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27/01/2019 às 07h30min - Atualizada em 25/01/2019 às 18h57min

Casos de dengue se proliferam pela cidade

População deve ficar atenta para os criadouros dentro de casa, que é onde estão a maioria dos focos

JORGE ALEXANDRE ARAÚJO
As altas temperaturas e a grande quantidade de chuva formam a combinação ideal para a proliferação do Aedes. | Foto: IAEA Imagebank - Visual Hunt
Uberlândia registrou, nas três primeiras semanas do mês janeiro, um aumento de 189,5% no número de notificações de dengue. Os casos saltaram de 192, no ano passado, para 556, em 2019. A situação é de alerta no município assim como em todo o Estado. De acordo com dados divulgados no dia 21 pela Secretaria de Estado de Saúde, foram contabilizados 4.112 casos prováveis (casos confirmados + suspeitos) da doença em Minas Gerais e há dois óbitos em investigação.

A Prefeitura de Uberlândia prepara para amanhã uma reunião onde deve comunicar à imprensa e a população ações que serão tomadas pela gestão municipal para tentar barrar a transmissão da doença. No encontro, a gestão municipal deve, mais uma vez, pedir que sociedade se mobilize.
“Quando se trata desse mosquito é sempre preocupante, ainda que os números de 2018 tenham sido baixos, quando se trata do dia seguinte é sempre imprevisível”, afirma o coordenador do Programa de Combate da Dengue do Centro de Controle de Zoonoses, José Humberto Arruda.

O CCZ esteve em campo na semana passada para coletar dados para o levantamento de infestação do mosquito na cidade. Os números devem ser tabulados a partir de amanhã, mas mesmo antes da confirmação do resultado um ponto já é tido como certo. “O índice de infestação dentro das residências nunca foi inferior a 70%.  Esse comportamento de manter no quintal objetos que não são úteis e de não dar atenção ao acúmulo de água se repete. Os focos estão em sua maioria do portão para dentro da casa do cidadão”, afirma Arruda.  

As altas temperaturas e a grande quantidade de chuva formam a combinação ideal para a proliferação do Aedes. “Imagine o volume de água quando cai uma chuva por toda a cidade, até que toda essa água seja eliminada. Com o calor, o ciclo de desenvolvimento do mosquito é acelerado”, explica Arruda.
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Médico alerta sobre o tratamento da doença

A Vigilância Epidemiológica monitora semanalmente os casos da doença. Por lá, o alerta também já foi dado e atualização de protocolos para o manejo dos pacientes está sendo realizado na rede pública de saúde. “Suspeita de dengue deve ser tratada como dengue. Você faz o diagnóstico, principalmente pelos aspectos clínicos. Dengue não depende de exame laboratorial. Se você tem um paciente com sintomas da doença em um momento de alta transmissão, a chance de o paciente ter a doença é muito grande”, alerta Marcelo Sinicio, médico da Vigilância.  

Após o vírus estar no corpo do paciente, a recomendação principal é a hidratação. “Água é mais importante do qualquer medicamento. Não tem um remédio que o elimine o vírus. As complicações se devem à falta de líquido”, explica.

Ele ainda faz mais uma recomendação. “A febre é principal sintoma da doença e dura em geral de dois a quatro dias.  Porém, o estágio crítico da doença vem após o fim da febre. Com o fim da febre a doença não foi embora”.
 
BRASIL
Doença é relatada há mais de 200 anos
 
Dengue é uma doença antiga e bem conhecida do povo brasileiro. Presente em todos os estados do País, o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, já é uma figura carimbada combatida com fervor todos os anos pela população. Mas você já refletiu sobre o quanto você conhece sobre a história da dengue? Você sabe realmente contra o que estamos lutando?

Com ocorrências relatadas há mais de 200 anos, a dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Isso significa que a doença tem cura, mas os sintomas podem se agravar. Por isso, é preciso constante reavaliação e observação dos sintomas, para que as intervenções médicas aconteçam nos momentos certos e que não ocorram óbitos.

Apesar de ter se popularizado bastante e, por isso, a população brasileira ter perdido um pouco do temor pela doença, é importante lembrar que a dengue é uma enfermidade que requer cuidados médicos específicos e, se não tratada, pode levar à morte.

TIPOS

Você sabia que se uma pessoa já teve dengue ela ainda pode ser infectada por outro tipo da doença? Divino Valero Martins, coordenador do Programa Nacional de Controle da Malária, Dengue, Zika e Chikungunya do Ministério da Saúde, explica que o paciente realmente fica imune após se recuperar de um tipo da doença, mas ainda tem chances de pegar algum dos outros 3 tipos existentes. Por isso, é importante manter as medidas de prevenção e segurança mesmo que já tenha sido infectado alguma vez.

“Existem quatro tipos de vírus de dengue. Cada pessoa pode ter os 4 sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele. Nesse caso, depende de qual vírus está circulando naquele ambiente, já que a transmissão acontece quando o Aedes pica uma pessoa infectada e acaba infectando também outra pessoa”, esclarece.

Há suspeitas que o vírus tipo 2 esteja circulando pela região de Uberlândia depois de muito tempo ausente.

No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave. Neste último caso pode levar até a morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos também apresenta manchas vermelhas na pele.

Na fase febril inicial da dengue, pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

TRANSMISSÃO

A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Após picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus, a fêmea pode transmitir o vírus para outras pessoas. Há registro de transmissão por transfusão sanguínea.

Não há transmissão da mulher grávida para o feto, mas a infecção por dengue pode levar a mãe a abortar ou ter um parto prematuro, além da gestante estar mais exposta para desenvolver o quadro grave da doença, que pode levar à morte. Por isso, é importante combater o mosquito da dengue, fazendo limpeza adequada e não deixando água parada em pneus, vasos de plantas, garrafas, pneus ou outros recipientes que possam servir de reprodução do mosquito Aedes Aegypti.
 
Os principais sintomas da dengue são:
Febre alta > 38.5ºC.
Dores musculares intensas.
Dor ao movimentar os olhos.
Mal estar.
Falta de apetite.
Dor de cabeça.
Manchas vermelhas no corpo.

Como é feito o tratamento da dengue?
Não existe tratamento específico para a dengue. Em caso de suspeita é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto diagnóstico.
A assistência em saúde é feita para aliviar os sintomas. Estão entre as formas de tratamento:
fazer repouso;
ingerir bastante líquido (água);
não tomar medicamentos por conta própria;
a hidratação pode ser por via oral (ingestação de líquidos pela boca) ou por via intravenosa (com uso de soro, por exemplo);
o tratamento é feito de forma sintomática, sempre de acordo com avaliação do profissional de saúde, conforme cada caso.
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