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05/12/2018 às 07h03min - Atualizada em 05/12/2018 às 07h03min

Catadores de recicláveis cobram políticas públicas

VINÍCIUS LEMOS
Associações e cooperativa de catadores de materiais recicláveis de Uberlândia e o Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CEDDH-POPRUA) organizam um trabalho em conjunto para cobrança de políticas públicas para melhorar o atendimento de demandas dos trabalhadores que atuam nesse segmento. O passo considerado de pressão política com base em políticas nacionais foi discutido em reunião nesta terça-feira (4) na Câmara Municipal de Uberlândia. A conversa ainda envolveu a discussão da realidade de pessoas em situação de rua em Uberlândia.

Uberlândia tem cinco associações de catadores de recicláveis e uma cooperativa do tipo. O que foi proposto na reunião, pela Comissão de Direitos Humanos do Poder Legislativo, presidida pelo vereador Adriano Zago (MDB), foi a de criação de um grupo de discussão permanente entre associações e cooperativa junto ao CEDDH e buscar a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos da maneira adequada aos catadores. As ações ainda vão buscar suporte junto ao Ministério Público Estadual (MPE) para auxílio de cobranças por meio de ações ou mesmo termos de ajustes de conduta.

Dois pontos levantados na discussão foram o atendimento a todas as entidades que reúnem catadores e também a questão de local para trabalho. “Barracões cedidos para trabalho podem ser perdidos. O Município pode pedir de volta, dessa forma não há segurança para que a gente tenha mais associados e a gente possa crescer. Barracões poderiam ser cedidos de outra forma”, afirmou Roosevelt Martins, presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável do Bairro Taiaman. Ele salientou que o trabalho é social e necessita desse tipo de ajuda, mas que se houver crescimento suficiente, em determinado momento a associação poderá andar com as próprias pernas para conseguir espaços de trabalho. Até mesmo a formalização de parcerias é dificultada com isso, já que há cobrança de que a entidade tenha tudo documentado.

O presidente  da Coopmar, José Martins, lembrou que existe um preconceito sobre associações e cooperativas. “Já disseram que não deveríamos receber dinheiro nenhum, já que recebemos o material para reciclar. Mas se nós parássemos nosso trabalho, a mesma pessoa disse que pagaria uma empresa para que a reciclagem fosse feita. Ou seja, preferem pagar milhões a uma empresa do que dar uma chance a um catador”, disse, frisando que apenas a Coopmar retira 50 toneladas de papel das ruas todos os meses.

Outro ponto citado na reunião é que a reciclagem hoje em Uberlândia ainda deixa passar muita coisa que poderia servir de trabalho para uma série de catadores. Há uma estimativa que pelo menos R$ 80 mil em materiais recicláveis vão para os aterros todos os meses. “Isso acontece por falta de organização. Poderia ter ido para as associações, por exemplo”, disse Roosevelt Martins.
 
SITUAÇÃO DE RUA 

De acordo com o membro do Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores, Samuel Rodrigues, a venda de materiais recicláveis é a principal atividade dentre aquelas conseguidas por pessoas em situação de rua, sendo que apenas 14% dessas pessoas em todo o País vivem de mendicância. “O desafio é gerar mais trabalho para as pessoas, que em muitos casos vivem de subempregos. A proposta é trazer à tona violações dos direitos dessas pessoas”, afirmou. Ele citou que a maior parte dessas pessoas tem idade entre 25 e 40 anos, o que indica uma massa grande em idade produtiva.
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