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26/03/2019 às 17h18min - Atualizada em 26/03/2019 às 19h41min

Hospitais criam plano para reduzir o número de cesarianas em Uberlândia

Programa "Plano de Parto" visa diminuir a média anual de 72% das cesáreas realizadas na cidade

MARIELY DALMÔNICA
Grupo de apoio à gestante promovido pelo Hospital de Clínicas | Foto: Milton Santos/UFU
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), o Hospital Municipal e a rede pública de saúde fizeram uma parceria e criaram o Plano de Parto Municipal com a intenção de estimular o parto normal e reduzir o número de cesarianas desnecessárias. Por ano, nascem em média 10 mil crianças em Uberlândia, sendo que 72% dos partos – incluindo as redes pública e privada – são cesarianas. A média nacional é de 55,6% de cesáreas. O índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 15% de cesarianas no geral.

O Plano de Parto foi criado a partir de um projeto de extensão desenvolvido no curso de Enfermagem da UFU pela professora Efigenia Aparecida Maciel, e também conta com o apoio da ginecologista-obstetra Silvia Helena Caires, que atua na saúde da mulher no Município, e da psicóloga e doula Alessandra Araújo.

A professora Efigenia, que ministra a disciplina de Saúde da Mulher e trabalha com o conteúdo de parto e nascimento, teve a ideia de criar o Plano de Parto em sala de aula. “Montamos dentro do nosso projeto de extensão e elaboramos um plano inicial para apresentar para as gestantes. Fomos crescendo e começamos a trabalhar com os profissionais de saúde”, disse.

 
“Evidências científicas apontam que o parto normal expõe a mulher a menos riscos. O que faz aumentar o número são as cesarianas desnecessárias. Existe um movimento da OMS para a redução dessas taxas no mundo todo, por conta dos números elevados de complicações, como hemorragia pós-parto”, diz Efigenia.

Segundo Silvia Helena, o Plano de Parto é uma exigência do Ministério da Saúde e faz parte do projeto Rede Cegonha. “A iniciativa foi fazer um Plano de Parto único para toda a rede de Uberlândia. A gente começou fazendo reuniões com representantes do Hospital Municipal, da UFU e da Secretaria Municipal de Saúde”, disse a ginecologista. O modelo inicial do projeto foi criado pela UFU, mas depois foi aprimorado com as necessidades de cada local. “Com todas as visões saiu a versão final. Eu acho que é uma ferramenta revolucionária”, afirmou Silvia.

De acordo com Alessandra, ainda existe preconceito dentro dos hospitais, e o material também servirá de apoio para os profissionais de saúde. “O documento traz o que é melhor e o que pode ser oferecido para a mulher. Ela precisa entender o que precisa na hora do parto, para não chegar sem conhecimento.”

A ideia é que o projeto, que está sendo implementado há cerca de um ano no Hospital Municipal, no HC e em algumas unidades do município, chegue em todas as unidades até o fim do ano para que as gestantes tenham acesso ao material durante o pré-natal. “Estamos fazendo a implementação devagar. O grande desafio é a capacitação dos profissionais, também é uma novidade até para eles”, disse Alessandra.

Por mais que alguns hospitais do País já tenham adotado essa medida, o Plano de Parto utilizado como uma política municipal é uma inovação e ainda não atende a todos.

Nos próximos meses, os alunos de Enfermagem da UFU, junto com a professora Efigenia, irão se reunir com as secretarias de Saúde de Araguari e de Tupaciguara com o objetivo de expandir o projeto para as cidades da região.
 
COMO FUNCIONA?
 
O Plano de Parto tem a finalidade de informar as gestantes sobre os direitos que elas têm na hora do parto e também leva informação para o profissional de saúde, segundo Silvia.

“No hospital, o médico tem que conhecer as necessidades individuais, é uma forma de comunicação. Tem muita gestante que não sabe o direito dela, não sabe que tem direito de andar, se alimentar, ou de escolher as posições. Ela assina o documento para ter os direitos respeitados”, afirmou a médica.

O documento também inclui outras informações, como quem estará presente na hora do parto e até que música a gestante gostaria de ouvir. O Plano de Parto será distribuído nas unidades de saúde do Município até o fim deste ano e também pode ser baixado e impresso através do site da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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