Foto: Divulgação

“A minha irmã fez um curso e me chamou para vender as pipocas junto com ela, e eu topei na hora. A gente começou na semana passada, eu criei a nossa logo e comecei a divulgar para os amigos”, disse Karen, que se surpreendeu com os pedidos. De acordo com ela, até quem não gosta muito de pipoca aprovou a receita gourmet, que agora se tornou um negócio fixo para as irmãs.

“Muitas pessoas nem conheciam esse tipo de pipoca, mas elas experimentaram e amaram”, diz Karen, que irá esperar alguns meses para saber como será o lucro com o produto fora da época das festas caipiras. Atualmente, ela e a irmã estão fazendo o produto gourmet em apenas três sabores, mas nos próximos dias o cardápio será ampliado.
 
PESQUISA
Os preços dos produtos utilizados no preparo dos pratos típicos de festas juninas mostraram alta de 9,15% nos 12 meses compreendidos entre junho de 2018 e maio deste ano, superando a inflação acumulada no período pelo Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que ficou em 5,06%.

Entre os produtos procurados pelos consumidores, destaque para a batata-inglesa, que subiu 98,13%, couve (24,43%), farinha de trigo (21,75%) e leite de coco (17,80%). O economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre-FGV) e coordenador do IPC, André Braz, analisou que produtos como a batata-inglesa apresentam essas "taxas extremas" em alguns momentos do ano.

Essas taxas dependem de condições de safra que, nos últimos meses, não foram muito favoráveis, o que acabou possibilitando essa variação em 12 meses. "Não quer dizer que seja uma situação permanente porque, como são lavouras curtas, a oferta se restabelece rapidamente e os preços tendem a devolver toda essa gordura, todo esse aumento acumulado nos últimos meses. O ponto principal é que esses aumentos não são duradouros", afirmou.
 
CÂMBIO
Outros itens componentes da cesta, principalmente os derivados do trigo, soja e milho, tiveram aumentos mais fortes porque, no ano passado, ocorreu uma desvalorização cambial maior. Este ano, Braz disse que o câmbio anda estável, devolvendo um pouco da valorização nos últimos dias. "Mas o acumulado em 12 meses ainda fica pressionado". Como os preços das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) são negociados em bolsa, em especial milho e trigo, os preços dos derivados subiram muito, apresentando aumentos de dois dígitos. Isso tende a inflar também um pouco a variação média da cesta feita para esse período do ano.

Entre os alimentos in natura, como batata-inglesa e couve, não há tendência de que a alta perdure por muitos meses. "A gente está vendo na coleta de preços do segundo trimestre uma desaceleração muito forte nessas famílias 'in natura' e ela deve durar, pelo menos, até o final de julho, início do terceiro trimestre.”
 
PASTAGENS
Em relação às proteínas, como carnes bovinas, que subiram 6,89% em 12 meses, linguiça (6,66%) e salsicha e salsichão (12,30%), André Braz observou que elas dependem do preço das grandes commodities, porque o gado se alimenta de rações à base de milho e soja, e também devido a condições de pastagem. Nesse período de inverno, com poucas chuvas, afirmou que isso compromete o estado das pastagens e prolonga o aumento do preço de proteínas.

O economista do Ibre-FGV avaliou que na família de produtos comprados para as festas juninas, o que tem mais chance de recuar no curto prazo são os produtos 'in natura', isto é, produtos de feira livre.

Para os consumidores que pretendem organizar festas juninas, André Braz aconselhou que, como se trata de festas sociais, a melhor maneira de driblar o aumento de preços generalizado nessa cesta é dividindo as despesas. "Se cada um levar um pouquinho, não vai pesar para ninguém e a festa vai ficar bonita. Já se ficar por conta de uma pessoa só, não vai ter orçamento para a festa, não".

Dentre os itens da cesta que apresentaram queda, destaque para farinha de mandioca (-23,47%), bolo pronto (-1,98%), açúcar refinado (-0,67%) e bebidas destiladas (-0,02%).

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