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18/10/2018 às 09h15min - Atualizada em 18/10/2018 às 09h15min

Eleição da mesa diretora é tratada nos bastidores

Pelo menos três vereadores são pré-candidatos a presidente da Câmara

WALACE TORRES
Hélio Ferraz (esquerda) já foi presidente duas vezes. Juliano Modesto é o atual 1º secretário e Wilson Pinheiro (direita) abriu mão na eleição passada | Fotos: Aline Rezende/Ascom/CMU
Passado o primeiro turno das eleições gerais, em que sete vereadores foram candidatos a deputado mas nenhum deles conseguiu ser eleito, a prioridade agora nas articulações na Câmara Municipal de Uberlândia gira em torno da sucessão na mesa diretora. De acordo com o regimento interno, a eleição do próximo presidente que irá comandar os trabalhos na segunda metade da atual legislatura acontecerá na última sessão de novembro. Por enquanto, o assunto é tratado nos bastidores, onde as negociações já apontam ao menos três pré-candidatos, todos da base aliada do prefeito Odelmo Leão.
 
Já demonstraram interesse em disputar a Presidência os vereadores Juliano Modesto (SD), atual segundo secretário e ordenador de despesas; Wilson Pinheiro (PP), que também já integra a mesa como 1º vice-presidente; e Hélio Ferraz, o Baiano (PSDB), que já exerceu o cargo de presidente por duas vezes em legislaturas anteriores.
 
Outros nomes ainda poderão ser colocados, uma vez que a inscrição das chapas pode ser feita até 30 minutos antes do início da votação. Nas próximas semanas, a mobilização dos pré-candidatos será em tentar buscar apoio do maior número de vereadores.
 
O regimento da Câmara permite até uma reeleição do presidente, desde que não seja dentro da mesma legislatura. Alexandre Nogueira (PSD), por exemplo, foi eleito presidente pela primeira vez na segunda metade da legislatura passada e foi reeleito no início da atual. A regra atual também estabelece a renovação de pelo menos 50% dos cargos da mesa diretora.
 
Baiano tem construído a base para sua pré-candidatura desde o início do mandato, quando se aproximou de um grupo de vereadores novatos e que adotam uma posição de independência. Chegou até a questionar alguns projetos e iniciativas do Executivo, mas posteriormente adotou uma postura mais cautelosa e se reaproximou da base aliada, que detém maioria em plenário. Segundo o vereador, sua candidatura ainda está em formação. “A relação [com o Executivo] tem que ser harmoniosa, mas aposto na independência e no respeito entre os Poderes. O vereador tem que ter o papel de fiscalizar o Executivo e de legislar”, diz.
 
Wilson Pinheiro também vem costurando sua pré-candidatura desde a eleição passada, quando abriu mão da disputa para apoiar o atual presidente. “Houve uma conversa na eleição passada, eu tinha colocado meu nome e retirei em apoio ao vereador Alexandre Nogueira. E agora estou colocando meu nome novamente à disposição... Fiquei 12 anos sentado aqui embaixo [na bancada] trabalhando do mesmo jeito, fui governo, fui oposição e estou aqui contribuindo com o mandato. Vai depender da vontade dos colegas”, disse Wilson, que defende a formação de chapa única que contemple todas as forças políticas representadas no Legislativo municipal. “A chapa tem que representar a Câmara, como acontece no Congresso Nacional, temos que ter maturidade para formar uma mesa boa”.
 
Já o vereador Juliano Modesto acredita que haverá disputa, apesar de ainda ter tempo suficiente até a eleição para se chegar a um consenso. “Acredito que deverá ter duas chapas... Nós temos um grupo que caminha junto e vamos decidir juntos. Meu nome está à disposição do grupo (...), o que for a vontade da maioria nós vamos respeitar e apoiar”, disse.
Além do cargo de presidente, estarão em disputa outros cinco cargos: 1º, 2º e 3º vice-presidentes, mais 1º e 2º secretários.
 
O bloco dos independentes, que em tese tem entre seis e sete votos, não descarta a possibilidade de indicar membros para compor uma chapa, ou até mesmo encabeçar uma candidatura de presidente. “Vamos aguardar as candidaturas para ver quem dentre eles vai fazer o Poder Legislativo ter de fato a sua prerrogativa, que é a independência em detrimento da harmonia. Isso aqui não pode ser uma secretaria da Prefeitura como está sendo. Aqui tem muita gente que só carimba e assina. Isso a gente não quer (...). Hoje não temos nenhum pré-candidato que nos dê esse sentimento de representatividade”, disse Thiago Fernandes (PRP).
 
PESO DO EXECUTIVO
Escolha do presidente influencia na governabilidade

 
Tradicionalmente, o presidente eleito para a Câmara vem da base de apoio do Executivo municipal, até mesmo como fator para garantir a governabilidade. Apesar de os vereadores pregarem a independência entre os poderes, a influência do Executivo na escolha de candidaturas tem assegurado esse equilíbrio. Foi assim nos dois mandatos anteriores do prefeito Odelmo Leão e na primeira metade da gestão de Gilmar Machado.
 
Na história recente da Câmara, as ocasiões em que o gestor teve mais dificuldade para aprovar projetos de seu interesse foram justamente as vezes em que houve um desalinhamento entre os chefes do Legislativo e do Executivo. Foi o caso da segunda metade do governo Zaire Rezende (2001-2004) e também dos dois últimos anos da gestão Gilmar Machado (2013-2016). Nessas ocasiões, os projetos considerados como prioridade do Executivo ficaram praticamente travados.
 
O atual líder do prefeito na Câmara, vereador Antônio Carrijo (PSDB), nega que haja envolvimento do Executivo na escolha de um candidato, mas ressalta que as conversas passam necessariamente pelo gabinete do prefeito como um processo normal dentro da política. “O Executivo nunca interferiu nas eleições da mesa. Lógico que nós vereadores da base iremos conversar com o prefeito para encontrar um candidato único que atenda aos interesses da cidade”, diz.
 
Vereador com maior número de mandatos na Câmara – está no sétimo mandato – Carrijo disse que não pretende disputar a Presidência e que deverá deixar o cargo de liderança na virada do ano. “Vou esperar as eleições para conversar com o prefeito. Eu pretendo ficar com a liderança até 31 de dezembro. Já dei a minha contribuição nesses dois anos”, disse Carrijo se referindo ao fato de ter mais tempo para se dedicar à defesa de projetos de sua autoria.
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