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07/03/2019 às 08h00min - Atualizada em 07/03/2019 às 08h00min

Pais denunciam falta de alimentos para a merenda escolar em Uberlândia

Sem carne e legumes frescos, escolas têm servido o que resta do estoque

VINÍCIUS LEMOS
Uma das escolas da rede tem falta de carne, legumes e até sal e alho para o tempero
As duas primeiras semanas de aulas na rede municipal de ensino, para parte dos estudantes, foi de merenda escolar sem legumes, frutas e, por vezes, até sem carne. Levantamentos feitos pela reportagem do Diário de Uberlândia mostram que crianças e adolescentes foram alimentados basicamente com arroz, feijão e macarrão em escolas de diferentes bairros da cidade.

No Diário Oficial do Município, na edição do dia 1º de março, foi publicada a compra de 380 toneladas de alimentos, que vão de arroz a legumes, em atendimento à Secretaria Municipal de Educação, o que deve ajudar a normalizar a oferta de hortifrútis a partir da próxima segunda-feira (11), segundo a Prefeitura.

O Diário conversou com pelos menos 10 pessoas de oito escolas diferentes, que relataram a mesma situação, apontando, principalmente, a falta de fornecimento de verduras e frutas. A maior parte do que foi oferecido, desde o dia 18 de fevereiro, era do estoque antigo das escolas, de produtos com menor perecibilidade. Alimentos frescos, quando eram ofertados, segundo os relatos, eram levados por funcionários ou pais dos estudantes.

“Não está tendo verdura desde que voltaram as aulas. Nem frutas. Eu trouxe verduras e as pessoas [pais e funcionários] estão trazendo também”, disse uma pessoa que conversou conosco sobre a situação. Todos os entrevistados pediram para que seus nomes fossem preservados, principalmente os servidores, com medo retaliações.

Uma das pessoas entrevistadas informou à reportagem que na Escola Municipal Odilon Custódio Pereira, no bairro Seringueiras, não há carne, nem legumes e falta, inclusive, sal e alho para temperar os alimentos que estão na despensa na instituição. Recentemente, o local teria recebido certo volume de arroz, mas o produto estava estragado e com bichos. O feijão estocado na Odilon Pereira, segundo a entrevistada, acabou na última quinta-feira (28) e o macarrão servido aos estudantes é com açafrão que os funcionários providenciaram.

merenda escolar uberlândia

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Arroz com molho de tomate foi servido na última semana a alunos da rede

Segundo a fonte, a promessa do Município é de que a situação seja normalizada nos próximos dias, até porque, caso não haja resolução, não haverá o que servir aos, aproximadamente, 1,5 mil estudantes da escola. Recentemente o local foi visitado por membros do Programa Municipal da Alimentação Escolar (Pmae), o que indicaria que o Município tem ciência da situação.

O pai de duas alunas da Escola Municipal Hilda Leão Carneiro, no bairro Morumbi, que também pediu para não ser identificado, afirmou que, desde o início das aulas, as filhas reclamam que têm comido apenas arroz com feijão na merenda. “Esses dias elas comeram só mingau. Não tem verduras e de vez em quando tem leite”, afirmou.

Outros relatos de escolas de ensino infantil nos bairros Santa Mônica, Esperança, Morumbi e Shopping Park são iguais. Em parte delas, na última semana, começou a chegar carne e ovos, mas há informações de que acabaram bolachas e leite em alguns locais.

Por meio de nota, a Prefeitura informou que todas as escolas municipais iniciaram o ano letivo abastecidas de mantimentos, tais como pão, arroz, feijão, leite, ovos e carne bovina. Pais de alunos, no entanto, enviaram à reportagem fotos de merendas em que mal há feijão nos pratos, além do arroz. Em uma das escolas, foram servidos aos alunos pratos com arroz, batata e molho de tomate. Outra imagem mostra também uma merenda composta apenas por frango desfiado servido com mingau de fubá.

CRONOGRAMA
O cronograma de entrega de alimentos repassado aos diretores das escolas municipais mostra que itens como filé de coxa e sobrecoxa e filé de peito de frango estão em processo licitatório para compra, sendo substituídos por ovos, com quantidade dobrada para a próxima semana, enquanto não for finalizado o trâmite.
 
Situação é comum em início de ano, diz CAE
 
Procurado, o presidente do Conselho de Alimentação Escolar (CAE), Cidelmar dos Reis Pereira, disse que problemas com fornecimento de alimentos são comuns em início de ano letivo, em qualquer governo, devido ao fechamento de contratos com as empresas.

“Dentro da visão do conselho, está normal, dentro do histórico do início de ano, com contratos sendo fechados. Claro que não é a normalidade de todo um ano letivo, mas os alunos não estão sem comer”, afirmou.

Cidelmar dos Reis disse ainda que não houve denúncias formais ao conselho sobre a falta de alguns alimentos na rede municipal de educação e que, para a próxima semana, espera a normalização do fornecimento. O conselho também espera uma reunião com a Prefeitura para os próximos dias.

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