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05/06/2019 às 13h21min - Atualizada em 05/06/2019 às 13h21min

Educação Ambiental começa dentro de casa

Nova geração é esperança para um futuro melhor e mais limpo

ADREANA OLIVEIRA
Marlene Colesanti é professora e pesquisadora e trabalha há mais de 30 anos com educação ambiental | FOTO: Adreana Oliveira
"É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve". A frase do dramaturgo francês Victor Hugo (1802-1885) infelizmente, ainda faz sentido. Reclamamos do aquecimento global, do bueiro que não aguenta a água das chuvas, das enchentes, dos buracos nas ruas... porém, muitos de nós não conectam essas “respostas” da natureza a atitudes como jogar lixo em vias públicas, corte indiscriminado de árvores e excesso de poluição na atmosfera provocado pela queima de combustível fóssil.

Com mais de 30 anos dedicados à educação ambiental, é vendo as atitudes da nova geração e dos netos de 2 e 7 anos de idade que a professora e pesquisadora Marlene Colesanti, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), consegue enxergar uma luz no fim do túnel. A geógrafa tem vários trabalhos publicados sobre cidades sustentáveis, educação ambiental, geografia urbana e percepção da paisagem.

“Eu uso transporte público e converso muito com as pessoas pelos trajetos que faço. Estamos tão acostumados com o feio que o belo já não chama mais nossa atenção. Quando ando a pé, percebo que temos cada vez menos conforto térmico em nossa cidade”, disse, em entrevista ao jornal Diário de Uberlândia.

Para ela uma cidade sustentável só é possível quando há mudança de atitude. Se as pessoas não se preocupam com gastos indiscriminados e produção de resíduos a cidade sustentável não existe. Ela começa dentro da nossa casa e as pessoas precisam dar o exemplo. “Conheço gente de diferentes classes sociais. Muitas viajam pelo mundo e adoram andar de ônibus em Paris, de metrô em Nova York mas quando voltam para Uberlândia não têm interesse em saber como está o transporte público na cidade”, comentou.

Para Marlene as escolas de educação infantil têm feito um bom trabalho e o cuidado do meio ambiente é uma atividade diária. “Há pesquisas que comprovam que quando saem do campo, ao chegar nas cidades, as pessoas não querem mais ver terra ou folhas. A primeira coisa que fazem é cimentar os quintais sem se preocuparem com a infiltração da água. Temos estudos do Laboratório de Climatologia da UFU que revelam também que hoje não chove mais que há 30 anos, temos essa percepção por conta do aumento das enxurradas”, explicou.

A pesquisadora vai em setembro para Portugal, onde iniciará uma pesquisa em parceria com a UFU e a Universidade de Coimbra sobre arborização e saúde. A pesquisa será realizada também em Uberlândia, Goiânia e Lisboa, além de Coimbra. “Vamos sair batendo na casa das pessoas que moram em ruas arborizadas para saber se há incidência de doenças como pressão alta, diabetes. Já há um estudo alemão que comprova que pessoas que moram em ruas arborizadas são mais saudáveis. Na rua em que moro, no bairro Umuarama confirmei isso”, adiantou.

Se pudesse deixar uma mensagem que fosse reverberar pelo país, Marlene pediria para que as pessoas pensassem mais no planeta. “Conte até dez antes de comprar algo que você não precisa. Chame os vizinhos do condomínio para participar ativamente da coleta seletiva, descarte o lixo no lugar certo, não desperdice água e plante árvores”.
 
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Educação Ambiental

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Primeiros instrumentos legais de proteção ambiental surgiram no Brasil em 1934 | Foto: Raiz Ambiental/Divulgação

Os primeiros instrumentos legais de proteção ambiental surgiram no Brasil em 1934, pelo decreto 24.643, que aprovou o primeiro Código de Águas Brasileiro, e pelo Decreto Federal 23.793, que aprovou o primeiro Código Florestal Brasileiro. Desde então, uma série de instrumentos legais normativos e instrutivos foram criados para ordenar o consumo de recursos naturais e garantir a sua preservação.

A área de consultoria e assessoria ambiental, portanto, não é nova. Sua função está em instruir a empreendimentos e a comunidade quanto aos procedimentos ambientalmente adequados para monitoramento e utilização de recursos naturais. “O setor tem passado por mudanças que devem ser consideradas para atuação no mercado. Uberlândia é uma cidade, que nas últimas décadas apresenta intenso crescimento urbano. O município representa um ótimo local de atuação para o setor ambiental, uma vez que, o licenciamento ambiental é necessário para as mais variadas atividades, tais como industriais, agrícolas a comerciais”, disse Daniel Fernandes Loureiro, sócio-diretor da Raiz Assessoria Hídrica e Ambiental, há 11 anos em Uberlândia.

Atualmente a empresa atua, principalmente, no setor de licenciamento e regularização ambiental, desenvolvendo estudos para avaliar e identificar os impactos ambientais relacionados as atividades dos clientes e propor medidas voltadas a mitigar tais impactos, e instruções quanto aos procedimentos legais vigentes para instalação e operação dos empreendimentos.

“Desenvolvemos ainda uma série de trabalhos de monitoramento ambiental, relacionados ao acompanhamento das licenças vigentes dos clientes, elaboração de processos de outorga, monitoramento de recursos hídricos, levantamento de fauna e flora, topografia, geoprocessamento e execução de Programas de Educação Ambiental”, disse o geógrafo e analista ambiental Frederico Augusto Tavares Amaro.

A falta de conhecimento das exigências legais, os custos inerentes aos processos de regularização e a carência financeira das instituições ambientais, geram problemas que se tornam recorrentes. “Normalmente o empreendedor não tem ideia do que necessita fazer para ter seu empreendimento regularizado ambientalmente, por isso a consultoria é importante. No Brasil existem processos regulatórios em diversas esferas, não só estadual. Os custos associados aos longos prazo de regularização, muitas vezes acabam fazendo com que o empreendedor se arrisque, iniciando suas atividades de forma irregular”, disse Loureiro.


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