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19/01/2019 às 01h07min - Atualizada em 19/01/2019 às 01h07min

Semana da Hanseníase busca diminuir os casos em Uberlândia

FERNANDA PARANHOS
Foto: Divulgação

Há quem duvide da existência desta doença, mas a hanseníase ainda atinge muitas pessoas no país e em Uberlândia não é diferente. Visando a conscientização da comunidade a Secretaria Municipal de Saúde e o Centro Nacional de Referência em Dermatologia Sanitária e Hanseníase do Hospital de Clínicas de Uberlândia da Universidade Federal de Uberlândia (Credesh/HCU-UFU) vão promover a “Semana da Hanseníase” a partir do dia 21.

A programação da semana especial que também foi nomeada “Janeiro Roxo” é incentivada pelo Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase, instituído em 27 de janeiro. Uma das primeiras ações da Semana será uma blitz educativa nas duas UBSFs do bairro Lagoinha, onde folders educativos serão distribuídos. Estas medidas preventivas são determinantes para evitar a transmissão da hanseníase e possibilitar um diagnóstico precoce da doença.

No Credesh, a partir da próxima segunda feira, também acontecerão atividades com o tema “Todos Contra a Hanseníase”. Cursos de capacitação serão oferecidos para profissionais de saúde de Uberlândia e Região além de ações educativas. Segundo Rafael Zardinni Andrade, psicólogo do Centro, estes cursos funcionam como medida preventiva porque melhora a capacidade de profissionais que nem sempre têm acesso a conhecimentos específicos da doença, o que é muito comum nos municípios pequenos próximos a Uberlândia.

“O Credesh estará junto com a Superintendência de Saúde capacitando médicos e enfermeiros das cidades da região para que eles consigam fazer o diagnóstico na cidade deles. Assim, evita que o paciente tenha que ficar viajando para fazer diagnostico, tomar os remédios e faz com que todo o tratamento seja possível”, acrescentou Rafael.

Transmitida pelo ar através de tosses e espirros, a hanseníase é causada por um parasita (Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen). A transmissão acontece, em sua maioria, entre pessoas com contato permanente e íntimo e por isso a conscientização da comunidade é importante. A assistente social da Vigilância Epidemiológica de Uberlândia, Neuma Martins Sá, acompanha o trabalho permanente que acontece no setor e afirma que o desconhecimento das pessoas é o maior problema a ser enfrentado. “Muita gente acha que a doença foi erradicada, pensa que é uma doença antiga. Agora tem tratamento, tem cura e mesmo casos mais avançados há chance de contornarmos”, comenta.

No setor responsável pelo acompanhamento da hanseníase da Vigilância Epidemiológica foram registrados 58 novos casos em 2018. Além destes, 54 pessoas já estavam em tratamento. Estes pacientes são encaminhados para o Credesh e lá seguem o acompanhamento médico.

CENTRO DE REFERÊNCIA NACIONAL

No Brasil há 6 centros de referência ao tratamento da hanseníase. Um deles está em Uberlândia, o Credesh, em vigência desde 2007. O centro recebe pacientes de toda a região e é recorrente o atendimento de pessoas que chegam têm a acesso ao tratamento em estágios avançados da doença, quando sequelas como perda de movimentos, por exemplo, já são sentidos.

De acordo com Rafael Zardinni Andrade, isso acontece como consequência de uma negligência social, um desconhecimento e um preconceito que faz parte do imaginário da população. “É comum recebermos pacientes que dizem achar que hanseníase é uma doença que só existe nos cartazes das unidades de saúde, que vai cair pedaço da pessoa e isso não acontece”, comentou Zardinni.

O psicólogo atribui a esta questão cultural o fato de Uberlândia apresentar um índice de transmissão expressivo. No ano passado, no Credesh, foram atendidos 74 novos casos. “Nós trabalhamos com coeficientes de detecção e em 2018 foi de 10,8 casos para cada 100 mil habitantes e isso é considerado um alto parâmetro de detecção [da doença]. É considerado ideal um coeficiente menor de 2 casos para cada 100 mil habitantes”, alerta Rafael. Frente a esta realidade, as ações da Semana da Hanseníase tornam-se ainda mais importantes.

Fique atento aos sintomas da Hanseníase:

> Manchas na pele. Estas manchas podem ser esbranquiçadas, avermelhadas ou de cor parda e sempre vêm acompanhadas de dormência na região;
> Sequidão na pele ou perda de sensibilidade;
> Formigamentos;
> Dores nos nervos (braços e pernas);
> Fraqueza muscular

 


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