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23/08/2018 às 08h13min - Atualizada em 23/08/2018 às 08h13min

Gaeco local é um dos mais atuantes do País

Afirmação é do Procurador Geral de Justiça, que apresentou balanço das ações

VINICIUS LEMOS | REPÓRTER
Antônio Tonet (ao centro) com os promotores Adriano Bozola e Daniel Marotta, que atuam em Uberlândia | Foto: Vinícius Lemos
Durante a apresentação de um balanço dos trabalhos dos últimos dois anos, os promotores que estão à frente do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Uberlândia disseram estar tranquilos quanto às críticas ao trabalho neste mesmo período. Entre os quais estão ataques políticos e jurídicos ligados a erros em operações como a Fênix, deflagrada no final de 2017. O relatório foi apresentado durante a visita do procurador geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, ao Ministério Público Estadual (MPE) no município.

Tonet considerou o balanço positivo e ressaltou ser um dos mais produtivos entre os Gaecos do País. “Foi uma reunião de trabalho na qual apresentaram relatório de dois anos de trabalho. O Gaeco realizou 21 operações, o que, com demais fases, chegam a 50 ações. Talvez seja um dos Gaecos que mais têm produzido no Brasil. São cerca de 500 presos, com crimes que envolvem corrupção ou tráfico. Houve a apreensão de duas toneladas (de drogas) e tudo com a parceria da Polícia Militar, Polícia Civil, além da Justiça”, afirmou.

O procurador, que é quem pode nomear ou trocar os promotores à frente do Gaeco, disse ainda que no momento não há qualquer possibilidade de mudança no grupo em Uberlândia. Reconheceu que há pressão política para tal procedimento e que aguarda com tranquilidade relatório de apurações feitas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Uberlândia sobre possíveis excessos cometidos contra associados da instituição em operações do MPE, via Gaeco.
 
CRÍTICAS E ERROS
 
Desde 2016, quando foi deflagrada a operação Serendipe, em que policiais civis foram investigados e presos por corrupção, o Gaeco sofre uma série de críticas sobre o tipo de atuação. O que foi acirrado no ano seguinte, quando a operação Isonomia prendeu agentes políticos e juristas ligados a dois escritórios de advocacia em Uberlândia que trabalhavam, segundo o Gaeco, com a corrupção de prefeituras da região no intuito de fraudar contratos para prestação de serviços.
O deputado estadual Arnaldo Silva (DEM) chegou a pedir uma audiência pública na Assembleia Legislativa em maio deste ano para expor problemas encontrados nos procedimentos das operações Fênix, contra corrupção de policiais e advogados, e Isonomia, na qual um dos escritórios investigados ele fundou e se desligou para seguir carreira política.

Recentemente, um advogado preso na Fênix teve sua ação trancada pelo Tribunal de Justiça por ter sido preso por engano. A prisão dele estava ligada a uma delação premiada feita por um investigador da Polícia Civil. A atuação neste caso também foi criticada por desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. “Estamos muito tranquilos com o procedimento do Gaeco em Uberlândia”, afirmou Tonet.
 
ACUSAÇÕES
Nenhum questionamento contra promotores prosperou
 
Ambos os promotores ligados ao Gaeco local, Adriano Bozola e Daniel Marotta, também se disseram tranquilos com relação aos trabalhos, mesmo com apontamentos externos. Ao todo, nove questionamentos formais foram protocolados contra os promotores, sendo que nenhum deles seguiu adiante.

 “A vinda do procurador geral de Justiça para ter conhecimento do trabalho feito nos deixa muito tranquilos. As acusações de desvio de conduta dos promotores são levadas aos órgãos próprios em Belo Horizonte e ao Conselho Nacional do Ministério Público e todas as representações foram arquivadas”, disse Bozola. Ele salientou que em um processo pode haver falhas, mas que se as provas não são corroboradas durante o processo, são pedidas absolvições. Segundo ele, na operação Fênix, mais de 60% das pessoas continuam presas.

Marotta disse que as críticas buscam paralisar os trabalhos do Gaeco, que foram definidos por ele como combativos. Sobre o caso do advogado preso por engano, fotografias do jurista que efetivamente cometeu o crime e o que foi preso mostram “plausibilidade de engano”, porque seriam pessoas parecidas. “Com 3 ou 4 dias de prisão, após ter detectado o equívoco, o MP requereu a revogação da prisão e a absolvição do indivíduo. Ele foi solto”, disse.
Ele afirmou que as prisões nas últimas operações, ainda que tivessem forte colaboração vinda de delações premiadas, há outras provas para todas elas. “O policial narrou 40 eventos criminosos (ligados à operação Fênix), 16 ou 17 já viraram processos judiciais, que são aqueles em que há a corroboração da palavra. Não processamos ninguém com base unicamente na palavra do delator”.
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