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23/03/2019 às 11h00min - Atualizada em 23/03/2019 às 11h00min

Deputado Luiz Humberto defende Estado mais leve

Líder do governo em duas gestões tucanas, uberlandense agora tem como missão defender a reforma na ALMG

VINÍCIUS LEMOS
Deputado uberlandense concedeu entrevista ao Diário de Uberlândia nesta sexta-feira (22) | Foto: Divulgação
Em seu quinto mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado estadual Luiz Humberto Carneiro experimenta pela terceira vez a liderança do Governo do Estado entre os colegas de parlamento, mas em uma situação diferente. Historicamente filiado ao PSDB, dessa vez ele representa o governador Romeu Zema, do partido Novo e cuja carreira política começou no Executivo mineiro.

Em entrevista ao Diário de Uberlândia na manhã desta sexta-feira (22), ele explicou como foi a aproximação com a gestão e contou que o grande projeto nesse momento é o enxugamento da máquina do Estado, cujo grande expoente é a reforma administrativa. O texto do Executivo deve chegar ao Legislativo em 40 dias. Até lá, negociações acontecem junto aos deputados estaduais sob a costura de Luiz Humberto.
 
Diário - O que motivou o senhor a aceitar o convite para liderar o Governo Romeu Zema na Assembleia?
Dep Luiz Humberto - O que mais me motivou foi o estado crítico que Minas Gerais atravessa. A gente sentiu a dificuldade que o governador iria ter até pelo partido Novo ter três deputados só, ainda dentro da casa um certo desconhecimento por parte do Novo e nessa eleição ficou claro que a população tinha um desejo de mudanças. Para fazer mudanças, a gente entendeu que precisa do pessoal que estava lá disposto a isso. Após o convite, numa conversa que tive com (Antônio) Anastasia, antes de dar a resposta, todos entenderam que tínhamos que participar. O próprio Anastasia disse que todos deveriam das as mãos. Então foi dentro disso que aceitei o convite. Fizemos na Assembleia o maior bloco de apoio com 21 deputados. Temos dois blocos independentes que todos estão dispostos a ajudar o Governo. Temos cerca de 60 deputados com essa possibilidade de votar com o Governo. Temos oposição mais ferrenha que é o PT. Para fazer mudanças, temos projetos que vão passar pela Assembleia. Projetos às vezes impopulares, mas que os deputados entendem que temos que mexer, como a reforma da Previdência, que vai ser votado a nível federal e vem numa escala para os Estados e Municípios que teremos que votar. Temos a renegociação da dívida com a União. Tem o projeto da reforma administrativa que vai enxugar a máquina. Como todos sabem eu fui Anastasia, meu grupo é ligado ao Anastasia, PSDB. Mas todos nós já tínhamos oferecido a ele (Zema) essa disponibilidade de ajudar ainda em dezembro, após as eleições. O que mais me estimulou a aceitar o convite. É um projeto que traz as mudanças que acreditamos ser preciso.
 
Como foi isso, seu grupo que era ligado ao então candidato Antônio Anastasia, depois ter essa aproximação com o Romeu Zema?
Ele (Zema), após as eleições, e o próprio partido Novo analisaram direito e precisam entender a Assembleia, e foi feita uma consulta a vários parlamentares. Para minha alegria, todos os que foram consultados citaram meu nome para gente reunir e conseguir votar os projetos. Mas essa aproximação surgiu lá atrás em dezembro, como disse, num convite do governador Zema com as bancadas e nós nos colocamos à disposição.
 
