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18/08/2018 às 08h39min - Atualizada em 18/08/2018 às 08h39min

O Mercado e as cervejas artesanais

Pub promove palestras semanais sobre estilos da bebida; Uberbrau está há 10 anos no local

MARIELY DALMÔNICA
A produção e a venda de cervejas artesanais vêm crescendo em Uberlândia, bem como o interesse pela bebida. Pensando no bom momento do setor, Luciana Gama, dona do The Temple Gastropub, que fica no Mercado Municipal – mesmo local onde funciona, há 10 anos, o bar da cervejaria Uberbrau – está promovendo palestras semanais para quem deseja conhecer mais sobre a fabricação e o sabor da bebida.

Luciana é proprietária do Point do Mercado há sete anos e, em janeiro deste ano, decidiu abrir um novo negócio, destinado apenas a cervejas artesanais. Segundo a empresária, todas as cervejas do estabelecimento foram escolhidas a dedo. “Hoje temos mais de 100 rótulos de cervejas artesanais, nacionais e importadas, e daqui temos todos os que são de produtores legalizados, cerca de 15 rótulos de Uberlândia”, contou.

Segundo a filha e sócia de Luciana, Ana Carolina Gama, o interesse pela cultura cervejeira incentivou as duas a compartilharem o conhecimento com os apreciadores de cervejas artesanais. “Pelo Mercado Municipal ser um ponto turístico, muita gente de fora vem procurar por alguma cerveja feita em Uberlândia. A demanda foi crescendo muito, por isso abrimos o The Temple, que é especialista em cervejas artesanais. E há três meses nasceu a ‘Temporada da Cerveja’. Toda semana convidamos sommeliers [profissional responsável por cuidar da carta de bebidas de algum estabelecimento] e mestres cervejeiros para dividirem seus conhecimentos”, disse Ana Carolina.

As palestras são gratuitas e acontecem toda terça-feira às 19h no The Temple Gastropub. Segundo Ana Carolina, os palestrantes oferecem uma degustação guiada de cervejas do tema da semana. No próximo dia 21 será realizado o 12º encontro e o tema será “Stouts”, um tipo de cerveja escura de alta fermentação.
 
UBERBRAU
 
Para Roberto Michelin, proprietário da cervejaria Uberbrau, cujo bar também funciona no Mercado Municipal, o crescimento do mercado cervejeiro de Uberlândia acompanhou o restante do País. “O Brasil está passando por uma revolução, não é uma moda, este interesse por cervejas artesanais é algo que veio para ficar. No início, a gente era muito limitado, só tinha um estilo de cerveja e poucas variações, mas o consumidor quer mais opções e quer ter estilos diferentes para experimentar”, disse o empresário.
O bar da Uberbrau está no mercado há dez anos. Já a microcervejaria funciona no bairro Tibery. “Temos sete tipos diferentes de cerveja e só vendemos na região. No geral, a indústria de cervejas artesanais cresceu muito rápido de uns três anos para cá”, disse. Ainda segundo o proprietário, o crescimento da Uberbrau é de cerca de 20% ao ano.

Em outubro do ano passado, o município lançou o Programa Municipal de Fomento ao Setor Cervejeiro com o objetivo de dar incentivo e ampliar o número de microcervejarias em Uberlândia. O projeto é derivado da lei que cria uma série de regras para facilitar a produção da bebida entre cervejeiros que colocam no mercado até 30 mil litros por mês e até 360 mil litros por ano.
 
CATHARINA SOUR
 
Estilo brasileiro obtêm reconhecimento internacional


Agência Brasil

O sucesso internacional de um estilo de cerveja cuja fórmula foi desenvolvida no Brasil é responsável pelo bom momento vivido pelas cervejarias artesanais no país. Desenvolvida por produtores de Santa Catarina a partir de um dos mais tradicionais estilos da Alemanha, a Berliner Weisse, a chamada Catharina Sour é a primeira receita tipicamente brasileira incluída no catálogo da Beer Judge Certification Program (BJPC).
 
Considerada uma das principais organizações mundiais de certificação de juízes cervejeiros, a BJPC publica um guia de estilos da bebida que serve de parâmetro para os produtores caseiros, artesanais e industriais. Com o reconhecimento da Catharina Sour, fabricantes de todo o mundo poderão inscrever seus produtos em concursos que julgam a qualidade da bebida. Em 2016, uma das primeiras cervejarias brasileiras a apostar na fórmula, a Blumenau, faturou uma medalha de prata no Prêmio Internacional de Cerveja da Austrália, uma das mais importantes competições da atualidade.
“Temos registro de mais de 50 rótulos batizados com esse estilo. Já há produtores de Catharina Sour no Canadá, nos Estados Unidos, na Argentina”, disse o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, explicando que, preservadas as principais características físico-químicas e sensoriais da fórmula original, cada produtor tem liberdade para “brincar e experimentar” novas misturas, o que favorece a diversidade de sabores. Tanto que já há Catharina Sour com adição de maçã, jabuticaba, pêssego, manga, entre outras frutas.
 
Levemente ácida e com acentuado sabor de frutas que pode lembrar um espumante, a Catharina Sour começou a ser testada comercialmente entre os anos de 2014 e 2016, quando as microcervejarias e importadoras já se destacavam por conquistar crescente espaço no mercado cervejeiro nacional. Esse mercado, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), só fica atrás da China e dos Estados Unidos quando considerada a produção das grandes fabricantes brasileiras. De acordo com a entidade, a produção nacional total já ultrapassa os 14,1 bilhões de litros anuais.

