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30/01/2019 às 07h58min - Atualizada em 30/01/2019 às 07h58min

Nem todos os corpos serão resgatados

O governo Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que não será possível resgatar todos os corpos soterrados pela lama em Brumadinho. A dificuldade de localização aprofunda a dimensão trágica do rompimento da barragem da Vale, na região conhecida como Córrego do Feijão, na sexta-feira (25). Até o fechamento desta edição, havia  65 mortos contabilizados -desses, 31 já identificados- e 288 desaparecidos. Familiares e amigos lamentam a falta de informação.
Ministros mencionaram a complicação da operação de resgate dada a densidade e o volume da lama, que, em determinadas regiões, forma um bloco de massa praticamente impenetrável.

A barragem 1, que se rompeu, é uma estrutura de porte médio para a contenção de rejeitos e estava desativada. Seu risco era avaliado como baixo, mas o dano potencial em caso de acidente era alto. Com o incidente, foram liberados cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba, que passa pela região. A lama se estende por uma área de 3,6 km² e por 10 km.
 
DONA DE POUSADA É SEPULTADA 

Comoção, tristeza e revolta marcaram, ontem, o sepultamento de Cleosane Coelho Mascarenhas, 58, uma das vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Cleo era dona da Pousada Nova Estância, no Córrego do Feijão, completamente destruída pelo mar de lama. O sepultamento, no Cemitério do Bonfim, região noroeste de Belo Horizonte, durou cerca de uma hora.

Familiares acenderam velas e colocaram fotos de Cleo, de seu marido, Márcio Mascarenhas e do filho, Márcio Paulo Coelho Mascarenhas, que estavam na Pousada, mas continuam desaparecidos. "Vou pedir a compreensão de todos quando a briga começar. A ganância não pode prevalecer sobre a vida. Vamos começar uma luta de amor, pela paz, pois o que aconteceu em Brumadinho não pode se repetir. Será uma luta de todos nós para honrar o nome da minha família", disse Paulo Mascarenhas, outro filho do casal, que não estava na pousada no momento do acidente.
 
 ENGENHEIROS RESPONSÁVEIS POR SEGURANÇA ESTÃO PRESOS

O Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram na manhã de ontem uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão e mandados de prisão temporária relacionados ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Foram presos três funcionários da Vale diretamente envolvidos e responsáveis pela Mina do Córrego do Feijão e o seu licenciamento. Além disso, foram presos dois engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade da barragem recentemente.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, os presos são André Yum Yassuda, Makoto Namba, César Augusto Paulino Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Gomes. Yassuda e Namba são engenheiros da Tüv Süd Brasil, que fez avaliações de risco da barragem, e foram presos em São Paulo. Os demais são funcionários da Vale, presos na região metropolitana de Belo Horizonte.

Após o rompimento da barragem foram levantadas hipóteses sobre a validade dos laudos que atestaram a sua segurança. A barragem da Mina Córrego do Feijão não recebia novos rejeitos de minério desde 2015 e seria desativada definitivamente. Em dezembro, foi obtida a licença para o reaproveitamento dos rejeitos e o encerramento das atividades.

A investigação deve apurar se os documentos que aferiram a segurança da barragem foram fraudados ou se houve imperícia ou negligência no processo de vistoria. O Ministério Público de Minas Gerais informou que estas suspeitas só serão levantadas após depoimento dos engenheiros presos aos promotores. Foi decretada a prisão por 30 dias.

A empresa que fez o laudo na barragem, Tüv Süd Brasil, afirmou que fez duas avaliações da barragem a pedido da Vale e que fornece as informações pedidas pelas autoridades. Em nota, afirmou lamentar o caso. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) disse em nota ser favorável à operação. O conselho instaurou, também, um procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos engenheiros no caso. Dependendo da apuração, eles poderão ter o registro cassado.
 
 INHOTIM REABRE NO PRÓXIMO SÁBADO (2)

O Instituto Inhotim confirmou, há pouco, que reabrirá o espaço ao público no próximo sábado (2). A instituição, localizada em Brumadinho, já havia manifestado intenção de normalizar os serviços no fim de semana. Em sua conta no Twitter, a administração do Inhotim informou que, entre as vítimas e feridos no incidente, não há funcionários de seus quadros, mas que o setor de recursos humanos descobriu que 41 empregados têm parentes próximos desaparecidos. "Estamos prestando assistência e apoio psicológico a essas pessoas nesse momento de dor", diz a administração.
 
Em sua conta no Twitter, a administração do Inhotim informou que, entre as vítimas e feridos no incidente, não há funcionários de seus quadros, mas que o setor de recursos humanos descobriu que 41 empregados têm parentes próximos desaparecidos. "Estamos prestando assistência e apoio psicológico a essas pessoas nesse momento de dor", diz a administração.
 
 APENAS 3,2% DAS BARRAGENS FORAM FISCALIZADAS

Em 2017, 780 barragens foram fiscalizadas por 29 órgãos estaduais como secretarias e institutos de Meio Ambiente ou por três agências reguladoras federais. O número corresponde a 3,23% do total de 24.092 barragens existentes. No caso da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, não foi classificada como crítica pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no levantamento que originou o relatório.

Conforme o documento, “não há nenhum ato de autorização, outorga ou licenciamento em 42% das barragens, e em 76% dos casos não está definido se a barragem é ou não submetida à PNSB por falta de informação”. O relatório ainda descreve que “até o momento [2017], 3.543 barragens foram classificadas por categoria de risco e 5.459 quanto ao dano potencial associado”, sendo que 723 foram classificadas simultaneamente como de isco e alto potencial de dados.
 
 
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