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18/09/2018 às 15h53min - Atualizada em 18/09/2018 às 15h53min

Setor de cachaça cresceu 13,43% no último ano

MARIELY DALMÔNICA | AGÊNCIA BRASIL
Foto: Divulgação
No ano passado, o setor de cachaça faturou mais de R$ 10 bilhões no Brasil em 2017. Bebida foi exportada para mais de 60 países e teve um crescimento de 13,43% em termos de valor e 4,32% em volume em comparação a 2016.

De acordo com o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge) do ano passado, existem 11.023 produtores de cachaça no País, mas a maioria está na informalidade, pois apenas 1,5 mil têm registro no Ministério da Agricultura.

Valter Vieira é administrador da cachaçaria Néctar do Cerrado, que está desde 2003 no mercado. A fabricação da cachaça acontece em Monte Alegre, e a venda em todo País. “Nós temos uma loja que vende só bebidas, cachaças artesanais, cervejas e geleias, ou seja, produtos relacionados com a produção de cachaça em Uberlândia. Mesmo que a venda de cachaça seja algo regional, estamos difundidos no Brasil todo, temos clientes desde o norte até a região sul”, disse.

Em 2017, a adesão ao regime tributário simplificado (Simples Nacional) por mais de 500 empresas que faturam até R$ 4,8 milhões/ano representou um alívio nas contas porque, para esses produtores, a carga tributária incidente sobre a cachaça representava 81,87% do preço de venda, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (Ibpt).

“Nós tivemos um bom crescimento neste ano, apesar de toda essa crise, porque o governo autorizou os produtores de cachaça a mudarem o sistema fiscal. Antes, a cachaça era o produto mais caro em termos de tributação. Podemos falar que essa mudança possibilitou uma melhoria no mercado, reformulamos a tabela de preços para clientes, e isso nos deu um ganho em torno de 25% na nossa empresa”, afirmou Valter.

Como a produção de cachaça não é contínua, a empresa administrada por Valter já finalizou a produção de 2018. “Temos uma quantidade maior de funcionários em tempos de safra e não temos produção na época de chuva. No engenho, temos um armazenamento de 220 mil litros. Nosso produto só é comercializado depois de uns dois anos e nós trabalhamos com quatro madeiras diferentes, temos um diferencial”, disse.  
 
EXPORTAÇÃO
 
A cachaça, segundo o Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), é um dos quatro destilados mais consumidos mundialmente. No Brasil, a bebida é a segunda mais consumida e representa 72% do mercado de destilados, com mais de 4.000 marcas e cerca de 1.500 produtores registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Dos mais 60 países importadores da cachaça brasileira, o principal deles são os Estados Unidos, que detêm 17,69% do total exportado, seguidos da Alemanha, com 17,44%.

Os principais estados produtores no Brasil são São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba. Entre os principais estados consumidores destacam-se São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Minas Gerais.

Em 2017, o Brasil produziu cerca de 8,75 milhões de litros de cachaça, que foi exportada para mais de 60 países, gerando receita de US$ 15,8 milhões (R$ 65 milhões).
 
Bebida típica brasileira era conhecida como 'cagaça' e tem mais de 500 anos
 
Paixão nacional para muitos brasileiros, a cachaça é o ingrediente principal da famosa caipirinha e de outros drinques consumidos em todo o país. O Ibrac afirma que a cachaça é símbolo do Brasil porque somente o país tem uma grande diversidade de madeiras para envelhecer a cachaça. "Uma aguardente do Paraguai é totalmente diferente da brasileira, o bioma do Brasil nos faz ter sabores e aromas únicos para a cachaça brasileira", conta Leandro Dias, diretor da Escola da Cachaça.

De origem incerta, já que há ao menos três versões segundo especialistas, a bebida é associada a um engenho de açúcar do extenso litoral brasileiro. Há registros históricos de que a feitoria de Itamaracá, em Pernambuco, já produzia cachaça, em 1516. Também existem suspeitas de que a cachaça teria surgido em Porto Seguro, na costa do descobrimento do Brasil, em 1520.

A versão mais aceita por historiadores, porém, data a cachaça de 1532, ano em que o nobre português Martim Afonso de Souza trouxe para São Vicente as primeiras mudas de cana-de-açúcar plantadas no estado de São Paulo.

Se a origem gera dúvida, o processo de produção da bebida também tem mais de uma versão. Uma delas é baseada no hábito de os portugueses de tomarem a bagaceira, espécie de destilado produzido a partir da casca de uva. No processo, os lusitanos improvisavam uma bebida a partir da fermentação e destilação de derivados do caldo da cana, que produzia o mesmo efeito prazeroso do destilado da casca.

Existe ainda a versão de que, durante a fervura da garapa para fazer o açúcar, surgia uma espuma que era retirada dos tachos e jogada nos cochos dos animais. Com o tempo, o líquido fermentava e transformava-se num caldo, a que se dava o nome de 'cagaça', que parecia revigorar o gado que o consumia.

Inspirados, os escravos começaram a imitar o processo para consumo próprio, que logo foi seguido pelos portugueses e se espalhou por todo o território nacional com o nome de cachaça. Porém, a bebida tem mais de 600 apelidos, como 'água que passarinho não bebe', 'pinga', 'branquinha'. No interior do Nordeste, por exemplo, há quem a chame de 'homeopatia'.

Além da tradicional, o Brasil ainda possui três outros tipos de cachaça. A adoçada, com adição de açúcar; a armazenada que mantém a bebida em tonéis de madeira; e a envelhecida com, no mínimo, 50% dela estocada por um período superior a um ano.
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