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05/09/2018 às 16h40min - Atualizada em 05/09/2018 às 16h40min

Cai interesse de jovens na obtenção de CNH

Redução chega a 26,5% em Uberlândia entre pessoas de 18 a 31 anos

MARIELY DALMÔNICA
Busca por outras formas de transporte é um dos motivos para essa redução
Há algum tempo, o desejo de completar 18 anos e tirar a carteira de motorista era quase unanimidade entre os jovens, mas, atualmente, o cenário está um pouco diferente. Em Uberlândia, por exemplo, o número de interessados em obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) caiu 26,5% entre 2014 e 2017, quadro semelhante ao registrado em todo o Estado. O aumento do trânsito, o surgimento de aplicativos de transporte e o valor gasto no processo, que podem atingir os R$ 2 mil, são alguns fatores que explicam a queda. 

De acordo com dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran), em 2014, 23.904 pessoas entre 18 e 31 anos tentaram tirar a primeira habilitação em Uberlândia, 6,3 mil candidatos a mais do que no ano passado, quando 17.555 aspirantes a motoristas fizeram o processo. No Estado, durante o mesmo período, o número caiu 28,8%, de 652.559 para 464.435. 

Segundo Denise Labrea, doutora em planejamento de transporte, existem várias questões que têm levado os jovens a perder o interesse na CNH ou a adiar sua retirada. “Hoje temos aplicativos como o Uber, que é mais interessante, porque a maioria não pode sustentar um carro, que não precisa só de combustível, mas também de seguro e IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores], por exemplo. O Uber assumiu o espaço do mototáxi, que era muito utilizado por homens e pouco usado por mulheres”, disse. Segundo ela, o alto valor para ser aprovado no processo também pode ser um motivo, já que é necessário desembolsar, em média, R$ 2 mil. 

A analista de marketing Érika Abreu tem 24 anos e ainda não começou o processo para conseguir a CNH por diferentes motivos, principalmente pelas questões financeira e de falta de tempo. “Pretendo tirar. O ideal seria o mais rápido possível, mas como tenho mais opções de transporte, como o Uber, que facilitam a locomoção, acabo postergando mais a carteira”, disse Érika, que utiliza o transporte público para trabalhar durante a semana. 

BICICLETA

De acordo com Denise, os jovens também estão buscando alternativas possíveis para reduzir o volume de veículos na rua. “Eles estão mais conscientes e procuram uma mobilidade mais sustentável. Já estamos enfrentando vários congestionamentos em Uberlândia e há uma perda de tempo em atividades prazerosas. Mas também temos que ter boas calçadas e ciclovias. É preciso ter segurança ao andar a pé ou de bicicleta para que os jovens continuem sendo estimulados”, disse.  

Mesmo com a habilitação no bolso, o publicitário Marcelo França criou o hábito de andar de bicicleta há cerca de três meses. “Ainda ando de carro, na maioria das vezes de carona. Acho mais viável usar bicicleta do que depender do transporte público. Além disso, o custo de manutenção da bicicleta é muito menor do que de um carro ou do que o valor mensal das passagens de ônibus. Tem vezes que consigo chegar ao meu destino mais rápido do que chegaria com o transporte coletivo, e ‘de quebra’ faço um exercício físico”, disse Marcelo, que pedala por 4 km para visitar a namorada.

INTERESSADOS NA CNH

UBERLÂNDIA


2014: 23.904
2017: 17.555
Redução de 26,5%

MINAS GERAIS

2014: 652.559 
2017: 464.435
Redução de 28,8%
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