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11/10/2018 às 08h21min - Atualizada em 11/10/2018 às 08h21min

Buscar ajuda é a melhor solução

Mudança requer apoio de nutricionista, psicólogo e profissional focado em atividade física

CAROLINA PORTILHO
Carlos Teruo perdeu 90 quilos e a sua irmã, Elaine Yoko, emagreceu 80 quilos | Foto: Arquivo pessoal
Mais de 50% da população brasileira está acima do peso. A informação é do cirurgião e endoscopista bariátrica de Uberlândia, Luís Augusto Mattar, que atribui esse dado a dois fatores: estilo de vida sedentário e mudança no hábito alimentar. Na contramão dessa estatística, que também é alertada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em que aponta que 20,8% da população adulta brasileira está obesa, os irmãos Carlos Teruo e Elaine Yoko superaram a doença e hoje comemoram os quilos perdidos ao longo de uma caminhada de oito anos, relatadas no Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, hoje (11).

Ela se livrou de 90 quilos, ela 80. Ele não fez a cirurgia bariátrica, ela sim. Carlos, que é estudante e tem 33 anos, chegou a pesar 180 quilos. A mudança de estilo de vida começou em 2006 quando ele quebrou a perna ao tropeçar. “Tudo era desconfortável, até andar de carro, pois tinha modelo que nem o cinto de segurança servia. Quando sofri esse incidente, minha ficha caiu e percebo que era preciso fazer algo”.

A princípio Carlos procurou ajuda médica para fazer a cirurgia bariátrica, mas para a realização do procedimento ele precisava emagrecer 20 quilos. Para chegar a esses quilos a menos ele buscou ajuda de uma equipe multidisciplinar que envolve nutricionista, psicólogo e profissional focado em atividade física. Diante do resultado positivo, o estudante foi barrado pelo plano de saúde e para conseguir o procedimento era preciso entrar com pedido na Justiça.

“Consultei um advogado para ver custos e resolvi seguir com a meu plano de emagrecer sem a cirurgia, pois se perdi 20 quilos eu tinha condições de eliminar mais quilos. Tive apoio da minha família e com ajuda do psicólogo entendi que tudo dependia de mim. Com esse entendimento, dieta adequada para o meu propósito e a prática de exercícios físicos estou vencendo, pois mesmo com os 90 quilos a menos o acompanhamento e eterno”.

No ano passado, Carlos perdeu a mãe e o emocional abalado fez com que ele ganhasse 25 quilos. “Já eliminei oito e sigo firme. O psicológico afeta muito, mas como fiz esse acompanhamento multidisciplinar consigo focar e brigar menos com a balança. Hoje tenho uma vida que nem se compara com antes e faço atividades corriqueiras para muitos, mas que antes eu não fazia”.

Enquanto Carlos passava pelo processo de emagrecimento sem intervenções, a irmã dele Elaine Yoko fez a cirurgia bariátrica. De 150 quilos para 70, a advogada e estudante, hoje com 30 anos, relembrou de casos quando era obesa. “Mal cabia em uma poltrona de avião e minha saúde era debilitada, eu tinha diabetes e tireoide. Desde os sete anos de idade o peso sempre foi um problema”.




A advogada Elaine Yoko perdeu 80 kg após bariátrica e acompanhamento de equipe multidisciplinar | Foto: Arquivo pessoal

Elaine também passou a ter os mesmos acompanhamentos profissionais que o irmão, essenciais para o antes e depois da cirurgia, segundo ela. “Quem faz a cirurgia, precisa entender que sem ajuda profissional não chegamos ao sucesso. Dessa forma passamos a entender melhor todo o processo e acaba ficando mais leve. Fácil não é, mas é possível. Claro que as vezes eu falho, como todos, mas retomar o foco é mais fácil quando temos as informações claras na nossa cabeça. Hoje sou viciada em corrida e que me ajuda a manter meu peso”.

Em 10 anos, segundo o cirurgião Luís Augusto Mattar, 30% das pessoas que fizeram cirurgia bariátrica voltam a engordar quando não há esse acompanhamento profissional antes e depois do procedimento. “É preciso mudar o estilo de vida e a  alimentação. As pessoas estão sedentárias e comendo mais em caloria e não em volume. Com a vida corrida as pessoas estão consumindo mais produtos industrializados, contribuindo com o ganho de peso. Esse fato se agrava quando associado à falta de atividade física”.

Luís Augusto reforça que a cirurgia ainda é bastante procurada, pois é baixo o índice de obesos que conseguem perder peso sem passar pela bariátrica, cerca de 5% do público. “É difícil e longo essa caminhada sem intervenção e com isso os resultados são maiores com a cirurgia, que com o avanço da tecnologia tem tornado o processo cada vez mais seguro. Após isso, nossa preocupação maior é fazer com que essa pessoa mude o estilo de vida”.

COMIDA E MENTE SAUDÁVEIS
Na maioria das vezes, a comida costuma ser um mecanismo de defesa e o resultado é a ingestão de alimentos calóricos levando ao sobrepeso. O equilíbrio emocional faz toda a diferença para quem está em busca de perder quilos ou com intenção de fazer a bariátrica. “É preciso ter coragem e autoestima para sair da mesmice. Não adianta querer uma solução mágica, pois ela não existe. Usamos a comida como fuga, seja na tristeza ou na alegria, mas esquecemos da consequência. Quando se faz terapia, o ganho nas pessoas que estão nesse processo de perder peso é enorme, pois ajudamos no entendimento de que nada adianta usar a comida como válvula de escape”, disse a psicóloga Alessandra Mattar.

No quesito alimentação, a nutricionista Ana Cristina Tomaz Araújo disse que é importante incorporar alimento saudável no dia a dia das pessoas. “Não existe alimento ruim, existe dieta ruim. Para cada perfil, uma prescrição alimentar que se encaixa na rotina da pessoa ajudando na redução do peso e evitando o efeito sanfona. Muitos ficam confusos do que pode ou não comer, diante de tanta informação de fácil acesso hoje, e acabam fazendo dietas sem fundamento. Por isso a importância do acompanhamento, que será focado e de acordo com a necessidade”.
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