O segmento das chamadas cervejas especiais (artesanais, importadas e premium) cresceu em consequência dos bons resultados da economia brasileira em anos recentes, principalmente entre consumidores das classes A e B, que, conforme lembra Lapolli, experimentaram uma mudança no padrão de consumo que favoreceu diversos segmentos. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) estima que, entre 2012 e 2014, as cervejas especiais ampliaram sua fatia de mercado de 8% para 11%.

CERVEJARIAS

O número de cervejarias artesanais em atividade é incerto. Responsável por autorizar o funcionamento desses empreendimentos, o Ministério da Agricultura não faz distinção entre o porte das empresas. No fim de 2017, havia 679 cervejarias registradas no ministério – número 37,7% superior aos 493 registros de 2016.

“No Brasil, o número de cervejarias cresceu bastante e continua crescendo, apesar da crise. Claro que, em um cenário mais favorável, poderíamos ter alcançado resultados ainda melhores”, comentou Lapolli, acrescentando que o desafio do segmento é tentar “democratizar” o consumo do produto artesanal. O que, segundo ele, demanda mais investimentos e um olhar diferenciado por parte do Poder Público.
 
“Infelizmente, nossos preços ainda não são acessíveis a todos os consumidores. Principalmente devido à falta de escala da produção artesanal e ao desconhecimento por parte de nosso público potencial. Mas, principalmente, devido às regras tributárias que não diferenciam um grande fabricante e um produtor artesanal industrial, cobrando de ambos os mesmos cerca de 50% em tributos”, disse o presidente da Abracerva. A entidade tem atuado junto aos poderes Executivo e Legislativo, tentando obter uma atenção especial do Poder Público.
“Temos alguns projetos tramitando no Congresso Nacional que visam à redução da carga tributária. E até hoje não há uma regulamentação, um conceito legal sobre o que seja a produção artesanal. Uma cervejaria pequena, que produza 3 mil litros mensais, tem que estar inscrita no Ministério da Agricultura e cumpre as mesmas exigências de uma fábrica que produza 30 milhões de litros mensais”, acrescentou o presidente da Abracerva.

De acordo com Lapolli, embora só detenha 1% do mercado consumidor, as cervejarias artesanais empregam cerca de 10% da mão de obra do setor. Já a CervBrasil contabiliza que, incluídas as grandes fabricantes da bebida, o setor cervejeiro gera R$ 21 bilhões de impostos anuais, respondendo por 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e por cerca de 100 mil empregos diretos.
 
Curiosidades sobre cerveja

FOLHAPRESS

O nome "cerveja" vem da deusa grega Ceres, conhecida como a deusa da fertilidade e da agricultura, explica Leon Maas, mestre-cervejeiro da Cervejaria Ambev. "Ela é a bebida mais variada que existe quando o assunto é sabor. O amargor, que geralmente vem do lúpulo, é imperceptível em alguns estilos. Tem as doces, ácidas e até ligeiramente salgadas."
Existem, basicamente, quatro escolas de cerveja: a alemã, a belga, a britânica e a americana. A American Lager, mais leve, é a mais consumida no mundo. No Brasil, o estilo é chamado de Pilsen.
No Egito Antigo, os trabalhadores que ergueram as grandes pirâmides eram pagos com cerveja. Sua ração diária era de cinco litros, entretanto, era muito menos alcoólica do que a moderna.
Na Idade Média, ela manteve o status de alimento. Um dos poucos alimentos seguros naquela época, pois era fabricada com higiene pelos monges católicos. Na liturgia da Igreja, aliás, a bebida foi incorporada como substituta das comidas sólidas nos períodos de jejum dos clérigos.

- A melhor cerveja é sempre aquela mais fresca

- A cerveja de garrafa tem a rotatividade maior do que a de latinha.

- A diferença entre cerveja e chope nada tem a ver com a garrafa e o barril. A cerveja é pasteurizada para resistir vários meses, enquanto o chope não passa por esse processo, que causa pequenas alterações no sabor 

MITOS E VERDADES

- O sol estraga a cerveja
Verdade. A exposição à luz prejudica a qualidade da bebida. O vidro marrom oferece alguma proteção contra os raios, mas não funciona 100%. De qualquer maneira, guarde a cerveja em lugar escuro e fresco.

- Gelar muito a cerveja destrói o sabor
Mito. Quanto mais forte e encorpada a cerveja, menos fria ela deve estar. Por ser leve e delicada, a pilsen merece ser servida gelada. O brasileiro costuma beber cerveja no limite do congelamento, e não há nada errado nisso. Mas congelar nunca!

- Cerveja puro malte é melhor
Mito. A lista de ingredientes da cerveja depende do estilo e do perfil sensorial que o mestre-cervejeiro quer obter.

- Quanto mais escura, mais forte é a cerveja
Mito. A cor marrom ou preta realmente causa a expectativa de uma bebida mais forte ou densa, mas isso não acontece. A tonalidade da cerveja depende da matéria-prima. Maltes de trigo são quase brancos, malte de cevada tipo pilsen dá um tom amarelo, e as variedades tostadas e carameladas completam a paleta com líquidos que vão do avermelhado ao negro intenso.

- O colarinho protege a bebida
Verdade. A camada de espuma não deixa que a cerveja tenha contato direto com o ar, isso reduz a oxidação e a perda de gás.
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