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05/02/2019 às 07h59min - Atualizada em 05/02/2019 às 07h59min

Número de mortos sobe para 134 em Brumadinho

FOLHAPRESS
Servidores do Ibama fazem vistorias em cursos d’água e áreas da fauna silvestre | Foto: Divulgação/Ibama
 Os bombeiros encontraram ao menos três corpos que estavam em um vestiário da Vale e outros na área próxima a um trem, o que fez o número de mortos da tragédia de Brumadinho (MG) subir de 121 para 134, até o fechamento desta edição. Destes, 120 já foram identificados. Outras 199 pessoas seguem desaparecidos. A retirada das vítimas foi possível porque a estrutura do vestiário colapsou apenas parcialmente, formando chamados "espaços vitais isolados" e impedindo que o local fosse totalmente invadido pela lama.

As buscas nessa área tiveram que ser suspensas, na manhã de ontem, por causa das fortes chuvas que atingiram a região desde a madrugada, mas foram retomadas no início da tarde e, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, as chances de se encontrar mais corpos ali são grandes. No outro local em que estavam as vítimas achadas, no último domingo, próximo à área administrativa e ao trem que aparece em vídeos da tragédia, os trabalhos foram facilitados porque as equipes têm conseguido fazer escavações.

No sábado (2), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também achou dois fragmentos de corpos que foram arrastados até o rio Paraopeba, para onde a lama correu após percorrer cerca de 10 km depois do rompimento da barragem. Desde ontem, os bombeiros passaram a usar 15 máquinas pesadas nas buscas – até agora eram cinco –, em locais mais próximos à margem do rio, onde a lama está mais sólida. O efetivo que se reveza é de cerca de 400 pessoas, sendo 200 militares mineiros, 100 de outros estados e 64 da Força Nacional, além de voluntários.

As chuvas, que devem continuar nos próximos dias, podem provocar deslizamento de rejeitos, colocando em risco as equipes. Por outro lado, amolecem partes específicas de lama que estavam endurecidas e facilitam as buscas por corpos boiando na água. O avanço da pluma de lama no rio, que antes estava em 1 km por hora e agora corre em 0,3 km por hora, também se intensifica quando chove.

De acordo com Aihara, a redução no número de corpos encontrados à medida que o tempo passa já era esperada. "Nos primeiros dias, eles estavam em níveis superficiais, era mais fácil localizá-los e retirá-los. Agora o trabalho é muito mais meticuloso, também para não prejudicar a identificação", disse. Ele afirmou que as buscas "certamente" vão demorar meses, "mesmo que sejam quatro ou cinco", e repetiu que as equipes só vão parar quando for impossível, por causa da decomposição dos corpos. Citou a tragédia de Mariana (MG), em que morreram 19 pessoas e os trabalhos duraram mais de três meses.

A Defesa Civil de Minas Gerais agradeceu as doações de insumos vindos de todo o país, mas ressaltou que agora não é necessário mais nenhum produto para as famílias atingidas. Novas doações podem atrapalhar a logística de armazenamento e distribuição. Quanto à segurança da barragem 6, de água, a Defesa Civil frisou que as chuvas não causam preocupação. A drenagem reduziu seu nível em 2,14 metros até agora, e ela continua sendo monitorada 24 horas por dia.
 
REJEITOS

Rio Paraopeba recebe barreiras de contenção
 
A mineradora Vale informou, ontem, que duas membranas de contenção de rejeito instaladas no Rio Paraopeba já estão em operação. Elas foram colocadas para proteger o sistema de captação de água para abastecimento do município de Pará de Minas (MG), que fica a cerca de 40 quilômetros de Brumadinho (MG). As duas barreiras foram colocadas neste fim de semana. A instalação de uma terceira membrana está em andamento, conclusão que dependerá das condições meteorológicas. A previsão é de chuva para a região, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A situação do Rio Paraopeba após o rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho, vem sendo monitorada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia. De acordo com o boletim divulgado neste fim de semana, há duas plumas que misturam rejeito e água se deslocando, mas ambas registram índices de turbidez da água considerados dentro da normalidade. "A pluma 2 está sendo monitorada e a expectativa é que continue se comportando da mesma forma que pluma 1, diminuindo a concentração ao longo do percurso e que as partículas em suspensão sedimentem no leito", registra a estatal.

De acordo com a Vale, a colocação das membranas tem o potencial de reter os sedimentos ultrafinos. Elas têm 30 metros de comprimento e até 3 metros de profundidade. "A estrutura funciona como um tecido filtrante, evitando a dispersão das partículas sólidas (argila, silte, matéria orgânica etc), que provocam a turbidez da água e altera sua transparência", diz nota divulgada pela mineradora.

Embora tenha como objetivo permitir que o sistema para captação e abastecimento de Pará de Minas continue operando, as barreiras não trazem segurança para o uso da água bruta. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vem orientando que ela não seja utilizada para nenhuma finalidade. Com base em resultados preliminares de amostras da água, o órgão recomenda que seja mantida distância de 100 metros para as margens do rio.
 
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