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16/12/2018 às 07h00min - Atualizada em 16/12/2018 às 07h00min

Samu ajuda a reestruturar HC-UFU

Apenas 5% dos atendimentos são encaminhados a Uberlândia; direção do hospital descarta impactos com o serviço

CAROLINA PORTILHO
Simulação de atendimento em Tupaciguara envolvendo o Samu e os Bombeiros | Foto: Prefeitura de Tupaciguara/Divulgação
A dúvida se o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) sofreria grandes impactos com a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na macrorregião Norte, que contempla 26 cidades, já foi descartada. Já são cinco meses em operação do sistema e logo nas primeiras semanas o reflexo positivo foi apontado em números. De acordo com o consultor técnico do Samu, Alexandre Padilha, menos de 5% dos atendimentos regionais vão para o HC-UFU. A maioria dos chamados é atendida conforme pactuado, dentro dos próprios municípios de origem, e somente os casos de urgência e emergência são efetivamente direcionados para a UFU em Uberlândia. 

“Já sabíamos que isso iria acontecer, que o Samu não sobrecarregaria a UFU, pois a proposta do serviço é justamente regular os atendimentos e distribuir os casos conforme a necessidade e isso, de fato, aconteceu. Nesse período, que já não considero mais de adaptação, também obtivemos sucesso no processo como um todo, sem queixas institucionais e nem crise relacionada a atendimento, comum de acontecer quando estamos em fase de implantação. A outra [dúvida] era se muitos pacientes seriam encaminhados para a UFU, o que de fato não aconteceu.”

Do dia 3 de julho a 11 de dezembro, o Samu recebeu 53.898 ligações. Desse total, somente 4% foi considerado trote (2.183). A maioria (42,46%) resultou em orientações não médicas, ou seja, 22.887 ligações tiveram o intuito de saber sobre o funcionamento do serviço. Na sequência (25,20%), aparecem os atendimentos em que foram necessárias saídas de unidades de resgates, totalizando 13.583 chamados. Nesses casos, 90,27% foram enviadas a Unidades de Suporte Básico (USB), e 9,73%, a Unidades de Suporte Avançado (USA), consideradas uma UTI Móvel conduzidas por um condutor-socorrista, um enfermeiro e um médico.

“O Samu é um sucesso na região e veio para ficar. Os números mostram isso, a começar com as estruturações das cidades e com a eficiência no momento do atendimento ao chamado, que já identifica a situação e faz o encaminhamento certo, evitando que sobrecarregue o hospital da UFU. Outro ponto positivo é o entendimento da população em relação à seriedade do serviço. Nosso índice de trote é baixo, 4,05%, sendo que em outras localidades esse dado chega a 20%”, disse Padilha.

UBERLÂNDIA

Padilha destacou que a expansão do Samu para Uberlândia seria positiva, pois ajudaria ainda mais a desafogar o Pronto-Socorro da UFU. 

“Acredito nas questões apontadas pela Prefeitura, na época, justificando falta de recursos para sua não participação, mas rever essa posição é importante. O Samu já mostra eficácia em tão pouco tempo de funcionamento e tendo Uberlândia parte desse processo seria fundamental, seria um passo a mais na questão da saúde. Por um lado, o Samu organizou os encaminhamentos dos pacientes para os lugares certos de acordo com a necessidade de cada atendimento. Por outro, [ajudou na] reestruturação do Hospital de Clínicas da UFU. Combinação perfeita para esse novo momento da saúde na macrorregião Norte”, destacou Alexandre Padilha.

Em contato com o Diário de Uberlândia, o prefeito Odelmo Leão foi questionado sobre a participação do Município no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo ele, é difícil prever alguma alteração na decisão por não ter garantias de como será 2019 no âmbito econômico. Segundo o prefeito, primeiramente é preciso saber se o novo governo do Estado fará os repasses necessários e em dia, além de quitar o montante em atraso da atual gestão.

DIREÇÃO
Serviço é visto como eficiente pelo HC-UFU


HC-UFU sem macas no corredor é reflexo do funcionamento do Samu e reestruturação do hospital | Foto: Carolina Portilho

“No início, estávamos preocupados com a implantação do Samu sem que tivesse algumas pactuações muito bem definidas. Deixamos claro que casos de menor complexidade deveriam ser atendidos e resolvidos nas suas unidades de origem e que Uberlândia seria referência para resolver casos mais complexos. Nosso receio era isso não acontecer ou que esses ajustes de maturidade ocorressem em torno de seis meses após implantação, mas para a nossa surpresa, o resultado veio nas primeiras semanas.”

