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26/05/2019 às 12h01min - Atualizada em 26/05/2019 às 12h01min

Uberlandenses relatam experiências com viagens de alto padrão

Economia nas passagens áreas e destinos exclusivos são tendências em viagens de luxo pelo mundo

DANIEL POMPEU
Fábio Vilela viaja pelo mundo avaliando os voos de alto padrão | Foto: Arquivo Pessoal
Para muita gente, viajar em voos de primeira classe, visitar destinos paradisíacos e se hospedar em hotéis cinco estrelas sempre foram coisas de cinema. Devido às exorbitantes quantias necessárias para viajar desta forma, o mercado de luxo é extremamente restrito: apenas 3% dos turistas realizam viagens consideradas luxuosas. Mesmo assim, a categoria representa um quarto de toda a receita do setor no mundo. Os dados de 2016 da Organização Mundial do Turismo (OMT) e da International Luxury Travel Market (ILTM) também apontam que entre 2011 e 2015, esse mercado teve um crescimento de 48% e o Brasil é o quarto no ranking de receptores de turismo de luxo no planeta. O País, de acordo com a pesquisa, tem potencial para desenvolver um mercado de viagens de alto padrão com faturamento de R$ 20 bilhões por ano.

Em um momento de relativo crescimento de interesse pelo setor, Fabio Vilela criou seu site, o Passageiro de Primeira (passageirodeprimeira.com), para oferecer dicas para quem sonha - ou quer obter mais vantagens - viajar de primeira classe. O uberlandense de 33 anos, que já deu 34 voltas ao mundo viajando de avião, criou o site há 8 anos quando já cultivava o hábito de buscar informações sobre como conseguir as melhores passagens aéreas. Ao notar que havia poucos dados disponíveis do gênero, o empresário começou a escrever sobre o assunto e criou o site que hoje tem um escritório físico em São Paulo.

Vilela começou, ao longo dos anos, a disponibilizar no site avaliações de voos de alto padrão. “O pessoal começou a pedir para eu experimentar os voos”, conta. Para conseguir custear as passagens, que podem chegar a R$ 15 mil, ele iniciou uma busca de alternativas para baratear a experiência.

“Foi quando eu comecei a falar dos programas de fidelidade no site, que hoje é o carro-chefe. Eu ensino as pessoas como usar programas de milhas e pontos para viajar de executiva e primeira classe, mas pagando preço de econômica”, disse. De acordo com ele, é possível reduzir os custos em até 90%. Como exemplo, Vilela cita que as passagens de ida e volta na primeira classe para algum país da Ásia, passando pelo Oriente Médio, custam em torno de R$ 27 mil. Segundo ele, através da adesão à programas de pontos e fidelidade, pode-se reduzir o valor para R$ 5.800. Ele destaca que o acúmulo de pontos não está associado apenas à viagens, mas também a gastos no cartão de crédito, transporte, supermercados e academias que também geram descontos no momento de compra das passagens.

Hoje, o trabalho de Vilela se resume em grande parte a viajar pelo mundo avaliando os voos de alto padrão das companhias aéreas. Para ele, entre as principais diferenças com relação à classe econômica, está o acesso à salas VIPs nos aeroportos. “Tem salas que tem academia, SPA, restaurante, chef michelin cozinhando, cardápio assinado. Você começa a sentir a diferença da experiência já no aeroporto”, disse. Dentro da aeronave, Vilela explica que o foco é o conforto. Há poltronas que viram cama, bebidas alcoólicas à vontade, cozinheiros a bordo preparando refeições e atendimento individualizado. Alguns aviões, de acordo com ele, disponibilizam até mesmo chuveiro para que os passageiros possam tomar banho durante longas viagens internacionais.

Para o empresário, o sonho de viajar de maneira luxuosa tem alimentado o crescimento do mercado. Segundo ele, quem estiver disposto a entender e praticar as estratégias para conseguir melhores voos e acomodações, poderá viver a experiência de alto padrão sem precisar dispor de quantias milionárias na conta bancária. “A nível Brasil, despertou o interesse das pessoas ao saber que é possível viajar de primeira classe executiva e não ser coisa só pra rico”, disse.
 
