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07/10/2018 às 09h00min - Atualizada em 07/10/2018 às 09h00min

Social Bank inaugura sede em Uberlândia

CEO investiu R$ 20 milhões para transferir empresa, com a qual pretende atender até 100 mil pessoas

VINÍCIUS LEMOS
Social Bank fincou de vez os pés na cidade com a inauguração da sede própria | Foto: Divulgação
Aos 38 anos, o empreendedor e CEO do Social Bank, Rodrigo Borges, diz que hoje tem as armas para travar uma guerra que ele queria entrar desde muito cedo: o mercado bancário no Brasil. Saindo de Uberlândia aos 23 anos e buscando emprego na capital paulista, no final de 2017 Borges voltou à cidade para instalar a sede do banco que ele, enfim, conseguiu construir. Um banco que ele reitera ser diferente e que busca ressignificar as relações entre pessoas e empresa. 

Na última semana, o Social Bank fincou de vez os pés na cidade com a inauguração da sede própria, montada no bairro Lídice, região central. Não que o retorno às origens fosse imperativo para o negócio, já que se trata de um banco digital, mas, para Borges, a cidade é campo fértil para a inovação que ele busca e pretende expandir.

O Social Bank investiu mais de R$ 20 milhões na cidade desde que se mudou de São Paulo para Uberlândia, no fim de 2017, e pretende chegar a R$ 50 milhões no total em investimentos locais, seja em estrutura, comunicação ou marketing. O objetivo é chegar a 100 funcionários, quase dobrando o número de colaboradores na sede, que conta com 55. Números que parecem grandes, mas se tornam uma parte pequena do que foi construído desde que em agosto de 2003. “As empresas [que tenho] hoje valem mais de R$ 2 bilhões”, disse.

Foi por conta de um problema financeiro da família, cujos negócios estavam ligados a peças veiculares e oficina mecânica, que Rodrigo Borges se mudou para a capital paulista. Ele tinha um emprego garantido, mas teve a notícia de que a empresa para qual iria trabalhar havia quebrado no momento em que pisou nela. Não contou à família à época, e, para superar, contou com a ajuda de amigos, dormindo em um colchonete e ganhando um celular pré-pago de presente de pessoas próximas.

A história começou a mudar quando conseguiu um emprego em uma revendedora de veículos. Três meses depois, ele conseguiu uma vaga de trainee nas Americanas.com e os negócios na internet passaram a ser a principal parte de sua carreira, ainda que não fosse novidade, já que, antes, ele foi um dos criadores de um site de venda de veículos aqui em Uberlândia. 


Rodrigo Borges, de 38 anos, é formado na UFU e trabalhou por 15
em grandes empresas em São Paulo | Foto: Divulgação

CARLOS WIZARD

A aproximação de um dos principais empresários brasileiros, o bilionário Carlos Wizard, iria sedimentar de vez os caminhos de Rodrigo Borges. “Demorei dois anos, apresentando projetos para o Carlos, até que ele resolvesse investir em alguns”, contou. Eles se tornaram sócios e Wizard investiu cerca de R$ 150 milhões em projetos como a Hub Fintech, empresa provedora de soluções e tecnologias para meios de pagamento. Hoje entre, os clientes, estão o BNDES, a 99taxi, o Itaú, a Caixa, o Walmart e o Mercado Livre. “São 5 milhões de cartões ativos e processamos bilhões de reais em transações”, afirmou Borges.

RESSIGNIFICAÇÃO

O empresário contou que desde muito cedo quis ser dono de um banco, mas que precisava se armar para isso. A primeira coisa foi a formação em Administração pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Hoje, com negócios sólidos, a pretensão é mudar a forma como os bancos se relacionam com os clientes. A ideia é diminuir as barreiras que as instituições criam e faturam com isso.

“Queremos pegar o modelo do escambo, criado lá atrás. A gente definia o valor da troca. Veio o ouro e depois e moeda para moderar. O banco veio depois. Nós eliminamos a intermediação, você define os termos dos negócios”, disse.

O Social Bank possibilita, como Borges explicou, a criação de grupos e empréstimos entre as pessoas, além de oferecer serviços comuns de bancos. O que vem pela frente, segundo ele, é a possibilidade de trocar serviços por dinheiro, quando a confiança é medida pelo perfil de cada um. “Aposto que o Social Pay é um negócio que vai estourar. Você paga luz, telefone, água por serem serviço básicos e o que percebi é que existe baixa inadimplência aí. Assim, você empresta dinheiro para quem precisa pagar esse tipo de conta, a juros baixos, mas maiores que a poupança. Eu ajudo quem precisa, movimento dinheiro e ajudo a sociedade. É ressignificação”, explicou.

O Social Bank é a primeira empresa no mundo com o portfolio baseado no sistema P2P, que prevê a descentralização das funções convencionais de rede e faz com que o usuário conectado compartilhe dados e execute serviços de qualquer lugar. Trata-se de uma plataforma financeira 100% digital em que o cliente pode efetuar suas transações através de um smartphone, a começar pela abertura da conta. O número da conta é o próprio número do celular da pessoa, o que facilita as transações entre clientes. Uma das inovações do Social Bank é a desintermediação financeira. Por meio do aplicativo, um cliente pode pedir dinheiro emprestado a outro cliente sem a interferência do banco.

APOSTA

Na nova sede do Social Bank, no bairro Lídice, foi mantido o café que existia no prédio comercial anteriormente. Graças a uma parceria com antigos proprietários, o café vai se transformar em um laboratório para teste de novas formas de tecnologia de atendimento. O objetivo da empresa, que hoje já mobiliza todos os serviços, do pedido ao pagamento, por meio de aplicativos, é justamente agilizar os processos e, posteriormente, levar isso ao mercado. O motivo de ser um café é justamente o tipo de desafio no atendimento no ramo, que demanda agilidade.

UBERLÂNDIA

Voltado para o público jovem, mas que procura quebrar barreiras como o conservadorismo, o Social Bank depende muito da aproximação das pessoas com tecnologias que, muitas vezes, não estão ao lado de um público com mais de 50 anos, por exemplo. O que é rebatido por Borges, que diz ter também papel de inserção e pretende quebrar barreiras.

Voltar para Uberlândia é significante quando ele diz que a cidade é bairrista, mas berço de grandes empreendedores, que levam a tecnologia para fora. O objetivo dele é ter pelo 100 mil pessoas nos próximos anos, envolvidas de alguma forma com o Social Bank. 

“A cidade tem essa necessidade de fazer algo diferente, mesmo que sua característica de ser mais calma e sofrer menos do que outros centros urbanos. Poderia ficar todo mundo pacato, mas é pujante e tira jovens e empreendedores da acomodação.”
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