O Zema nunca havia se candidatado. Essa falta de experiência e todo o momento que o Estado passa trazem problemas nas votações na Assembleia?
Eu diria que o projeto é bom, de um olhar diferente do que era a coisa pública e foi o desejo da população. Confesso que a dificuldade que o Governo tem é justamente numa proximidade com o Parlamento. Ele precisa ter uma ligação forte. Quando você busca uma eleição como ele, por não ter uma experiência, ele (Zema) só olhou o Executivo, das mudanças que ele queria. Mas para fazer essas mudanças ele precisa do Parlamento e aí que ele tem que ter um bom convívio. Às vezes o próprio parlamentar que quer um espaço maior para participar de algumas indicações políticas, ou o desejo de emendas parlamentares, isso é porque ele cuida da base dele, não é troca de favores. Ele está ali atendendo a uma demanda da região que o elegeu e que ele conhece bem. Essa dificuldade no começo estava grande e ela ainda existe, dessa aproximação, mas tivemos três reuniões com Zema levando três blocos, só falta a oposição, que levaremos na próxima semana. O que está faltando é a aproximação com o parlamentar. O governador está vendo quais as necessidades que o deputado tem para atender a região dele e isso envolve o Governo. Vou dar um exemplo. Uma visita ao interior, o governador pode chamar o deputado para estar com ele, porque o parlamentar é quem conhece todo mundo. O governador Zema foi eleito sem o apoio de prefeitos, mas todos os parlamentares foram eleitos com o apoio dos prefeitos. Então a ligação com o prefeito, quem tem, é o parlamentar.
 
Como estão as contas do Governo?
O Governo tem hoje um déficit mensal de R$ 1 bilhão. Hoje temos um déficit orçamentário já imediato de R$ 12 bilhões para cobrir (durante o ano de 2019). Mas o rombo hoje dentro da previsão é de R$ 40 bilhões, que inclui Previdência, municípios. Com um único projeto ele não consegue matar a dívida do Estado, mas com vários projetos ele consegue minimizar esse déficit orçamentário. O Governo traz uma reforma que gera uma economia de R$ 1 bi em quatro anos. Mas ele (Zema) é sabedor que se não fizermos uma renegociação da dívida, novos recursos não chegam a Minas Gerais e não atraímos novos investimentos.
 
O que já foi apresentado pelo governador para o senhor começar a fazer a costura na Assembleia para votações?
O projeto de reforma administrativa já foi apresentado e discutido com todos os blocos parlamentares. Ela vai fazer adaptação do número de secretarias, que vai passar de 22 para 12, e isso já traz redução nos custos. Pode ser feito um enxugamento na área da MGS, que é uma empresa que presta serviço. Ela é do Estado e prevê um enxugamento de R$ 160 milhões por ano e pode faturar. Ela já presta serviço para o Tribunal de Contas, então isso pode ser estendido para o Tribunal de Justiça, à Assembleia e vários outros órgãos.
 
Há pontos de tensão com deputados?
A tensão em cima do projeto não, mas há aquilo que falei: uma cobrança de aproximação entre Governo e parlamentares. O projeto chega na casa em torno de 40 dias, mas sem previsão de votação.
 
Existe uma previsão de regularização de repasses aos municípios?
Ontem, teve uma reunião com a Associação Mineira de Municípios (AMM), o Governo já fez as propostas, o repasse está regularizado desde 1º de fevereiro e os repasses estão em dia. O Estado tem uma pendência no mês de janeiro, que ficou para ser feito. O que acontece, ele está jogando esse repasse para frente até porque a situação no momento não permitia. Já está acetando a dívida do ex-governador Fernando Pimentel com os municípios, que ela começa a ser paga em 2021 em 30 parcelas.
 
E sobre o pagamento dos servidores?
Continua parcelado, mas pagos dentro do mês. O 13º está negociado. A folha de pagamento, cuja obrigatoriedade é de ficar em torno de 60%, o Governo estava com 78% do orçamento comprometido com folha. Isso é caso de polícia. Esses acertos, o Governo quer pagar no quinto dia útil, mas ainda pela entrada de recursos não tem como dar uma previsão.
 
E sobre investimentos, já que temos uma série de obras a serem iniciadas ou paradas, inclusive aqui em Uberlândia. Há previsão de investimentos do Governo no Estado?
Eu acho difícil nesse primeiro momento com um déficit de R$ 1 bilhão por mês. Falta recurso, você faz a obra com a economia que se faz com gastos. Muitas empresas podem chegar em Minas Gerais. É uma saída para aumentar arrecadação, mas não vem a curto prazo. O Governo não pode reduzir impostos, mas fez compromissos de não aumentar impostos.

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