TENDÊNCIAS

Elizabeth Van Ass faz uma média de cinco viagens internacionais por ano | Foto: Arquivo Pessoal

  
Elizabeth Van Ass tem 52 anos e faz parte dos 3% dos turistas que escolhem a modalidade luxuosa quando viajam. Ela se desloca, em média, cinco vezes por ano a destinos como Estados Unidos, Canadá, Rússia há cerca de 15 anos. A mais recente, e umas de suas preferidas, foi para a Turquia. Apesar do gasto médio de R$ 32 mil por pessoa durante suas viagens de cerca de dez dias, Van Ass costuma dispensar o voo de alto padrão, preferindo reservar assentos mais confortáveis nas classes econômica e executiva. O dinheiro que a uberlandense economiza com as passagens, prefere gastar com estadia, restaurantes e compras.

“O meu conceito de viagem de luxo é exclusividade e personalidade. Não gosto de hotéis muito grandes, gosto de hotéis-boutique, aqueles menores, que tem menos pessoas e você tem aquele atendimento exclusivo. Pra mim é luxo você acordar e o garçom saber que você gosta de uma taça de champanhe de manhã”, afirmou. Como exemplo, Van Ass cita uma viagem que fez ao estado do Colorado, nos Estados Unidos. De acordo com ela, as filhas reservaram uma casa, toda feita de vidro e madeira no site AirBnb - que disponibiliza residências pessoais para reserva em curtos períodos - em que era possível assistir a neve cair durante o inverno americano. Ela disse que apesar de também gostar de restaurantes de alto padrão e destinos cobiçados, a estadia mais enxuta e charmosa a tem atraído mais nos últimos anos. O aspecto luxuoso, de acordo com ela, está no quão única e memorável a experiência pode ser.
 
PERFIL PESSOAL
Elizabeth não está sozinha quando a preferência é simplicidade e atendimento personalizado. De acordo com um relatório de inteligência para o setor de turismo feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em conjunto com o Sistema de Inteligência Setorial (SIS), os viajantes de luxo têm buscado cada vez mais experiências baseadas em perfil pessoal e não apenas em gastos exorbitantes em resorts e cruzeiros luxuosos. O relatório aponta que, diferente do que ocorria ao final do século passado, quando grandes hotéis de luxo estavam em alta como aspecto central de uma viagem, a autodescoberta, a simplicidade, a autenticidade e a sustentabilidade agora têm ocupado maior espaço na lista de desejos deste público.

O estudo também classifica os viajantes de luxo atuais em três segmentos específicos: caçadores de recompensas, buscadores de simplicidade e contadores de objetivos. No caso dos caçadores, estes buscam experiências com elementos de aperfeiçoamento pessoal e exigem foco na saúde física e mental. Já os buscadores de simplicidade valorizam a praticidade e transparência, ao terceirizarem o roteiro e planejamento a agentes de viagem que ficam atentos às demandas do cliente e conhecem seus desejos. Por fim, os contadores de objetivos viajam de forma luxuosa em situações de negócios, casamentos de amigos e familiares e eventos religiosos. Ao frequentarem tais situações, os viajantes aproveitam para desfrutar do alto padrão oferecido pelo destino. Os perfis, descreve o relatório, podem mudar de acordo com a situação do turista.

No caso de Van Ass, a uberlandense se encaixa, em grande parte de suas viagens, no perfil de buscadora de simplicidade. Ela explicou que conta com uma agente de viagens que é próxima e já conhece seus gostos há alguns anos. Quando escolhe a viagem, ela parte dos lugares que ainda não conheceu. Ela então pesquisa destinos e culturas que despertem interesse e passa as informações para a agente, que planeja as demandas. Nas últimas viagens, incluindo a que foi para a Turquia, Van Ass fez passeios a fim de conhecer a cultura local, buscando a experiência única que o país poderia oferecer para além de hotéis cinco estrelas e restaurantes projetados para os turistas de luxo.

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