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18/07/2018 às 08h18min - Atualizada em 18/07/2018 às 08h18min

Cresce número de cirurgias bariátricas

De 2016 para 2017 a quantidade de procedimentos realizados em Uberlândia foi acima de 170%

CAROLINA PORTILHO | REPÓRTER
Cirurgião bariátrico e endoscopista, José Américo Gomides de Sousa (Divulgação)
O número de cirurgias bariátricas aumentou de um ano para o outro em Uberlândia. Um levantamento do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) aponta que em 2016 foram 24 procedimentos contra 65 em 2017, um crescimento de 170,83%.

Considerando os últimos cinco anos, houve uma oscilação no período com queda desde 2013 e o crescimento gradativo a partir de 2016 (veja quadro). No primeiro semestre desse ano, o HC-UFU já realizou 27 cirurgias da mesma natureza.

Na rede privada também houve aumento no número de cirurgias no período. O cirurgião bariátrico e endoscopista José Américo Gomides de Sousa registrou um aumento das cirurgias bariátricas na Clínica LEV nos últimos cinco anos. Foram 2.180 procedimentos, um crescimento de 31% que, segundo ele, está relacionado ao número de obesos no Brasil e também da conscientização das pessoas em relação à doença.

“Mais da metade da população do país está acima do peso considerado ideal. Apesar de ser alarmante, temos percebido que as pessoas estão entendendo que a obesidade é um problema de saúde e com isso procuram com mais frequência o tratamento cirúrgico. É importante entender que a obesidade não tem cura, ela tem controle”, disse José Américo.

As mulheres continuam sendo as pacientes que mais procuram pelo tratamento cirúrgico. A manicure Aline Santos Oliveira, 29 anos, está dentro dessa estatística. Há dez meses ela fez a cirurgia bariátrica, tipo Sleeve, em que aproximadamente 80% do estômago é removido. Desde então, foram 40 quilos eliminados.

“No dia que entrei na sala de cirurgia estava com 100 quilos. Hoje são 60 quilos e outra disposição, outra vida. Decidi passar pelo procedimento para ter uma qualidade de vida melhor. Meu filho Miguel, hoje com dois anos, também foi fator decisivo, pois hoje sou muito mais ativa com ele, com tudo. Saí do manequim 58 para o 38. Estou muito feliz e sei que minha disciplina conta muito, além do psicológico. Pesquisei muito sobre a cirurgia, sobre o pós, e sei que escolhi o melhor”.
 

Aline perder 40 quilos em dez meses (Arquivo pessoal)
 
José Américo destacou que há algumas modalidades de cirurgias bariátricas, sendo as mais usadas a Bypass gástrico, com derivação intestinal em Y de Roux, e Gastrectomia vertical, também conhecida com Sleeve, ambas indicadas para casos graves da obesidade.

“A cirurgia é um passo inicial do tratamento, que depois envolve reeducação alimentar, atividade física e acompanhamento psicológico, por exemplo. Operar não significa ter liberdade para comer. Ajuda a emagrecer e a reaprender a viver. É um trabalho diário para a vida toda. Por isso, o paciente precisa ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar”.

O médico também destacou que há um ano tem realizado uma nova técnica, por endoscópica, conhecida pela sigla ESG ou Endossutura Gástrica, recomendada para a obesidade mais leve. “Sem cortes, de forma menos invasiva, que reduz o tamanho do estômago para cerca de 60%, promovendo a saciedade, também indicada para quem tem receio de cirurgias”.
 
“Outra pessoa”
 
Após a esposa passar pela bariátrica, o vigilante Marcelo Antônio da Silva, 41 anos, também decidiu mudar de vida e fazer o procedimento. Há três anos, quando pesava 140 quilos, ele disse que se sentia deprimido e que o peso era uma barreira na hora de procurar emprego e até mesmo no convívio na sociedade.

Ele perdeu mais de 60 quilos e disse que após a decisão de fazer a bariátrica sua vida passou a ter sentido. “É um processo difícil, mas vale cada etapa. Antes eu não andava 20 quilômetros de bicicleta e agora chego a 150km, e ainda participo de provas. Eu não tinha uniforme do trabalho que me servisse e percebia no olhar das pessoas um certo preconceito. Obesidade é doença que precisa ser vista com atenção. Sou outra pessoa hoje”.

 
Marcelo perdeu mais de 60 quilos (Arquivo pessoal)

Cirurgias Bariátricas realizadas no HC-UFU
 
Descrição Procedimento 2013 2014 2015 2016 2017 2018* Total
Esofagoplastia/Gastroplastia 1 1 0 0 0 0 2
Gastroplastia C/ Derivação Intestinal 47 34 27 24 65 27 224
Gastroplastia Vertical Com Banda 3 5 0 0 0 0 8
Total 51 40 27 24 65 27 234
                                                                                                                                               *Até 09/07/2018

IMC
A obesidade e o excesso de peso são calculados a partir do Índice de Massa Corporal (IMC), que divide o peso pela altura ao quadrado da pessoa. Índices iguais ou maiores que 25 são considerados como excesso de peso e maiores de 30 kg/m2, obesidade.

IMC = Peso(Kg) / Altura(m)2

Obesidade no Brasil
Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, o número de pessoas com índice de massa corporal (IMC) a partir de 30 aumentou nos últimos 10 anos. Os brasileiros em situação de obesidade saltaram de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, um aumento de 60%. Nesse mesmo período, cresceu também a quantidade de hipertensos e diabéticos.
 

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