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06/02/2019 às 07h44min - Atualizada em 06/02/2019 às 07h44min

Petrobras reajusta gasolina em 1,5% e os postos da cidade sobem 6,8%

Preço do combustível subiu R$ 0,30, em menos de 3h, durante o período em que o Diário produzia a matéria

NÚBIA MOTA
O Diário percorreu postos na manhã de ontem para falar com consumidores; enquanto a reportagem produzia a matéria, houve um aumento de R$ 0,30 na maioria dos estabelecimentos | Foto: Núbia Mota
Ontem, às 7h30, a reportagem do Diário de Uberlândia esteve em sete postos da cidade, entre o bairro Granja Marileusa e o Centro da cidade, para falar com os consumidores sobre o preço da gasolina, que estava o mais baixo desde o início do ano, entre 4,3799 e R$ 4,399. Menos de três horas depois, seis estabelecimentos visitados, reajustaram o valor em R$ 0,30 e a gasolina passou a ser vendida entre R$ 4,679 e R$ 4,699. O aumento pegou de surpresa a todos, já que até mesmo os frentistas e gerentes entrevistados no início da manhã pareciam não saber o que vinha pela frente ou, provavelmente, não estavam autorizados a falar.

Na sexta-feira (1º), a Petrobras anunciou uma redução de 1% no valor do produto para as distribuidoras, mas a queda não foi percebida nos postos. Três dias depois, na segunda-feira (4), outro anúncio foi feito, dessa vez para reajustar em 1,5% o preço médio da gasolina nas refinarias e agora, dessa vez, o consumidor final foi afetado. Desde ontem, o preço médio do litro do combustível passou de R$ 1,4758 para R$ 1,4990 para os distribuidores, que compram das refinarias e vendem para os postos de combustível.  Mas não foi este o reajuste repassado pelos postos aos consumidores, já que o aumento foi de 6,8% nas bombas, ou seja, 4 vezes mais do que lá na refinaria. “Eles (donos de postos) fazem isso todas as vezes. Diminuem o preço 10 centavos e depois aumentam 30 centavos. É um cartel descarado. Acho que é uma forma de tirarem o prejuízo em cima do cliente. Se é que eles têm prejuízo”, disse Leandro Gonçalves, motorista de aplicativo.

Por volta das 8h, o vendedor Marcos Henrique Ferreira de Almeida colocou R$ 20 de gasolina do carro ainda no preço antigo, em um dia atípico, porque precisava ir ao hospital.  Nos dias úteis, ele usa a moto como forma de economizar e só tira o carro da garagem nos fins de semana, quando sai com toda a família. “Se eu sair de carro todo dia, não dou conta das despesas, porque está muito cara a gasolina. Aqui em Uberlândia, por ter distribuição, o combustível devia ser mais barato. Eu não entendo isso”, disse ele. Já a professora Vilma Eliane Souza abasteceu com etanol e vai deixar a gasolina apenas para os dias em que pegar a estrada.

De acordo com o gerente de um posto, no Centro de Uberlândia, Victor Almeida Alves, a gasolina já vinha sendo vendida no estabelecimento por R$ 4,399 por volta de uma semana e não chegou a falar do aumento que viria duas horas depois. Segundo ele, no fim do ano passado, o combustível estava R$ 0,20 mais caro, ou seja, a R$ 4,599, R$ 0,10 a menos do valor atual. “Os clientes gostam e o consumo e o movimento do posto aumenta”, disse Vitor. No posto onde Rodrigo Alves é frentista, no bairro Granja Marileusa, a gasolina também estava a R$ 4,399 há cerca de uma semana e ele disse que não deveria ficar mais barata do que isso, mas não mencionou sobre o reajuste aplicado. O preço no estabelecimento se manteve até o período da tarde.

Há um mês, o Diário de Uberlândia foi para a rua e percebeu que, mesmo com a sequência de anúncios da Petrobras de queda no preço da gasolina nas refinarias, desde a virada do ano, o consumidor ainda não tinha sentido o reflexo nas bombas. Na época, o preço estava variando entre R$ 4,44 e R$ 4,69, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP), sendo que boa parte dos postos estavam praticando o mesmo valor nesse período. A Petrobras adota novo formato na política de ajuste de preços desde 3 de julho de 2017. Pela nova metodologia, os reajustes acontecem com maior periodicidade, inclusive diariamente.

FISCALIZAÇÃO

No dia 12 de janeiro, houve um anúncio de que pelo menos 72 postos de combustíveis de Uberlândia seriam alvo de fiscalização do Procon Estadual, que está apurando a suspeita de prática de formação de cartel. A fiscalização foi determinada em portaria expedida pelo Ministério Público Estadual (MPE), por meio da Coordenadoria Regional do Procon-MG.

Segundo nota emitida pelo MPE, naquela data, os postos foram citados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por tentativa de cartelização, ou seja, quando empresas do mesmo ramo de atividade se unem para evitar a concorrência mútua, garantir a regulação de preços de venda e afastar competidores do mercado.

Além das observações feitas pela ANP, o Procon-MG destaca que as sucessivas reduções nos preços dos combustíveis, anunciadas pela Petrobrás, não estão sendo percebidas pelos consumidores nas bombas dos postos revendedores de Uberlândia. A assessoria de comunicação da Prefeitura de Uberlândia informou que está colaborando com as demandas do Procon Estadual. O MPE não pode atender a reportagem ontem, devido a outras demandas na agenda do promotor.

POVO FALA

“Eu estou abastecendo só no álcool, porque a gasolina está muito cara. Mesmo quando abaixa, compensa mais andar no álcool”.

Leonardo Silva de Oliveira | Estudante

“Se eu sair de carro todo dia, não dou conta das despesas, porque está muito cara a gasolina. Aqui em Uberlândia, por ter distribuição, o combustível devia ser mais barato”.

Marcos Henrique Ferreira de Almeida | Vendedor autônomo

“Eu não abasteço com álcool porque meu carro não é flex, porque se fosse, jamais iria abastecer com gasolina. É muito caro”.

Iuri Morgental | Assistente Administrativo

“Eu nunca abasteci com gasolina, mesmo meu carro sendo flex.  Nunca fiz média, mas  álcool sempre é muito mais barato”.

Maria Magalhães | Comerciante
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