Esse foi o depoimento do diretor-geral do HC-UFU, Eduardo Crosara Gustin, que recebeu a reportagem do Diário de Uberlândia no próprio Hospital de Clínicas. Segundo ele, tudo que foi pactuado foi cumprido, ou seja, o Samu organizou a regulação e fez os encaminhamentos para cada caso médico atendido. 

“O paciente foi melhor avaliado no cenário, seja ele fora ou no hospital da sua origem. Todos os casos de transferência obedeceram ao que foi acordado. Essas ações fizeram com que, em pouco tempo, conseguíssemos resultados positivos. Antes do Samu, possivelmente os pacientes seriam trazidos para o Pronto-Socorro da UFU sem necessidade, provocando superlotação”, disse.

Crosara destacou que com o Samu, o paciente, quando encaminhado ao HC-UFU, chega com melhor qualidade de assistência, o que impacta em um diagnóstico mais eficiente e rápido, proporcionando maiores chances de sobrevivência e de evitar sequelas. Ele também reforça o importante papel desempenhado pelos municípios para que cada um se estruturasse para efetivar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

“Os casos que vieram para a UFU por meio do Samu foram os realmente considerados graves, que é o correto. Tirar o problema de uma cidade e jogar para a outra era o nosso maior medo. Perderíamos o nosso propósito, que são os atendimentos de urgência e emergência. De fato, o serviço foi muito bem planejado, essa parte operacional já é muito bem desenvolvida e apesar de operar há pouco tempo na região ele veio maduro e eficiente. É um grande avanço, foi um caminho que causou surpresa positiva e nós já externamos isso, retratamos a posição que antes eu não tinha”.
O diretor também se posicionou sobre Uberlândia não fazer parte do Samu. Segundo ele, a questão econômica pesou bastante na época da definição da não adesão e que o funcionamento na cidade não seria tão expressivo. “Claro que ganharíamos no resgate, às vezes em um diagnóstico de uma doença ou outra no momento do atendimento com médicos e enfermeiros, mas Uberlândia já é uma cidade muito bem atendida pelos Bombeiros, que são treinados e exercem um papel de qualidade “.

Paralelo ao funcionamento do Samu, Crosara destaca a reestruturação do Hospital de Clínicas da UFU com a implantação do projeto Linhas de Emergência, em que foi adotado um novo modelo operacional, o que permitiu uma eficiência no atendimento. “Tem quatros meses que não temos uma maca nos corredores do hospital e isso está sendo possível devido a essa organização nos nossos processos internos, associado ao Samu. Também aplicamos em algumas paredes painéis com imagens, proporcionando um astral melhor para pacientes e acompanhantes. Não é porque é um hospital que não precisa ter vida nos corredores, no primeiro atendimento ao paciente”.


Eduardo Crosara disse que resultados positivos do Samu surgiram nas primeiras semanas
Foto: Carolina Portilho

FUNCIONAMENTO
Atendimentos 24h por dia, 7 dias por semana


O serviço funciona 24 horas nos sete dias da semana. As ligações pelo 193 são atendidas pelos técnicos que identificam o caso para encaminhar ao médico regulador, que irá avaliar a ocorrência e determinar qual procedimento adotar.

Se for um caso de urgência ou emergência, uma das bases nas 16 cidades é acionada para o atendimento. Todo movimento da frota de ambulâncias é monitorado pelos rádios operadores na Central.

Na Central de Regulação, que fica em Uberlândia, são 35 profissionais, entre médicos, técnicos e rádio-operadores. Do outro lado, nas 17 bases descentralizadas em 16 municípios, operam 198 profissionais de saúde entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores socorristas que estão preparados para realizar o atendimento pré-hospitalar.

As cidades de Araguari, Monte Carmelo, Ituiutaba e Patrocínio são as bases que recebem pacientes de média complexidade. Uberlândia não aderiu ao serviço, mas os pacientes de alta complexidade são conduzidos para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU).

As cidades de abrangência do Samu Triângulo Norte são: Abadia dos Dourados, Araguari, Araporã, Cachoeira Dourada, Campina Verde, Canápolis, Capinópolis, Cascalho Rico, Centralina, Coromandel, Douradoquara, Estrela do Sul, Grupiara, Gurinhatã, Indianópolis, Ipiaú, Irá de Minas, Ituiutaba, Monte Alegre, Monte Carmelo, Nova Ponte, Prata, Patrocínio, Romaria, Santa Vitória e Tupaciguara.
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